Bem antes da pandemia, esbarrei com um amigo de infância, num dos corredores do Shopping Midway, aqui na Capital do Sol. A princípio não o reconheci, logo que pronunciou meu nome, me veio o dele, aliás, seu apelido, do qual não gostava – Confesso que não sou muito bom de nomes, nunca fui. Cedo aprendi um truque: chamar todo mundo de amigo, não há como errar menos ainda, constranger ninguém -.
Conversa vai e conversa vem, caímos naquele caduco clichê quando o bate-papo desmilinguiu-se, ele de pronto, sentenciou:“você não mudou nada”. Retruquei que tinha mudado muito, pois já beirando os 60 anos seria impossível não mudar. Nos abraçamos, seguimos para Miranda, onde compraria um teclado novo para meu computador velho de guerra.
Maria, do meu lado, imediatamente “puxou-me a orelha”, por ter sido tão realista na argumentação com meu “brother” de adolescência. Claro, fui um pouco ríspido, impaciente ou talvez ainda, ranzinza. Mas, ora, da minha longínqua adolescência e velha infância trago apenas as lembranças do que eu era. Mudei e mudei muito, todos mudam.
O mundo muda a todo instante e nós, a solavanco dele. Se você gostava de mim na adolescência, nos meus primeiros anos de adulto ou até semana passada pode se surpreender comigo e passar a me odiar, não que eu seja tão diferente assim do que fui, mas, pode ser que você nunca tenha me visto, assim sendo, não percebeu meus defeitos e qualidades como deveria. Certamente hoje, alguns defeitos e qualidades foram potencializados, outros o tempo jaz. Portanto, não sou, você não é, ninguém é o mesmo de ontem.
Se você ignora tanto as mudanças das coisas do mundo, das pessoas, talvez, a sua seja maior. Ah! Nada que foi será!
“Meu domingo alegre vai ser”, título da música de Ângelo Máximo, que nos anos 70, com esta versão, certamente, alegrou e embalou o domingo de muita gente, também naqueles anos havia Gil cantando seu Domingo no Parque, ao inverso da primeira, contava uma triste história de dois amigos e ainda tinha Agepê falando dos Sete Domingos.
Na música, Agepê dizia que ia fazer sete domingos para poder namorar sua amada, o que de fato, uma alusão de que domingo é dia de felicidades e, assim, nós humanos trabalhadores, pró-ativos, criativos e produtivos, escravizados à feiras, sonhávamos com as manhã de domingo para bebericar uma pinga com nossos iguais, esquecendo o resto dos dias tristes da semana.
Outro dia, em conversa com Maria, dizíamos de como nossos domingos mudaram e perdemos referências e, principalmente, nesta pandemia, onde nos parece que todos os dias se assemelham a segunda-feira. Antes íamos na casa de papai, na casa da mãe dela, na Saraiva tomar um café ou comprar um livro – sim, um ou outro, os dois, somente se fossem em 60 vezes -, ou ainda às vezes a caminho de Paranamirim, onde mora meu pai, decidíamos ir almoçar em Mossoró depois voltávamos em riba do rastro, somente para ouvir uma nova playlist – que frescura – que havíamos gravado e nela deveria ter cinco ou seis músicas que não constavam em nosso acervo.
Lá por volta da segunda metade do anos 80, aos domingos púnhamos nosso bravo Fiat 147 sobre as “Costela de Adão” a caminho da praia de São Cristóvão, com Polary e Pollyanne no banco de trás, cantando Baby Can I Hold You, melhor que Tracy Chapman, lá chegando quase sempre encontrávamos o galego do Chaplin, Ricardo Lopes e seu aparato de pesca e suas lentes.
Perdemos mesmo boas e grandes referências dos nossos domingos. Não que seja um saudosista inveterado. Mas quem me diz que o domingo mossoroense é o mesmo sem ouvir o camaradinha Caby da Costa LIma? Sem ler Emery Costa e sua “E Lá Sem Vão…? Nem vou falar de Airton Senna. Às vezes ouço Azougue – Nando Cordel, em plena quinta-feira, fingindo ser domingo e lembrando do meu amigo Caby, que por saber do meu gosto por essa música quase sempre rodava em seu programa dominical. E quando nos encontrávamos dizia que ainda iríamos ser sócios de uma agência de publicidade com este nome, não implementamos a agência, mas criamos o site www.azougue.com, que logo deixei pra ele, meu domicílio na capital, me impediu de continuarmos.
