Artigo

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“Busco um homem honesto”

Digo sempre aos meus, que todos os dias levanto com o propósito de conseguir o que há de bom para poder tentar me tornar um ser humano melhor, não como modismo e a vulgaridade que a frase impõe, mas, como um modo de proteção mental neste tempo fluído e líquido, e quando percebo que não correspondi a expectativa ao longo das 24h, fiz algo que não deveria ter feito, busco amparo na frase do grande estadista e humanista Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul, que um dia cunhou “na vida nunca perco, ou eu ganho ou eu aprendo”.

    Pois, muito bem. Gosto muito da companhia dos meus filhos, são eles sossegarem a minha alma e o coração, quando estamos juntos sempre temos boas e compensadoras conversas.

    Outro dia, depois algumas fatias de pizza e goles de coca-cola, passamos às atualizações familiares, mas logo mudamos o foco para assuntos mais globais ásperos e caros à humanidade, entretanto, como não poderia deixar de ser, enveredamos pelo mundo da política e claro, corrupção foi o mote, tema este que permeia a cabeça de todo brasileiro com as mais diversas percepções. À mesa eu, Jade, Maria e Pollyanne – Felipe e Roberto, meus genros, calados no sofá com seus celulares pareciam observadores da ONU – já de posse de um cafezinho, o assunto foi se avolumando e, como toda erosão de caráter tende a ser do outro e nunca sua e, certamente, por pura ignorância no alto dos meus 64 anos, refutei a tese de Pollyanne, não por ela está errada, porém, por ter sido ela a dizer, já que todos a têm como a mais equilibrada, a mais ponderada: “Ora papai todo político é corrupto”.

Retruquei novamente, argumentando superficialmente “que não é bem assim”, mas logo fui nocauteado por outro golpe de esquerda “se o senhor estivesse no poder eu confiaria, mas em nenhum outro”, me senti tal qual Maguila estirado se debatendo no ringue depois de sofre um cruzado no queijo “disparado” por Holyfield, procurando saber em que planeta estava. Ora, ora, como foi generosa, mesma certa, me fez um carinho e mostrou que sua visão de mundo estava muito além da nossa pequena conversa. O que me levou a Diógenes de Sinope, o filósofo grego, aquele mesmo, o qual a história prega ter sido inquilino de um barril e durante o dia caminhava pelas ruas de Atenas, em plena luz do dia com uma lamparina alegando estar procurando um homem honesto.

Agora, me sinto como outro grego, não o filósofo, todavia, o mais astuto dos mortais, o filho do rei Éolo: Sísifo, não por sua inteligência e sim, por seu pesado castigo. Eu que já me impunha uma autorregulação, todas às noites me ponho à penitência pelos erros cometidos durante a luz do astro-rei. Entretanto, não sei se acordo mais “limpo”, porém, certamente, muito mais disposto a ser menos corrupto, invejoso, guloso, luxurioso, arrogante, pretensioso, intolerante…

Filha minha, você tem razão: todos os políticos são corruptos, até porque são da mesma espécie que nós: humana.

“Que atire a primeira pedra aquele que nunca pecou” disse outro grande homem: Jesus Cristo, líder daqueles que têm a pretensão ao Paraíso.

Brito e Silva – Cartunista

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Harmonização facial

Que me perdoem os entendidos do “babado”, sou completamente ignorante do borogodó e, portanto, posso cometer algumas heresias por permanecer apenas na superfície, pode ser que diga bobagens, o que não seria alguma novidade.  Percebo que o preenchimento facial fazia e, talvez ainda faça, a festa nas bocas e orifícios das celebridades midiáticas – profanadoras dos belos beiços de Angelina Jolie – entretanto, não sei se por erros de aplicação ou mesmo se o “aplicante” fez esforço desumano e no final o resultado não mostrou frustrante, pois sabia ser impossível obter outro que não fosse o desimbeiçamento, algo como receber uma esquerda do Mike Tyson sem o protetor da cavidade oral, ainda assim a “vítima” injetada, por ter ciência ou não, da “desarmonia” com que a natureza lhe deu nascituro, corre ao espelho numa selfie exibindo o seu, agora, fresado orifício bocal avolumado assemelhando-se às nádegas vermelhas de alguns primatas da Amazônia, quando estão na maturidade prontos para acasalar,  para os seguidores das redes sociais.

Porém, a nova moda ao cenho da moçada é a tal da “harmonização facial”. Para alguns revela que não há dúvidas um upgrade, de fato, parece trazer um rejuvenescimento, meio plastificado é certo, a pessoa se mostra mais ou menos como era há alguns anos, logo, é válido. Porém, para aqueles seres com as quais a natureza não lhes foi muito benevolente o resultado não é o mesmo, quer dizer, na verdade é o mesmo, com os mesmos resultados lógicos, entretanto não contemplam o mesmo desejo: o bonito quer ficar mais bonito, em geral, acontece. O feio faz a harmonização buscando ficar bonito e, por força da natureza, acontece uma “desarmonização” conjuntural cósmica: a bonita volta ao passado parecendo mais jovem e mais bela, o feio avança ao futuro se revelando mais velho e muito mais desprovido de beleza.

O bom de se saber que é feio, é que vai viver assim para o resto de sua vida e, pode tornar o espelho apenas uma peça de consciência, esquecendo a nesta frase “espelho, espelho meu…”, pois, reconhece no espelho sua verdade. Lembro, que na adolescência quem me deu a consciência de ter sido preterido por Afrodite e que você podia fazer do limão uma limonada, foi um feio que nos anos 70, na Europa, fazia bonito no cinema e junto as mulheres, com outros astros bonitões do momento como Paul Newman, Alain Delon, porém, reza a lenda urbana nas margens do Sena quem “degustava muita gente”, quem se submetia a “ficante” das moçoilas francesas era o Jean-Paul Belmondo, titulado como “o feio mais bonito do cinema”.

Os escritores em suas escrivaninhas sob a luz difusa do abajur, quando são envoltos pela nevoa branca do luar penetrando pela fresta janela desvirgina a penumbra, criando um ambiente propício ao ócio criativo e assim se deixam levar por turbilhões de ideias inspiradas passam a escrever freneticamente suas obras primas, tomados por forças além da nossa exosfera, como a jovem escritora britânica Mary Shelley, que, certamente, numa dessas madrugadas de Londres – como imagino ter acontecido – nos brindou com o Frankenstein. Só não sei se ela podia prevê tanta imitação barata, hoje, sob as luzes de led nas salas de cirurgias, não pela pena, mas por bisturis sem fio e agulhas rombudas são produzidos alguns Frankenstein mal engendrados que passam a orbitarem, com abundância, as redes sociais perseguindo likes.

