Solidão

Nunca tive medo da solidão, pois acredito que a pior solidão é aquela acompanhada, aquela solidão da falta do só na multidão. Mas a minha solidão é a do silêncio do mundo, daquela de ficar sozinha com minhas ideias, graças a Deus tenho um grande amor para chamar de meu – como digo sempre meu Brito – com quem aprendi a segurar a mão e não soltar, com ele aprendi que amor e solidão se completam, nós dois gostamos da solidão. Por vezes o vejo perdido em seus pensamentos no escritório, sozinha, talvez não, mas concentrado em turbilhões de ideias, pensamentos e imagens para desenhar ou escrever.

Gosto da solidão. Talvez por ter sida criada em uma casa com vários irmãos, e pouca vezes ou quase nunca conseguia ficar sozinha no silêncio, curtindo a solidão das madrugadas tantas ensejadas por mim, para estudar ler, escrever, ouvir uma música baixinha quase sussurrando como a brisa que sopra do mar.

Minha solidão é acompanhada, muito bem acompanhada. Ficar “sozinha” para organizar minhas ideias, forjar inspiração para pintar, escrever, desenhar. Sempre gostei de dormir cedinho, no máximo às 19 horas, para ceder ao silêncio da madrugada me reclama, a temperatura baixa não esfria, ao contrário aquece minh’alma, a solidão das ruas que entra pela janela, uma energia que brota de dentro para fora, me acompanho de mim mesma e dos pensamentos, me perco e me acho olhando a paz do céu escuro onde as luzes da cidade escondem os mistérios do infinito.

Na solidão da alvorada, trabalho nos meus livros, lê-os respirando a paz, as orações se mostram mais fluídas, a conexão parece mais rápida, não sei explicar.
Logo ali, ao lado, tendo alguém para despertar e juntos embalar o sonho da solidão de quem escolhemos a nós acompanhar na jornada.

Socorro Brito

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