Mas, Azougue é uma coisa que atrai, chama, gruda como nosso passado de bons domingos nunca sairá de nós. Certamente, outros bons e grandes domingos virão e poderemos cantar “Meu domingo alegre vai ser…”
Joacir Rufino de Aquino (Economista, professor e pesquisador da UERN)
Há uma grande polêmica em torno da escrita correta do nome do município de Assú, situado geograficamente na porção oeste do semiárido potiguar. No papel timbrado da Prefeitura o nome da localidade aparece com “SS” e acento agudo no “Ú” (Assú). A maior parte das pessoas, porém, prefere escrever com “Ç” e sem acento na vogal em que termina a palavra (Açu). Já outros usam o caminho do meio, escrevendo com “SS” e sem acento no “U” (Assu), sendo esta a forma empregada costumeiramente no âmbito da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).
Em uma simples caminhada pelas ruas da cidade percebe-se que o nome do município é escrito em placas e nas faixadas comerciais das três maneiras simultaneamente. Da mesma forma, não é incomum encontrar algum documento público que apresente o mesmo problema, onde a confusão sobre a grafia do nome do município se manifesta no começo, no meio e no fim dos enunciados. Inquieto com a situação, em 2008, o professor Gilton Sampaio, do Campus de Pau dos Ferros/UERN, enviou uma mensagem ao colega Messias Dieb (na época docente do Campus de Assú/UERN e hoje na Universidade Federal do Ceará – UFC), com as seguintes perguntas: “Dieb, qual a grafia correta do nome do município em que você trabalha? Dizem que há flexibilidade entre Açu/Assu, mas também é permitido Açú/Assú?”.
Na tentativa de esclarecer a dúvida do amigo pauferrense, e de muita gente, o professor Dieb respondeu: “Gilton, a grafia do nome Assú/Assu/Açú/Açu tem sido motivo de polêmica. Em função disso, o Júlio César (que foi professor do Departamento de Letras do Campus de Assú/UERN e também está hoje na UFC) fez uma pesquisa diacrônica para descobrir como era a verdadeira grafia. Consultou documentos muito antigos, inclusive do comecinho do século XIX. Teve acesso ao documento oficial (registrado em cartório) que elevava a localidade ao status de município e, nesse documento, e em vários outros, ele encontrou a grafia ASSÚ (com SS e o acento transgressor da norma culta). Embora o registro oficial seja assim, muitas pessoas querem – cada uma – criar suas próprias normas de grafar o nome da cidade. O resultado é um pandemônio lexical desnecessário”.
O trecho transcrito do diálogo destacado, de modo bastante preciso, contribui para pôr ordem na casa. O nome “próprio” do município em foco, segundo o seu registro oficial em cartório, deve ser escrito ASSÚ! Qualquer outra grafia, mesmo que siga um critério semântico e seja amparada institucionalmente, não é correta. A palavra AÇU, originária do vocabulário indígena, por sua vez, deve ser utilizada tão somente para designar a microrregião banhada pelo Rio Piranhas, a qual é denominada de VALE DO AÇU. A distinção entre os termos é clara, conforme lembra o historiador assuense Ivan Pinheiro, mas, infelizmente, ela não tem recebido a devida atenção por parte das instituições de ensino e da maioria da sociedade local.
Portanto, seria de bom tom o poder público municipal trabalhar o tema e procurar esclarecer a população a respeito. Inclusive há indícios de uma ideia de modificar oficialmente o nome da cidade para sua variante indígena, Açu. A iniciativa é pertinente, uma vez que valorizaria a história cultural dos primeiros habitantes da área e também ajudaria a ajustar a sua grafia à norma culta da gramática vigente nos nossos dias. No entanto, a proposta não avançou e o nome do município continua igualzinho ao de sua emancipação política em 16 de outubro de 1845, ou seja, Assú com “SS” e acento no “Ú”. O que muda a cada instante é a forma incorreta de escrevê-lo, ora de um jeito, ora de outro, alimentando uma confusão inteiramente desnecessária dentro e fora de suas fronteiras territoriais.
