“Busco um homem honesto”

Digo sempre aos meus, que todos os dias levanto com o propósito de conseguir o que há de bom para poder tentar me tornar um ser humano melhor, não como modismo e a vulgaridade que a frase impõe, mas, como um modo de proteção mental neste tempo fluído e líquido, e quando percebo que não correspondi a expectativa ao longo das 24h, fiz algo que não deveria ter feito, busco amparo na frase do grande estadista e humanista Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul, que um dia cunhou “na vida nunca perco, ou eu ganho ou eu aprendo”.

    Pois, muito bem. Gosto muito da companhia dos meus filhos, são eles sossegarem a minha alma e o coração, quando estamos juntos sempre temos boas e compensadoras conversas.

    Outro dia, depois algumas fatias de pizza e goles de coca-cola, passamos às atualizações familiares, mas logo mudamos o foco para assuntos mais globais ásperos e caros à humanidade, entretanto, como não poderia deixar de ser, enveredamos pelo mundo da política e claro, corrupção foi o mote, tema este que permeia a cabeça de todo brasileiro com as mais diversas percepções. À mesa eu, Jade, Maria e Pollyanne – Felipe e Roberto, meus genros, calados no sofá com seus celulares pareciam observadores da ONU – já de posse de um cafezinho, o assunto foi se avolumando e, como toda erosão de caráter tende a ser do outro e nunca sua e, certamente, por pura ignorância no alto dos meus 64 anos, refutei a tese de Pollyanne, não por ela está errada, porém, por ter sido ela a dizer, já que todos a têm como a mais equilibrada, a mais ponderada: “Ora papai todo político é corrupto”.

Retruquei novamente, argumentando superficialmente “que não é bem assim”, mas logo fui nocauteado por outro golpe de esquerda “se o senhor estivesse no poder eu confiaria, mas em nenhum outro”, me senti tal qual Maguila estirado se debatendo no ringue depois de sofre um cruzado no queijo “disparado” por Holyfield, procurando saber em que planeta estava. Ora, ora, como foi generosa, mesma certa, me fez um carinho e mostrou que sua visão de mundo estava muito além da nossa pequena conversa. O que me levou a Diógenes de Sinope, o filósofo grego, aquele mesmo, o qual a história prega ter sido inquilino de um barril e durante o dia caminhava pelas ruas de Atenas, em plena luz do dia com uma lamparina alegando estar procurando um homem honesto.

Agora, me sinto como outro grego, não o filósofo, todavia, o mais astuto dos mortais, o filho do rei Éolo: Sísifo, não por sua inteligência e sim, por seu pesado castigo. Eu que já me impunha uma autorregulação, todas às noites me ponho à penitência pelos erros cometidos durante a luz do astro-rei. Entretanto, não sei se acordo mais “limpo”, porém, certamente, muito mais disposto a ser menos corrupto, invejoso, guloso, luxurioso, arrogante, pretensioso, intolerante…

Filha minha, você tem razão: todos os políticos são corruptos, até porque são da mesma espécie que nós: humana.

“Que atire a primeira pedra aquele que nunca pecou” disse outro grande homem: Jesus Cristo, líder daqueles que têm a pretensão ao Paraíso.

Brito e Silva – Cartunista

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