Semana passada quebrei um canino, joguei o problema odontológico para um futuro pertinho, pois muito bem. No dia seguinte, ainda, provavelmente aborrecido comigo, o lado direito do rosto amanheceu grosso, inchado, corri ao espelho, que coisa horrenda, parecia ter feito harmonização com Paulo Marchante, um amigo que esfola bode no seu terreiro, lá nos Teimosos, em Mossoró/RN. Evitando traumatizar meus netos, socorri-me de Pollyanne para me levar a uma urgência-odontológica.

Quem quiser que fique, que faça suas harmonizações. Fico com minha cara de cafuçu. Vai-te retro!!!

Brito e Silva – Cartunista

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Há 18 anos, morria em Mossoró, Dorian Jorge Freire, referência do jornalismo local

Há exatos 18 anos, falecia em Mossoró, o escritor e jornalista Dorian Jorge Freire. Nascido em Mossoró, aos 14 de outubro de 1933, filho de Jorge Freire de Andrade e da professora Maria Dolores Couto Freire de Andrade, Dorian iniciou a sua vida no jornalismo, seguindo os passos do pai e logo aos 12 anos de idade já ocupava uma coluna no jornal O Mossoroense.

Ao longo da sua vida, morou no Rio de Janeiro e São Paulo, onde se firmou como um jornalista combativo e de grande estilo. Entrevistou figuras importantes como Jânio Quadros, Aldous Huxley e Jean-Paul Sartre (Prêmio Nobel de Literatura).

Também manteve contatos com Fidel Castro, Elizabeth II, Craveiro Lopes, Raymond Cartier e Greene. Foi fundador, juntamente como Alceu de Amoroso Lima e Samuel Wainer, do jornal Brasil Urgente, um dos precursores da imprensa independente do país. No Rio Grande do Norte escreveu para os jornais Tribuna do Norte, O Mossoroense e Gazeta do Oeste. Dorian faleceu aos 71 anos de falência múltipla dos órgãos. Confira abaixo crônica de Dorian Jorge Freire em homenagem a Mossoró, gentilmente cedida pelo Blog do Carlos Santos.

SOU MAIS MOSSORÓ-RN

Por Dorian Jorge Freire

Natal, maio de 1985.

Lembrando Pedro Nava, eu sou mossoroense “de propósito”. “Só de mal”, como diria meu querido Guido Leite, assassinado impunemente.

Não poderia ter nascido em outra parte. Nem no Aracati de meu Pai, nem em São Paulo de minhas saudades mais leais.

Definitivamente, Mossoró.

Conhecendo – como Jaime Adour da Câmara – Oropa, França e Bahia, sendo tiete das velhas cidades mineiras e também de Olinda, Alcântara e São Luís, minha opção preferencial é sempre por Mossoró.

Paris, eu amo antes da primeira vista. Florença, amor à primeira vista. Ainda assim, sou mais Mossoró.

Dirão que há, em Paris, o Café Procope. Mas eu fico com o Café Tavares.

Ainda em Paris, encontramos as ruas St. Séverin e St. Jacques, roteiro de Dante. Mas eu prefiro a 30 de Setembro.

Cortot? Temos o Beco de Jeremias Cego. Chevalier de la Barre? Vicente Sabóia.

Mossoró não me deu apenas a certidão de nascimento. Deu-me, também, o seu temperamento. E, uma a uma, as suas idiossincrasias.

Sou vidrento como Mossoró é vidrenta. E não sou exceção. Qualquer mossoroense é assim.

Em São Paulo, por exemplo, o velho Estevão Cruz colecionava rótulos de Cerveja Mossoró, que lavava com as suas lágrimas. No Recife, um grupo chefiado por Mário Marques tem reuniões sucessivas em Boa Viagem para falar em Mossoró.

No Rio, no bairro de Ipanema, Raimundo Nonato não falava em outra coisa dia após dia – Mossoró, Mossoró, Mossoró. Em Brasília, 24 horas diárias, Vingt Rosado faz mossoroísmo. Wilson Lemos, exilado há mais de 30 anos, telefona dos confins de Mato Grosso para pedir notícias.

Meu Pai, cearense, vivendo seus últimos dias no país do sul, pedia que as suas cinzas e sementes fossem plantadas em Mossoró. Jaime Hipólito Dantas, em Natal desde março, trancado em seu apartamento, curte as saudades mais melancólicas.

Não é bairrismo. É mania. Mania? É vício. Os mossoroenses somos viciados em Mossoró.

Disseram – parece que foi Grimaldi Ribeiro – que Vingt Rosado era um deputado municipal. Vingt inflou de orgulho.

Duas vezes impediram Dix-huit de governar o estado. Sabem a resposta mossoroense? Duas vezes fizemos Dix-huit nosso prefeito.

Dias atrás anunciaram que o meu exílio natalense estava no fim e que eu voltaria para Mossoró. Foi um alvoroço no meu coração e lá em casa. Os netos vibraram, o pé de cajá deu uma carga temporã, os coelhos ficaram mais ativos, o canário – mesmo belga! – cantou o Hino Nacional com o charme da Nova República de Fafá de Belém. E meus 10 mil livros? Machado valsou com Colette, num assanhamento que só vendo.

Não sabem os filisteus e saduceus, os nefelibatas, que exílio de mossoroense é marcado pela transitoriedade? Mossoroense está sempre voltando à sua terra. Senão em vida, na força do homem e da mulher, no molho de ossos bem lavados. Basta encostar o ouvido no chão, que há o chamado da terra.

Estarei falando demais de Mossoró? Conversa! De Mossoró fala-se sempre de menos. Deve est ar acontecendo que o meu subconsciente não aprova a minha ausência. Não aprova que eu fique longe do 30 de Setembro, longe de Santa Luzia, longe das valsas de Zé de Ana, longe das matinês do Ipiranga, longe dos bailes da ACDP, longe do sol da seca ou da água da inundação.

Sei que não faço falta, que há 180 mil irmãos voluntários da pátria a serviço do capitão Dix-huit. Ainda assim…

Ainda assim, Mossoró. Mossoró, sempre.