Sempre me causou espanto e fascínio as questões da alma humana, da existência, por que se busca tanto Deus e as religiões? Nos meus tempos de adolescente questionava o porquê de tantas religiões? Principalmente, aqui no ocidente onde as tradições e manifestações populares, a priori, são tão parecidas. Até porque o Deus é somente Um!
Ora, em minha santa e abençoada ignorância não sabia das mais de 35 mil praticadas nos continentes asiático e oceânia. No Butão, por entre as montanhas do Himalaia tem a religião do “Falo Sagrado”, onde há santuários com pênis enormes em riste apontando para os céus. Nos mais de sete bilhões de humanos sob este céu há todo tipo de religião a gosto dessa enorme freguesia.
Em verdade vos digo, meu deslumbramento pelos escritos nos livros bíblicos ainda me causam comoção, suas parábolas e as palavras ditas por aquele Rapaz vindo lá de Nazaré com uma boa nova, mudando toda uma concepção até de ter, ver e estar com Deus, saindo de um Deus quase tirânico, grego demais, para Um mais humano, compreensivo, amoroso, tolerante. Este Deus dito por seu Filho, – que na verdade era o Próprio – falava de opção pelos pobres, os humildes, doentes, humilhados, escravizados, tinha Ele e era latente uma especial ternura a alma humana sofrida.
Certamente, em algum ponto de minha pobre trajetória sexagenária, descobri que continuo sem entender o deus de muitos de religiões variadas falam, destes que possuem calos nos joelhos de aos domingos orar e rezar e, certos de serem “limpinhos’, dizem que são cruelmente cristãos, a favor da tortura, vendem e compram a fé pela cotação de mercado, destes que veem o pobre como uma sub-raça, como algo desprezível, como lixo, destes que dedicam desdém por aqueles que lutam por dias melhores para todos os trabalhadores e cidadãos, destes que sob o “manto da má religião”, distorcem tudo que não concordam, destilam ódio a tudo que não entende e não querem entender, tendo a ignorância e arrogância como bandeira da verdade, certamente não faço parte desta legião o deus dessa gente, certamente, não é o Meu.
Ter um deus ou uma religião para chamar de seu, nestes tempos onde tantas religiões se proliferam como ervas daninhas em um terreno fértil de nulidades e com tantas igrejas falando em deus numa estridente confusão de vozes, parecendo uma Babel, não está fácil. Ele precisa voltar!
Desde época em que foi falado da construção do novo aeroporto de São Gonçalo do Amarante, como a grande obra para o Rio Grande do Norte, que nos posicionamos um tanto quanto reticentes, pois entendíamos que seria muito mais viável e econômico, a ampliação do excelente e bem localizado aeroporto de Parnamirim/RN, do que os altos investimentos em São Gonçalo, que sinalizavam as autoridades naquela me momento, é verdade, motivados pela instalação no novo Aeroporto de um Centro de Conexões que nunca veio para o RN. Já desde daquela oportunidade, que defendíamos com convicção, que com a economia da reforma de ampliação do extraordinariamente bem localizado aeroporto de Parnamirim, podia pleitear a duplicação da BR 304, ganhando assim ampliação do nosso modal de mobilidade terrestre tanto quando do ampliado e maravilhoso aeroporto histórico de Parnamirim de localização estratégica, desde da época da segunda grande guerra mundial.
Não tenham dúvidas os senhores, que a duplicação da BR 304 teria sido muito mais viável e importante para o desenvolvimento do RN do que o novo aeroporto de São Gonçalo, pela força estruturante para o RN, do último trecho que falta para unir toda a região Nordeste, que resta no trecho perigoso da nossa BR 304, ligando Natal/Mossoró até Aracati, no Ceará. Nos parece muito claramente, por incrível que pareça, que faltou até o momento, vontade e visão estratégica dos nossos últimos governos, tanto federal quanto estadual, para brigar por esse importantíssimo equipamento de logística intermodal, para ligação com rapidez e segurança à nossa capital Natal e o estado do Ceará .