E se me permitem, deixem que eu puxe a memória e lembre histórias. Não sou dos fundadores da cidade, nem vi bangolando por estas capoeiras os índios monxorós, nossos bisavós. Mas prestei, calado, muita atenção a conversas dos mais velhos. E arquivei na memória alguma história e muitos causos.

Sei que éramos simples e cordiais, hospitaleiros, que pensávamos que o visitante poderia ser Nosso Senhor e era preciso acolhê-lo carinhosamente, com renda limpa, lençol cheiroso, água fria e café quente.

Sei também que vivíamos em paz uns com os outros, embora não habitássemos o Paraíso e vez por outra caningássemos com nossos irmãos em querelas sempre terminadas ao redor de uma tapioca.

Essa situação indiscutivelmente cordial, partida só de quando em vez por encharcamento mais febril, subsistiu até os anos 40, começo da dezena seguinte. Quando éramos mais ou menos 30 mil orgulhosos mossoroenses.

Respeitávamos o prefeito, venerávamos o bispo, temíamos o delegado de polícia, confiávamos no juiz, admirávamos os intelectuais, estimávamos os tipos populares, amávamos as mulheres e não trancávamos nossas portas nem nossos corações.

Mas veio a política roxa sucedendo a queda da ditadura. PSD de um lado, do outro UDN, e o mais era enfeite. E veio a ambição do poder, a disputa acesa como brasa de acender o pito. Começou, então, a ciranda do desaforismo. Em crescendo. Cada vez mais agressivo, mais contundente. Era doutor Tarcísio contra doutor Nicodemos. Era Walter Wanderley contra Mário Negócio. Eram Mota Neto, José Luiz, Dix-sept .

Dois jornais se digladiavam. Afora eles, havia os folhetins, os alto-falantes, os comícios perigosos. Um boletim surgia contra um, dissecando um sabujo. Menos de 12 horas depois, vinha a resposta furiosa: dissecando um cadáver. Parecia até que a política municipal se fazia num Instituto Médico-Legal…

Foi a partir daí – lembro – que começou a invadir a cidadezinha, antes serena e boa, hospitaleira e cristã, um cheiro de rosas machucadas das que enfeitam a morte antes de enfeitarem a vida. Seguido do cheiro aziago de vela de velório.

Mau presságio. Todos tínhamos nossos partidos, todos estávamos partidos e repartidos pelas paixões inflamadas, mas não havia ninguém que quisesse ir ao enterro do outro. E quando a coisa descambou da política para caso de polícia, os contendores receberam convite do padre Mota, ex-prefeito de M ossoró e vigário-geral da diocese, para uma conversinha.

Todos atenderam ao chamamento. Iam chegando à casa do gordo padre, que os esperava, despreocupado, fumando seu charutão e indo lá dentro buscar a cadeira para escutar o cura d´aldeia.

E levavam um baita carão:

– Tenham modos! Vocês não são crianças! Lembrem-se que todos somos uma mesma família, sem Caim, só Abel.

Todos ficavam com os olhos no chão, feito Capitu. E um a um, cada qual foi levando sua cadeira lá para dentro e saindo com o sorriso irmão do grande padre.

Por que rememoro isso? Por nada, nadinha. Apenas para lembrar, mossoroense que sou desde o início dos tempos.

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Pai e filhos

Nestes últimos dias venho ouvindo uma frase em um comercial, evidentemente, sugere compras para o Dia dos Pais “o pai nasce com o filho”, o que é de fato, uma verdade. Não se pode ser pai sem filho, iniciam-se juntos. Pais e filhos começam, em milésimo de segundo o milagre acontece e, por isso, talvez assim, permanecerão ligados para o resto de suas vidas.

Outra frase que uma vez ou outra rabisco no quadro negro de minha já cambaleante e puída memória a figura do Imperador Marco Aurélio falando ao seu filho Cômodo “as tuas faltas como filho, são as minhas falhas como pai”, no filme o Gladiador, a qual demonstra toda decepção com o mau-caratismo, a falta de ética e o ódio contido em Cômodo. Que imaginava que todo carinho e admiração de seu pai eram dedicados ao general Máximo – O gladiador -, o que não correspondia a verdade, de fato, Marco Aurélio, apenas conhecia seu filho e, apesar, tentava protege-lo.

Mas, a cena ainda pesada e devastadora vem após o término do diálogo, Cômodo assassinando Marco Aurélio. Me restam poucas dúvidas se ali não morreram os dois. Assim como no instante em que morre um filho, se o pai também não sucumbe? Se nascem juntos, certamente, morrem juntos.

Por que hoje Dia dos Pais falo disto? Ora, porque sinto que todos nós somos um pouco ou, talvez, um completo “Marco Aurélio”: todo pai conhece seus filhos, sua prole e por ela faz tudo que é possível para protege-la, às vezes de si própria, para poder torna-la ética, moral e capaz de enfrentar as batalhas, as derrotas, os fracassos e o sucesso, esquecer a arrogância, vestisse de humildade para que a vitória seja completa. Entretanto, necessariamente o filho, não se torna um “Cômodo”, porém, inevitavelmente, também cobrirá o rosto com o elmo, vestirá armadura, com escudo e de espada em ponho será um “Marco Aurélio” até o fim. O filme o Gladiador é um bom filme para se fazer algumas reflexões filosóficas.

Não tenho seu Luiz, meu velho pai, fisicamente por perto. Não o vejo ali debaixo do pé da frondosa mangueira, que plantou, adubou, podou e a protegeu dos animais de comerem suas folhas. Arrancou ervas daninhas abrindo espaço para que pudesse seguir sua natureza. Ela, por certo, para agradecer lhe deu frutos saborosos e sob sua vasta copa ofereceu uma sombra onde ele se aconchegava em uma cadeira de balanço e por horas a fio ouvia suas músicas preferidas, e assim os dois, em uma simbiose nutriam-se mutuamente. Até que um e dia essa relação abruptamente foi rompida na raiz: seu Luiz encantou-se. Disseram-me, que sua carga – quantidade de mangas – está menor e as folhas, por um tempo, ficaram murchas, provavelmente, ela também morreu um tiquinho com ele. Não pairam dúvidas, que também feneci um pouco. Ora meu caro, não se morre de uma vez, esvai-se todo dia um naco. Porém, dizem por aí, também se renasce.

Veja você, em dia de alegria, Dia dos Pais(?) eu aqui falando de decesso, saudades, amores, sentimentos, dessas coisitas mais démodé. Então, vá às compras. Ora, pois!

Aos meus filhos e filhas, obrigado e desculpem. Às vezes fiz o que queria, outras, o que era preciso ser feito! O resto “eu sou eu e minhas circunstâncias”, como disse o filósofo espanhol, José Ortega Gasset.

Brito e Silva – Cartunista

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Está tudo mudando

No domingo, 6 de agosto, meu amigo Laércio Eugênio Cavalcante, artista plástico e cartunista com o qual dividi e desenhamos uma amizade – que já ultrapassou os 40 anos – nas pranchetas do jornal Gazeta do Oeste, me fez um carinho, enviando via WhatsApp, escaneada não, fotografada pelo celular, uma carta que lhe enderecei direto de Rio Branco/AC, lá no início dos anos 90, por ocasião de nossa estadia no Jornal e Tv Rio Branco, onde dirigíamos o departamento de arte e cenografia, nela dizia de minha tristeza frente a nova programação gráfica do jornal Gazeta do Oeste, o qual o jornalista Washington Aquino em viagem à Mossoró, me trouxera de presente.

Esse fato de como a gente se comunicava anteriormente, me levou a pensar nesse caldo tecnológico em que estamos sendo levados, nesse privilégio que é vivenciar extraordinárias evoluções e poder fazer parte disto e até certo ponto, ensinar aos filhos, netos e amigos mais jovens, oferecendo uma certa compreensão de como funcionava a comunicação, a interação entre as pessoas no século passado e como isto nos afetou.

Na adolescência ganhei uma calculadora de bolso, levei para aula de matemática da professora Tamela, que não permitiu o uso. Entretanto, não me impossibilitou do vício naquela maravilha. Quando troquei a ultrapassada maquininha, que só fazia as quatro operações, por uma calculadora científica fui ao ápice e o que me restava da tabuada na cachola desceu pelo ralo, nunca mais soube somar de cabeça 2+2, se hoje o fizer por vezes, certamente, a cada final teremos um resultado diferente.

Pois, muito bem. Quando entrei no jornal Gazeta do Oeste no ano de 1979, a impressão era híbrida, isto é, usava dois tipos de tecnologias em todo seu processo, as chamadas de “impressão a quente e a frio”. Logo passou definitivamente para impressão a frio e, mais uma inovação: o Bip, que era entregue a gente para quando o jornal quisesse falar o aparelho soava e você ligaria de um telefone fixo ou se dirigia a um orelhão.

Lembro quando chegou o celular, lá em “nóis”, em Mossoró, por volta dos anos noventa, o aparelho era quase do tamanho de um tijolo maciço ou uma rapadura cariri. Eu só falava com Nelson Rebouças e ele comigo, pois não conhecíamos mais ninguém que possuísse aquele trambolho. Depois comprei um Nókia que se aconchegava perfeitamente no bolso da camisa, a estas alturas pouco usava a prancheta, mas sim, um PC que travava o tempo todo porque o Corel Draw era muito pesado, dava tempo tomar um “burrinho com mão de vaca” lá em Luzia do Ponto Frio, enquanto ele abria um arquivo. Ah, também já havia abandonado meu fusca e me exibia em um Chevrolet Monza.

Polary, meu primogênito, deu-me um Nókia N90 (hoje, vintage), sentenciando quando a tecnologia chegasse em Natal poderíamos nos ver através daquele aparelho que cabia na palma da minha mão, fiquei um pouco ressabiado. É meu amigo Laércio o tempo passa e a evolução é inevitável. Gostaria de estar lhe escrevendo a moda antiga, com caneta Bic em uma folha de papel pautado, mas devo confessar: há muito não vejo uma caneta e também os Correios, como disse Chico Buarque, já não andam mais “arisco” e sim, de “bengalas”, atestado por um jovem amigo.

O Bob Dylan cravou “está tudo mudando…”. Hoje, meus netos pedem a bênção pelo WatsApp.

Obrigado, pela boa lembrança amigo Laércio Eugênio Cavalcante.

Brito e Silva – Cartunista

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64 anos: vale a pena estar por aqui

Coluna da Revista PAPANGU.

No último 20 de julho completei 64 anos de vida, diria que bem vividos, claro, a minha maneira de ver e projetar que perceber o mundo ao meu redor, certamente, haverá alguém a dizer que não foi bem assim, certo, acredita saber mais de mim que as próprias células que regam minhas veias, e, por isso mesmo, dirá “e os momentos que devem ser esquecidos?” Ora, sobrevivi! E hoje posso contar aos filhos e netos da aventura de cruzar o “Cabo da Boa Esperança” e, o que é carregar mais de 6 décadas nos costados e estar feliz por isso.

Certamente, nesta caminhada foi necessário aprender a viver e lidar com o universo em torno de mim, que nunca se dispôs a ajudar, me apontar caminhos menos tortuosos, sem pedras, sem medos, como também não esteve ali para me causar algum mal, por vezes fiquei certo que tramava contra mim, logo fui obrigado a entender que eu era um nada, um zero a esquerda aos “olhos” dele, que apenas se expandia (se expande) completamente indiferente a minha parca existência, segui tocando a vida sem sobressaltos de conspirações universais. Creio ter feito uma boa travessia até aqui, sem muitas culpas, não dando bolas à síndrome do Epitáfio. Sim, existiram coisas que hoje não faria, se dissesse que faria igual, evidentemente, seria cinicamente hipócrita, o que foi feito, feito foi, não há o que se fazer nada a respeito.

Todos meus erros e acertos forjaram o que sou e, cá pra nós, ando satisfeito quando me olho, não que, se os astros e o acaso, permitirem ainda terei outras conquistas: ser menos egoístas, mais transigente, não me tornar um velho mais tolo do que já sou. Minhas inspirações hoje são mais calmas, um afago de Maria, um “paim”, um sorriso de um neto, um pão doce quentinho com uma boa caneca de café com leite e música a gosto já me fazem alguns segundos de imensa felicidade, a qual imagino nem merecer tamanha desmedida, mas que vale a pena estar aqui e, por isso mesmo, tenho muito para agradecer.