Temos defendido, como representante do Conselho Regional de Economia, que mas do que um interesse do Estado, trata-se de um interesse que devia ganhar forças dos próprios demais governadores do Nordeste, pois interessa a toda a nossa região, pela importância para a logística de transportes de cargas, para intensificar o turismo regional crescente e para a nossa economia em geral, por onde passa parte da riquezas e produção entre os Estados, mas notadamente, para SALVAR E PRESERVAR VIDAS.
Assim, entendemos que cabe uma ampla mobilização da sociedade Civil, Governos e nossa bancada federal e estadual para lutarem pela duplicação da BR 304 urgente, como uma prioridade do Estado e da nossa Governadora de Fátima Bezerra. Temos dois ministros de Estado e uma bancada atuante de deputados e senadores, inclusive, afirmar que o senador Jean Paul-Prates, colocou uma emenda na comissão Mista do senador, incluindo no orçamento da união a duplicação da BR 304, assim cabe a nós nos mobilizar para aprovação da referida emenda, como uma prioridade para o nosso Estado, pois é mais do que importante para a nossa economia e o crescente turismo regional, ela é indispensável para “SALVAR E PRESERVAR VIDAS”,
Por Ricardo Valério Costa Menezes Presidente do Corecon-RN
Diante do aprofundamento da desigualdade social do Brasil com a pandemia , temos que respeitar a posição e condições de cada cidadão. Uns estão enfrentado a pandemia no ar refrigerado e com suas rendas e confortos garantidos.
Enquanto a grande maioria perdeu seu empregos, 67 milhões estão vivendo exclusivamente do auxílio emergencial ou seja 1/3 da nossa população, com desconforto e com poucas perspectivas de novas oportunidades de ocupação, pois emprego infelizmente, daqui por diante, vai depender da economia se recuperar, o que em nossa visão ocorrerá lentamente e não em V como anuncia o Paulo Guedes, Ministro da Economia, quando existe uma recuperação na mesma velocidade da nossa queda. Vamos melhorar sim, mas possivelmente os novos empregos não voltarão na mesma velocidade e o momento da vez, da sociedade será do empreendedorismo, onde cada brasileiro está tentando se reinventando.
As enormes desigualdades sociais e econômicas, comparativamente seria como que, enquanto alguns, de fato, enfrentam a pandemia num mar revolto em seus iates, a maioria dos brasileiros, valentemente, enfrentam as ondas altas do desemprego a nado.
Assim, cada um pode fazer um pouquinho por cada novo empreendedor. Dando preferência à adquirir produtos regionais e produzidos no Rio Grande do Norte.. E sempre, que possível, comprar nas proximidades de sua casa. A pequena e média empresa é quem mais emprega e precisa muito de sua força e da sua preferência.
Tudo vai passar. O momento exige de todos mais solidariedade, humanidade e atitudes positivas perante nossos semelhantes.
Por: Ricardo Valério Costa Menezes -Economista Presidente do Corecon-RN
Não é dúvida pra ninguém que a comunicação em todas suas formas, linguagens, padrões, expressões, foi e é fundamental para a organização social, o bem comum, e para nossa evolução. Na década passada o Instagram por exemplo, não existia (ele foi lançado em outubro de 2010 – tecnicamente ele ainda não era uma mídia) mas, já existiam milhares de maneiras de se fazer comunicação, como por exemplo, os grandes veículos: emissoras de televisão, jornal, rádio, revista etc, já ditavam regras e discursos nas décadas passadas. Algumas delas ainda são bem poderosas em terra que Internet é rainha, e uma delas teve sua prova de fogo em 2020 quando seus seguidores começaram a duvidar de suas informações tendenciosas, chegando até colocar em cheque a veracidade de dados de uma pandemia mundial que causou 837.979 mortes em todo o mundo (dados do google do dia 29/08/2020).