Rezo todos os dias que Deus dá para não cair na esparrela de me encantar com a tal da “melhor idade”, porra nenhuma! Quando vejo um sujeito caminhando no rumo aos 70 anos falando, vestindo e se comportando como “boy”, rezo a Buda, Alá, Jesus, Tupã e todos os deuses do Olimpo que me concedam a graça de não me tornar um velho tolamente ridículo.

Jumento

O “inteligente’ Bolsonaro em evento, na capital paulista chamou o Presidente Lula de “jumento” e “analfabeto” ao mesmo tempo que acusava Fenando Haddad de nunca ter trabalhado.

Lula três vezes Presidente do Brasil, por isto só, basta. Fernando Haddad bacharel em direito, mestre em economia e doutor em filosofia, professor da USP, foi ministro da Educação duas vezes, prefeito de São Paulo e atualmente ministro da Fazenda.

França

O chargista fluminense radicado na “Cidade do Sol”, Natal/RN, Brum, como diria os colunistas sociais “está afivelando as malas”, para uma estadia de duas semanas na França. Na terra do “liberté, egalité, fraternité” será recepcionado pelo cartunista potiguar Joe Bonfim, que organizou uma exposição de charge, cartuns e caricaturas do Brum, no Festival de Humor Saint Juste Le Martel.

Inclusive o Brum está fazendo uma campanha para arrecadar fundos para custear sua empreitada. Se você quiser participar com qualquer valor basta fazer um pix para a chave PIX: (CNPJ) 49.859.482/0001-29 (Rodrigo Serra Brum Machado)

Barbie

Uma preguiça danada de assistir o filme “Barbie”. Talvez, quando os evangélicos começarem a queimar a “rosadinha” em praça pública irei ver.

Marielle

Quem mandou matar Marielle? A família de milicianos está em polvorosa com o ministro Flávio Dino.

Frase

“O que seria ofensivo seria comparar um jumento a ele, isso sim. Ofensivo aos jumentinhos que não fazem mal a ninguém”, ironizou o presidente nas redes sociais⁠ em resposta a Bolsonaro.

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Nem só de pão vive o artista

O grande @hermetopascoal, o gênio da “raça” publicou em sua página oficial do Instagram uma caricatura assinada por mim, o que já fizeram outros artistas não menos importantes: a bela negra Zezé Motta; o paraibano Chico César; o Nando Cordel; o sambista Luiz Ayrão; Raimundo Fagner, que às 5h da manhã me passou uma mensagem por WhatsApp elogiando a caricatura e se pondo à disposição, outros ícones da arte que agora não consigo acionar minha raquítica voluntariosa memória, dentre muitas outras pessoas que não orbitam o mundo das artes.

Isto é o que, de fato, traz um pouco de paz, alento e importância e satisfação íntima, afago e felicidade à alma.  Sei que alguns perguntarão “e o dinheiro não importa?” Ora, dinheiro é o dinheiro e pode comprar tudo que é visível, e quando pode, compra. Logo o dinheiro é importante para se comprar o que ele pode comprar. 

Mas voltando ao prazer do artista. Não tenho dúvidas que o dinheiro não está nas primeiras linhas e não é o objetivo principal, não que artista não deva ter, querer e precisar de dinheiro, ao contrário a arte deveria ser muito bem remunerada, porém, isto é outra história. Lembrando aqui uma cena que ficou tatuada na memória, um cantor na calçada do shopping MadWay – Natal/RN – dedilhava seu violão soltando a voz apenas para uma criança sentada no chão o ouvia atentamente. Não me causaria espanto algum se aquele músico que ao final de sua apresentação enfiasse sua viola no saco e tivesse sido sua plateia apenas aquela garotinha, certamente, estaria ainda, com o peito acarinhado, pois sua música, sua arte alcançou outro coração, pois é sabido por todos que arte é para emocionar. 

O solitário músico é o cantor e compositor Alan Persa, que hoje, arrasta milhares de pessoas para ouvir e encantar “nosotros” potiguares. “Não importa o tamanho da plateia, faça sempre o seu melhor” – @alanpersa

De volta às vacas magras. Claro, que o afago destes ícones das artes me deixa envaidecido e grato, por um lado demonstra que eles além de serem o que são, também são seres humanos que como nós têm sentimentos e gostos, podem tomar um sorvete de baunilha na praia, como da mesma forma gostar de uma caricatura desenhada por um cabeça chata, vindo lá dos cafundós do principado de Baixa do Chico – Afonso Bezerra/RN.

Ah! E se você é um dos que acredita que isto é pouco, espere para ser elogiado por Hermeto Pascoal ou outro mostro sagrada das artes, cultura, e então, rejeite.

Brito e Silva – Cartunista

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Solidão

Nunca tive medo da solidão, pois acredito que a pior solidão é aquela acompanhada, aquela solidão da falta do só na multidão. Mas a minha solidão é a do silêncio do mundo, daquela de ficar sozinha com minhas ideias, graças a Deus tenho um grande amor para chamar de meu – como digo sempre meu Brito – com quem aprendi a segurar a mão e não soltar, com ele aprendi que amor e solidão se completam, nós dois gostamos da solidão. Por vezes o vejo perdido em seus pensamentos no escritório, sozinha, talvez não, mas concentrado em turbilhões de ideias, pensamentos e imagens para desenhar ou escrever.

Gosto da solidão. Talvez por ter sida criada em uma casa com vários irmãos, e pouca vezes ou quase nunca conseguia ficar sozinha no silêncio, curtindo a solidão das madrugadas tantas ensejadas por mim, para estudar ler, escrever, ouvir uma música baixinha quase sussurrando como a brisa que sopra do mar.

Minha solidão é acompanhada, muito bem acompanhada. Ficar “sozinha” para organizar minhas ideias, forjar inspiração para pintar, escrever, desenhar. Sempre gostei de dormir cedinho, no máximo às 19 horas, para ceder ao silêncio da madrugada me reclama, a temperatura baixa não esfria, ao contrário aquece minh’alma, a solidão das ruas que entra pela janela, uma energia que brota de dentro para fora, me acompanho de mim mesma e dos pensamentos, me perco e me acho olhando a paz do céu escuro onde as luzes da cidade escondem os mistérios do infinito.

Na solidão da alvorada, trabalho nos meus livros, lê-os respirando a paz, as orações se mostram mais fluídas, a conexão parece mais rápida, não sei explicar.
Logo ali, ao lado, tendo alguém para despertar e juntos embalar o sonho da solidão de quem escolhemos a nós acompanhar na jornada.

Socorro Brito

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Ela partiu

Há muito tempo ela chegou na minha casa, novinha, cheirosa, linda, confesso que foi amor à primeira vista, ainda mais quando se propunha a fazer a parte mais cansativa da casa. 

Minha nova secretária era perfeita, fazia tudo com muito esmero, e eu fui assim me apaixonado, a casa serviço eu ficava mais agradecida, depois eu vi que não era só gratidão, minha secretária era perfeita, a melhor que uma dona de casa pode ter, sempre limpinha, não importa suas curvas, que para falar verdade, foi bem desenhada, era o máximo.

Passávamos horas e horas eu e ela, ela e eu. Eu precisava de seus cuidados e ela estava ali, sempre pronta, mas ultimamente vinha dando sinais de insatisfação, cansaço já não mantínhamos mais a mesma conexão, não da minha parte, por vezes eu não nos desentendíamos. Seus afazeres estavam deixando a desejar, tentei um carinho, dei um melhor cantinho, porém, não surtiu efeito algum, emburrada não queria conversa. Devo reconhecer que tenha sido negligente, talvez precisasse de cuidados mais especiais, mais carinho, porém ontem, foi a gota d’água: ela me revelou que já não aguentava mais essa e partiu me deixando na maior tristeza.

Hoje entendo Belchior e a relação dele com sua “madame Frigidaire”. Pois é, hoje me vi tão sozinha vendo aquela porção de roupas jogada esperando outra a me ajudar.

Minha máquina de lavara roupas Eletrolux partiu, deixou meu coração partido, meus braços mais ainda doloridos.

Não sabe ela, que foi um dos melhores presentes que ganhei nos últimos anos 

Vá em paz minha máquina Eletrolux.

Socorro Brito

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Pingo de Mei Dia

“Não troco meu oxente pelo Ok de ninguém”, frase do grande mestre, que não carece de apresentações, o dramaturgo paraibano Ariano Suassuna, que a formulou como uma espécie de desabafo e um apelo à reflexão a nós nordestinos e brasileiros no trato com nossa arte, cultura, língua e nossa identidade.

Ariano parece conclamando para que nós pudéssemos olhar um pouco mais para interior: tanto o pessoal como geográfico, nosso torrão, para vermos que são nos rincões, grotões, povoados de chão batido que a cultura, a identidade do povo nordestino borbulha: Pastoril, Boi de Reis, São João (com fogueiras), o cordel, os cantadores de viola, emergem sem o marketing, sem as redes sociais, sem os chamados “agitadores culturais”. Porém, na verdade muitas das vezes, ou quase sempre, puxadas por brincantes analfabetos que apenas queriam (querem), de algum modo, expor suas emoções, uma forma de extravasar, exorcizar suas angústias, suas dores da vida sofrida na labuta diária e, por uma fração temporal exibir um sorriso no rosto.

Ariano era intransigente na defesa da arte da aldeia, quer dizer, da cultura popular isto está refletido em suas obras: literatura, desenhos e em falas à imprensa, nisto todos concordam. Mas, existe aqueles que o acusam de radicalismo. Ora que seja. Se faz necessário mais empenho, mais valia na defesa da arte popular. Arte tem que ser generosa, não sufocante e sufocando outra.

Na minha época de menino e toda minha adolescência lá na rua Augusto da Escócia, nº 49, nos Paredões, em Moscow, a gente se reunia para ouvir Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Trio Mossoró, Trio Nordestino, além Chico, Caetano, Gil, Elizete Cardozo, Nelson Gonçalves Francisco José… Ouvi Apelo e Gente Humilde lá em casa numa radiola ABC – Elizabeth V -. A gente ouvia forró forró: sanfona, zabumba e triângulo, hoje chamado “forró pé de serra”, que aparentemente faz um esforço monumental para continuar existindo, ao contrário do chamado “forró de plástico” – cunhado, se não me falha a memória e ela quase sempre falha, por Chico César – onde há uma pressão estrutural e financeira se impondo para catapultá-lo às alturas em detrimento do forró tradicional.

Claro, que a humanidade evoluiu, continua seu fluxo e tudo faz parte do processo. Evoluímos em todas as áreas, isto não quer dizer que melhoramos, em algumas até pioramos, entretanto isto, é outra discussão. A impressão que dá é que o “Forró Pé de Serra” agoniza e tem seus dias contados. É preciso a valorização da nossa arte, nossas tradições, nossa identidade, claro sem radicalismo ou preconceitos. O grande Jackson do Pandeiro queria misturar chiclete com banana, mas depois que o Tio San tocasse tamborim, assim também como fez meu amigo Jaques Cassiano – um grande cartunista mossoroense, que para nossa frustração não quer mais desenhar – essa montagem com os “Garoto de Liverpool”, talvez saindo de uma entrevista ao amigo Togo, para o jornal De Fato e, indo relar o bucho no Pingo do Mei Dia, é preciso um pouco mais de ousadia de todos com a cultura regional.

Bom, mas quem quiser que fique com seu “plastificado”, prefiro um bom forró pé de serra: “Santo de barro, santo pequenino, desde menino…”. Viva o Nordeste, viva Mossoró, viva o Pingo de Mei Dia.

Brito e Silva – Cartunista

PS: Um show do cantor de forró Flávio José foi reduzido para ceder espaço para o sertanejo Gustavo Lima.

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Abril é o monster!

Longe de mim ser supersticioso e muitos menos acreditar em coisas do além. Entretanto, em sexta-feira 13 não passo embaixo de escadas nem por cem e uma cocada preta de rapadura Cariri, se o segundo que se aproxima ventila a possibilidade de um gato preto cruzar meu caminho, logo mudo a direção e se isto for impossível fecho os olhos; também não ando em casa mal-assombrada, morro de medo de alma. Todos sabem que é melhor prevenir que remediar, assim sendo, arriscar não é preciso, né não poeta?

Digo e reafirmo não acredito nessas “besteiras”. Mas carrego sempre comigo uma figa e uma folhinha de arruda no bolço esquerdo da calça e uma moeda do último dinheiro que recebi, não é por nada não, mas como diz a moçada “vai qui…”. E cá pra nós, têm alguns meses do calendário gregoriano que me trazem uma felicidade danada, abril é um deles, talvez o maior, talvez não, seguramente é o maior deles. Em 27 de abril nasceu minha filha mais velha Pollyanne Brito, 29 sua filha, minha neta Valentina; Jade Brito no 23, meu neto mais novo, João Miguel em 24 de abril e uma outra filha do coração, Priscilla Cibelle, que faz párea com Jade, também sua filha Sarah que veio ao mundo em 4 de abril, sem falar do 5 que é aniversário do meu genro Roberto. Para mim, não poderia ser um mês mais alvissareiro, repleto de sorrisos e alegrias esborrotando por todos os lados.