Sabendo que a comunicação é necessária para vivermos em um ambiente seguro, organizado e funcional, precisamos que as notícias e histórias cheguem a todo o mundo de maneira mais clara possível. A televisão, que seus profissionais previam seu fim com o avanço das mídias sociais digitais a alguns anos, conseguiu manter-se como uma mídia ainda considerada moderna e de grande impacto social. Existem milhares de emissoras de TV pelo mundo, empregando milhões de profissionais. Emissoras essas que estão ali comprometidas a passar informações verídicas e de qualidade para o bem comum social e que são de suma importância no momento delicado que estamos vivendo. Bom, pelo menos era pra ser, mas aqui mermo, não.
O cenário das empresas de comunicação o Brasil sempre estiveram ligadas diretamente a interesses políticos, tanto que os políticos são detentores de grandes empresas na área. Vindo do Brasil, não tem como nos surpreender com o conflito de interesse nas telinhas. Sendo assim, não consigo infelizmente crucificar aqueles que “adotaram” o Instagram como sua única rede de consumo de informação. Mas gostaria de pedir que você prestem atenção na seletividade da sua revolta.
Acho que já está claro que a grande massa está clamando por uma orientação, protesta contra as mídias, mas acolhe o Instagram como sua única fonte da verdade resumindo toda a história da comunicação e seus estudiosos e profissionais à meme. – Nada contra memes, sou devota das páginas de meme (elas realmente me alegram em meus bad days) – . Mas exigimos um pouco mais de respeito. O pessoal no mundo online, adquiriu essa percepção e ódio da comunicação de repente. Essa onda de revolta popular acontece ao mesmo tempo que o líder do país faz piada e ameaça de porrada profissionais da área. Coincidência ou não, tenho um recado pra deixar pra vocês.
Eu poderia dizer que estou escrevendo para alertar as pessoas no tipo de conteúdo que elas consomem, mas é pra dizer que: Outrora, vocês foram boiada de emissoras de tv e de outros veículos de comunicação em massa, e agora são de páginas de fakes news. Só mudou quem toca o berrante. Costumes, falas, pensamentos, são perpetuados pela mídia à milênios. Não importa se você vê tv ou rola o feed, você é totalmente influenciável. Ou seja, não adianta protestar contra a emissora lá e consumir conteúdo de baixíssima qualidade sem nenhuma fonte de confiança ou de estudo científico (sim, comunicação é ciência), enfim a hipocrisia.
Eu acredito que o que há de mais caro no mundo é a informação, mas podemos consumi-la de graça, ela está a um clique. Use-a sem moderação. A grande pergunta que fica é: Você toca o berrante ou o segue?
Esses 10 dias findos últimos, fui instigado pelos jornalistas Gilberto de Souza e o Cefas Carvalho para participar de uma brincadeira de salutar inteiração.
Essa mesma. Onde você convida um amigo por dia para postar um álbum musical que lhe marcou e, consequentemente, ele convida outro e mais outro e você vai vendo alguns preciosidades, que talvez nem fizesse parte de seu gosto ou não estava no seu acervo, mas que o vizinho chato lhe aborrecia tocando noite e dia, assim, rememora músicas que fizeram parte de sua história de vida.
Os meus amigos jornalistas, me deram a chance, mas especificamente Cefas, pois, vou publicar meu décimo disco, desta feita de Elvis Presley, encerrando minha participação na brincadeira, não antes de contar uma história.
Nos anos 70, a gente morava nos Paredões, em Mossoró/RN, numa casa modesta, mas para os padrões da época pode-se se dizer de classe média, pois, o bem que o colocava numa seleta “casta” mais elevada socialmente era um aparelho de tv e nas redondezas poucas pessoas possuíam televisão. Lembro da maior atração da Praça São José, era uma tv, onde ostentava construção própria especifica para ela, nas noites os bancos e o adro da Igreja de São José ficavam apinhados de gente para assistir as novelas, transmitidas pela Tv Tupi, através da Tv Verdes Mares.