Pois muito bem, pensei que abril já havia esgotado suas benesses comigo, ledo engano, me aparece o cartunista Joe Bonfim – desenhista potiguar que mora na França há 34 anos – acompanhado de outro grande chargista Brum, me convidando para fazermos uma coletiva na Aliança Francesa e, assim se fez. Em uma semana pulsemos a exposição na parede da Aliança. Na primeira reunião conheci Ernesto Guerra, diretor da AfrNatal onde ao sabor de um cafezinho feito por seu Ranulfo com assistência luxuosa da secretária Irlanda criou-se a ideia e no nome da exposição “Un Pour Tous…E Todos Por hUMor” uma referência direta ao clássico ao slogan do romance do escritor francês Alexandre Dumas, no seu livro “Os Três Mosqueteiros”, que tem como protagonistas os espadachins Athos, Porthos, Aramis e D’Artagnan, porém, nosso slogan é muito mais modesto e em bom português seria “Um por todos e todos por humor”, lá fomos nós de lápis em punho. Como “Os três Mosqueteiros” que são quatro, também fizemos nossa “trinca” de quatro: Brito, Brum, Bonfim e Ernesto, nosso D’Artagnan. Vivas para abril, ao Brum, vivas ao Bonfim, vivas para Ernesto, vivas para o cartum potiguar!

Que os outros 11 meses não me escutem: mas, abril é assim, é o monster!

Brito e Silva – Cartunista

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Brasil no jogo global

Nos últimos dias vi muitas críticas sobre a viagem do Presidente Lula à China. Muitas ilações, muita inveja, muita má fé e muitos expondo o sentimento de viralatismo aguçado.

Meu entendimento sobre política internacional e suas nuances não é maior nem menor que o mesmo sobre física quântica ou engenharia espacial, isto é, porra nenhuma. Entretanto, não se faz necessário ter lido a Enciclopédia Britânica, para tecer opinião positivista sobre a ida de Lula ao país oriental, sem alinhamento ideológico, porém puramente com agenda de interesses nacionais do povo brasileiro.

Além, do que a imprensa – que fazia figa para um fracasso colossal, que Lula desse com os burros n’água – já disse, os efeitos suplantaram as fronteiras de Brasil/China e bateram às portas da Casa Branca. Analistas, comentaristas e cientista políticos das redes de tvs brasileiras diziam que após as falas de Lula sobre a guerra da Ucrânia/Rússia os Estados Unidos estavam emburrados, “beiçudos” e poderiam até fazer um “boicote branco”, isto é, ficarem retardando alguns acordos firmados na ida do Lula a Biden, como por exemplo os US$ 50 milhões prometidos para o Fundo da Amazônia.

“Tio San” ao saber que a China, por ser um dos países mais polidores do mundo, ter demonstrado interesse na produção de carbono verde brasileiro, não só reafirmou o compromisso do aporte financeiro para o Fundo Amazônico, que seria de US$ 50 milhões, mas também sinalizando ampliação para US$ 500 milhões o qual o Presidente Joe Biden anuncia hoje e enviará medida ao Congresso americano.

Resumo da ópera: no tabuleiro global cada país tem que se postar com altivez e soberania defendendo os interesses de seu povo, claro, respeitando as regras e as normas de condutas impostas a todos. E é isto o que assistimos agora, o Brasil no jogo global com o Presidente Lula.  

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15 de abril – DIA MUNDIAL DO DESENHISTA

O 15 de abril de 1452, vinha à luz em Anchiano, um vilarejo da comuna – município de Vinci, na Itália, o grande Leonardo da Vinci – que não precisa de apresentação – e para nós foi dado a data do seu nascimento para comemoramos o Dia Mundial do Desenhista como prêmio de consolação, talvez os idealizadores do feito, pensaram empoderar os “rabisqueiros” do planeta, deu certo: me sinto o próprio Leo. Calminha aí velho Brito, menos. Brincadeirinha.

 Em junho de 1979 pisei pela primeira vez no solo sagrado do jornal Gazeta do Oeste – o qual cometeram o sacrilégio maculando-o fazendo um estacionamento para veículos – onde de prima conheci o baiano Eugênio Ramos, que desenhava, escrevia, diagramava, fotolitava – não lembro se imprimia também – no jornal fazia de tudo, bastava alguém não ir trabalhar. Pois muito bem, com ele fiz meus primeiros rabiscos publicáveis logo depois outro gênio entrou em minha vida, o Laércio Eugênio Cavalcante – meu irmão camarada – cartunistas com quem aprendi um bom bocado, sem falar de Edmar, Emanuel e porque não dizer do “menino” Cláudio Oliveira? Sim, Cláudio também é responsável.

Certa vez o jornalista Canindé Queiroz, dono da Gazeta do Oeste, trouxe de São Paulo um livro do cartunista cearense Mendez, que se não me falham o “tico e teco”, publicava entre outras, na revista Manchete, um livro de caricaturas para mim, nele tinha – tem – uma genial caricatura de Milton Nascimento a qual foi determinante para que eu seguisse desenhando. No ano de 2022, por ocasião dos cem do seu nascimento, o escritor e historiador cearense, Levi Jucá fez o primoroso livro “Mendez – Mestre da Caricatura”, convidou 100 cartunistas para homenageá-lo com uma caricatura, tive o prazer de ser um deles.

Ano passado, 2022, na Edição Especial da Revista Huai, editada pelo jornalista/cartunista Edra Amorim, traz 90 desenhistas homenageando o grande Ziraldo, em seus 90 anos, eu também estava lá, que dizer estou. Também, em 2022, minha caricatura consta nas páginas do livro Darcy 100 anos – Caricaturas -, por ocasião de 100 anos do nascimento do antropólogo e político brasileiro Darcy Ribeiro, organizado pelo jornalista Jal e o Memorial da América Latina.

Já participei e participo de vários festivais de cartuns mundo afora. Na Argentina, em 2016, ganhei o Prémio de mérito proeminente. Em 2020, o presidente Jair Bolsonaro – desculpem o palavrão – quis processar o chargista Aroeira, cartunistas do Brasil inteiro se mobilizaram nas redes sociais replicando a charge, causadora da ira do “Alma Podre”, cada um a seu estilo e, ganhamos o Prêmio Vladimir Herzog de 2020 – 42º Prêmio Jornalístico Vlademir Herzorg, prêmio coletivo na categoria Prêmio Destaque Vlademir Herzorg com “Charge Continuada”.

Além de inúmeras exposições de charges, cartuns e caricaturas, como a última na Aliança Francesa “Um Pour Tous…E Todos Por hUMor”, que ficará até 12 de maio, com os amigos cartunistas Joe Bonfim e Brum, o que quero dizer com isto? Ora, que “Eu sou apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco sem parentes importantes e vindo do interior”, mas que também dou minhas “cacetadas”, quer dizer, faço meus rabiscos. Obrigado, a Leonardo Da Vinci por ser o patrono do Dia Mundial do Desenhista. Viva o desenhista brasileiro, viva aos desenhistas potiguares.  

Brito e Silva – Cartunista

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Não entendo nada do borogodó

“Não conte com Dedé – assim que minha mãe me chama – para fazer essas coisas, ele é meio desajeitado”, isto era minha uma salvaguarda para permanecer no fundo da rede. Mas, não era preguiça não, era pura falta de tato com as coisas domésticas: Não sei apertar um parafuso com a furadeira Black Deck, colocar uma lâmpada é um vexame. Logo cedo me convenci de não ter entrado na fila dos dotados de habilidades para serem um bom “Marido de Aluguel”: sou uma negação, uma tragédia nas coisas do cotidiano doméstico.

Lembro quando comprei minha moto MZ250, incentivado por Claudino – meu parceiro de jornal Gazeta do Oeste, ele nas lentes eu nos rabiscos e diagramação – também dono de uma MZ250, a caminho de casa na Abolição II em frente a fabrica de castanhas a moto pifou, acionei meu celular tijolão e lá se danou Claudino a me socorrer, o sol a pino daquele jeitinho que a gente olhava em direção a pista avistava-se carros, aviões, jumentos, cavalos via-se até o “Galego”, isto é, Ricardo Lopes surfando na Praias das Manuleas, em Tibau. Porém, na verdade eram apenas miragens sob o sol escaldante da Terra de Santa Luzia. Retirando suor de sua reluzente careca com cara de poucos amigos, esbraveja “Porra Brito, você me fez vir lá do Alto Manoel para tirar você do “prego” e é falta de gasolina?”, ainda assim, me rebocou uns 50 metros até o posto de Zé da Volta na lateral da fábrica.

Outra vez, depois de fechar a capa do jornal, isto lá por umas 12h30, entrei no meu Fiat 147, liguei o toca fitas Roadstar, dei o play e estéreo põe-se a soar “La Vie En Rose” com Grace Jones, ao passar pelo Banco Mossoró, o possante fica “puxando” para um lado, até que um motoqueiro, educadamente, pronuncia “o pneu tá furado, mané”, pronto empurrei o carro para estacionado rente a calçada da Livraria Nordeste, fui-me a caminho do Tele-Táxi fazer uma corrida com Dedé Galego. 

Não vou me alongar, apenas me ater no acontecido hoje, 9 de abril de 2023, claro, existem outras mais vergonhosas. Por volta das 3h, sob uma chuva muito forte aqui na capital potiguar, ouviu-se um estrondo, a energia, talvez com medo do furioso Zeus, se mandou. Eu, Maria e João Miguel sem ventilador ficamos a mercê do ataque de muriçocas ferozes que a todo custo queriam chupar nosso sangue. Firmes, permanecemos de olhos abertos esperando sol raiar, e raiou carrancudo e rabugento como sempre, entretanto, nada de energia.

Às 11h, depois de João se lambuzar até os cabelos com ovo da páscoa Maria decidi ligar para Cosern, eu buscava na agenda um engenheiro elétrico, quando surge o vizinho no portão, perguntamos como estava se virando sem energia, “não, lá em casa tem energia”, vocês já olharam os disjuntores? O medidor? Uníssonos: Não!!!

Corremos para o medidor, ligamos a chave e fez-se luz. Em verdade vos digo: não entendo nadica de nada do borogodó caseiro e, já desisti de tentar.

Brito e Silva – Cartunista 

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Envelhecer

Por Socorro Oliveira

Envelhecer, ah! Um tema as vezes contraditório, tem as suas vantagens maiores que as desvantagens. Eu respirava tudo que inspirava das mais recatadas à outras nem tanto. Era estabanada, falava o que vinha as ventas, sem pensar, criticava a troco de nada, e nem sempre a crítica era construtiva, uma das características que enterneci, hoje paro, penso se vale apena à crítica, botar pra fora palavras sem refletir primeiro.O envelhecer traz um pacote de mazelas é certo, sim físicas. “Não se pode ter tudo no mesmo pacote”, mais a questão espiritual melhorei muito. De tudo quanto a velhice me trouxe o que mais me incomoda, além das dores, é o craquelar da pele e muitas vezes a falta de mobilidade, nunca fui de me embelezar, claro que toda vaidade é da natureza feminina, porém sempre achei melhor malhar o cérebro do que o corpo, o branquear dos cabelos é outro enchimento de paciência, se fosse um método de salão, ficar branco de uma vez só, eu até enfrentaria, mais não, todo dia, um fio por vez. Detesto salão, nunca gostei do puxa-puxa, do tira e bota, e principalmente, das banalidades das dondocas que se acham a última bolacha do pacote, desnecessárias e vazias.Uma coisa a maturidade não me tirou; me encheu a paciência, não me agradou mando se lascar em alto e bom som, em letras grandes e garrafais.As vantagens disso tudo é uma maturidade, um enxergar além das entrelinhas, é o observar a vida no dia a dia, e errar menos, apesar do erro continuar, pecar muito mais por emoção do que por ação, ficamos propício a sentir as dores do próximo e as novas nossas, é claro. Observo, que não podemos parar de se movimentar, pra se ter mais mobilidade, adiar o entrevamento ao máximo, pois a máquina fica enferrujada, embora no final do dia chegue à “conta” dessa agilidade.Bom dia vou ali cuidar para não enferrujar.