Nós tínhamos a nossa, lembro de uma Telefunken tela grande, preto e branco, mas para dar uma impressão de imagens coloridas uma outra tela suposta, como uma espécie de colobar, era colocada por sobre a tela original, era o que de mais chique se apresentava no mercado da metrópole capital do oeste potiguar, nos anos 70.
Na casa erámos eu com 18 anos, meus irmãos Neguinho (De Assis) com 17 e Carlinhos (In memoriam) com seus 8 anos e dona Geralda, minha mãe e Maria uma menina, que talvez da minha idade, ajudava nos serviços domésticos.
Lá pela segunda metade do mês de agosto de 1977, todos a mesa para o almoço entra Maria, que estava na sala vendo tv, banhado em pratos, soluçando em um choro desesperador, o que assustou a todos nós, Dona Geralda preocupada levanta-se vai até ela, põe a mão por sobre seus ombros, num gesto de acalanto e, pergunta: O que foi, minha filha? Balbuciando Maria respondeu: Elvis morreu!
Todos riamos. Minha filha faz mais de uma semana, disse minha mãe. Foi? Indagou Maria incrédula, limpando as lágrimas dá meia volta para sala, foi ver à Tv Verdes Mares. Depois soube que ela nunca havia ouvido falar do Rei do Rock.
Sou uma figura meio sem graça e comportadamente desinteressante, para meus filhos, talvez exemplo: já devo ter sido, herói, bandido, bom pai, mau pai, bonito, feio, rico, pobre, tudo dentro dos conformes, dos ritos e conceitos sociais impostos pela evolução das relações humanas. Para meus desafetos, certo que exprimo uma ameaça atômica, como a formiga ao elefante.
Numa entrevista a Manú, fui perguntado por que desenho. Desenho por necessidades: se eu não desenhar, rascunhar, rabiscar, gastar pelo menos uma dúzia de folhas de papel diariamente, tenho a impressão de ficar todo empolado e, meus calos nos dedos solicitam o lápis para acariciar.
Também não sou artista, não me considero artista, não tenho talento para artista, sou sem graça para ser artista, como se diz lá no meu pé de serra: uma pessoa “insossa”, meu maior patrimônio de excentricidades é tomar café amargo; nem na adolescência fui um “rebelde sem causa”.
Para vocês terem ideia da minha oceânica mediocridade, não creio (não contem a ninguém) em horóscopo, desde Omar Cardoso ao Olavo de Carvalho, em cartomantes, em ciganos que leem mãos, não dou um vintém pela numerologia. Acredito nas banalidades: terra redonda, teoria da evolução, que já vivemos sob ditadura. Sou um cidadão comum, mediano, o que sei, realmente, é uma grande merda. Mas, não me vejo em meio a manada, vestido de verde e amarelo berrando “cloroquina, cloroquina, cloroquina de Jesus”, vivo nas minhas vulgaridades superficiais.
Talvez, o que me mantenha no nível da lâmina d’água, que me salva de afogar-me no mar de banalidades insignificantes seja a música, leitura, família, amigos, meus desenhos e uma crença na ciência. Portanto, meu invólucro não me permite discutir a eficácia da Cloroquina, ou se o Tampo ianque está tomando via oral, intravenosa ou retal e se sua cópia mal engendrada está a imitá-lo.
Entretanto, me permito falar do jumento batizado que está assinando o receituário, via internet em vídeo, como se médico fosse, instigando o povo a usar indiscriminadamente a dita droga. Em minha medianamente opinião, esse sujeitinho é cafajestemente criminoso.
Inegavelmente não seria o que sou, se não fosse a generosidade delas, as mães, que me deixam orbitá-las. Desde muito cedo, logo aos 9 anos, quando perdi minha mãe biológica, fui morar com minha Tia Geralda, que me criou e ajudou a formatar meu pensamento.
Ela não tinha filhos, nos adotou eu e mais dois irmãos mais novos, Neguinho ( Silva) e Carlinhos (in memoriam) sendo caçula. Por não ser casada, logo, sofria todos os preconceitos que uma mulher poderia sofrer nos anos 70, nesta condição e claro, nós sentíamos o peso disto também.
Lembro que muitas mães, de nossa rua, a Augusto da Escóssia,49, Paredões, Mossoró/RN, não permitiam seus filhos brincassem com a gente, algumas delas faziam questão de deixar isto claro em alto e bom som: “Não quero vocês brincando com filhos de puta…”. Dona Geralda nos sentava a mesa e dizia: não liguem não, ela tem inveja de vocês, porque vocês são mais bonitos e inteligentes que os filhos dela, ela é uma coitada, não sabe ler, é uma pessoa amarga, apanha do marido e depende dele, isto a deixar frustrada que acaba descontando em todo mundo, até nos filhos dela. Vocês sabem que eles vivem de castigo, ne!?”
ensinamentos que estão tatuadas em minha memória e, certamente, os levarei ao túmulo. Quem poderia agir assim, com tamanha generosidade, se não fosse uma mãe de verdade, que apesar de ser, nunca gerou um? Em meu parco entendimento, somente uma força que nasce do lado esquerdo do peito: amor.
Meu pai, viúvo, casou-se novamente com Damiana, ganhei outra mãe, logo teria eu três mães, uma benção – como diz minha irmã Naninha(Eliana Lima). Na minha casa éramos três homens: eu e meu dois irmãos, Tia Geralda (minha mãe) Helena, que ajudava nos afazeres domésticos e suas três filhas, – que as considero minhas irmãs e elas a mim – 3 homens e 5 mulheres, os “benditos frutos” entre as mulheres.
Case-me com Isi (in memorian), me presenteou com dois filhos: Polary e Pollyanne, depois Maria me deu Jade e Edna que me ofertou com Larissa.
Hoje ao meu entorno, quer dizer eu ao delas, estão Maria, Pollyanne, Jade, Larissa e minhas netas Kayllanne (Segundo/Michele) Aléssia (Alex Polary/Sanara) Valentina (Polly/Felipe) Lívia (Jade/Roberto), como visto, meu universo é feminino gestado por mulheres. Desde muito cedo aprendi, a cortejá-las, amá-las e respeita-las.
A elas sou grato e, por que não deveria, se sou o que sou por causa delas? Hoje, agradeço e desejo a todas as mães da minha vida um Feliz Dia das Mães.
O cartunista romeno Radu Itazco, comanda um time de outros grandes cartunistas brasileiros de primeira linha, composto pelo cearense Cival Einstein, os mineiros Edra Amorim e Silvano Mello em um projeto chamado Cartoons Anthology – Antologia Mundial de Cartunista na Romênia, no qual está reunindo desenhistas brasileiros para participar, este que será, a princípio, um livro digital, o famoso e-book, e também posteriormente terá uma versão impressa. Hoje, o projeto está ancorado no Facebook, (clique) e pode ser vista os profissionais do desenho que já estão inseridos os novos que vão chegando.
O projeto, por definição trará, se não todos os cartunistas, o que seria impossível, mas revelará uma grande parcela destes profissionais que fazem cartuns e caricaturas na língua portuguesa, mais especificamente, em terras brasileiras.
Eu, me sinto honrado em merecer fazer companhia a renomados cartunistas, como um dos representantes aqui, de nosso torrão potiguar. Avante, Radu!
Os amigos cartunistas que quiserem fazer parte, abaixo tem o regulamento:
Pedi-lhe para escrever algo para eu botar no meu livro Milícia no Divã, uma espécie de prefácio. Você começa dizendo que é uma tarefa prazerosa e muito fácil dizer sobre mim e imprimiu um belo texto, me deixando descompromissado com a vaidade, não por mim, mas, por você.
Ontem, depois de sua visita – nós no 3º andar você, Felipe e Valentina no estacionamento – como bem sabe nossas vidas são massivamente alicerçadas em livros e músicas, não necessariamente nesta ordem, pois, fazemos da música nossas orações rotineiras e, dificilmente, alguém nos pega de calças curtas: no mínimo estarão dois aparelhos soando uma bela canção ou eu mesmo tentando fazer as pazes e acabar com essa malquerença de mais de 30 anos que o violão tem comigo.
Quando voltei, ao meu computador, a Tracy Chapman cantava Baby can i hold you -, claro, lembrei-me de nossas viagens à praia de São Cristovão, em Areia Branca/RN a bordo do nosso bravo Fiat 147, com suas rodas de liga-leve, riscava a estrada de chão batido, sempre com seu RoadStar a rodar uma fita cassete Basf fazendo a trilha sonora. Certa vez, em uma dessas muitas vezes à bela Cristovão, a Tracy Chapman nos fazia companhia, aliás, você a acompanhava cantarolando empolgadamente, creio que foi Maria a observar: Pollyanne é inglês, você sabe o que está dizendo? E você sem perder sem sair do tom: “Aqui ninguém sabe inglês, ninguém sabe o que estou dizendo”. Todos rimos. Nos juntamos a dupla, fizemos coro com Baby can i hold you, misturando o inglês dos Paredões, lá de Moscov (Mossoró/RN) com o bem “dizido” de Almino Afonso/RN, a viagem se tornou mais curta.
Áudios que me passou, ontem.
– Quem estava na sua barriga?
– Você, Valentina.
– Então, você não ajuda a sua única filha a juntar os brinquedos?
Ouvindo este diálogo, me veio a lembrança, se não me falha a memória, quando nos deu a resposta sobre o inglês, certamente, tinha mais ou menos a mesma idade de Valentina, 3 anos, logo não há como não fazer uma ligação direta com semelhança da perspicácia, criatividade e poder de raciocínio rápido, isto é, inteligência, fico sim vaidoso. Ter a família que tenho, dos filhos, noras, genros e netos que me deram, não é para menos. Cada vez mais fico desnudo da falsa modéstia, me parece que criatividade é o ingrediente mais presente por aqui.
Bom, na verdade dei esse “arrudeio” todo somente para dizer que vocês são a melhor parte mim e, se existe algo de bom em mim, fiquem certos: foi vocês que me deram. Pode ser, e é, um chavão desgastado, mas resistentemente verdadeiro: família é tudo! Arisco a dizer que é o maior patrimônio que alguém pode construir. Sinceramente, se não fosse seu pai, seria indubitavelmente incompleto, ser seu pai me fez um ser humano melhor.
A música sem dúvida alguma, certamente, é o mais próximo que talvez eu chegue perto de Deus. Pelos enormes motivos e pecados mil. Entretanto, quando ouço acordes invadindo meus tímpanos me parece catapultar a outro mundo, onde a paz, solidariedade, o amor se faz presentes em suas imagens primárias, sem arrodeios ou atalhos, e certamente, se Deus é amor, a música é o caminho mais curto para se chegar a Ele.
Romântico? Talvez! Sentimental? Muito. E a música é culpada de minhas “fraquezas”. Quando penetra pelos poros não resisto e me entrego, se foi assim, assim será.
Seu nome por exemplo é fruto de noite, do show de João Bosco, no “Posto Imperial”, lá em Mossoró/RN, quando ele cantou Jade, nós dissemos que iríamos ter uma filha e se chamaria Jade, és tu Jade Brito e Silva
Boa parte de minha nano-cultura vem da música. Lá pelos anos 70, eu ouvia uma que me chamava a atenção logo queria saber o que tinha além, dos acordes, da melodia, da letra, ainda hoje é assim.
Quando eu tinha nove anos minha mãe morreu, me trancava no banheiro e chorava quando ouvia “Coração de luto – Teixerinha”. Já trabalhando no jornal Gazeta do Oeste, quando uns 15 “burrinhos” já eram degustados meus “amigos”, sorrateiramente, iam a dona Luzia do Ponto Frio e pediam para ela botar na vitrola “lady Laura – Roberto Carlos” para me verem chorar, devia ser divertido pra eles, ver um marmanjo chorando lembrando de não ter mãe.
Sua história foi asfaltada de música, lembro de todas elas, de suas fases, criança, adolescente e adulta. Conheço cada nota, cada acorde que faz da vida o que você é.
Hoje, mãe e com uma enorme responsabilidade de criar outro ser, tenho a mais absoluta certeza que seguirá a pauta e, certamente, irá compor, aliás está compondo uma bela melodia que já nos encanta. Sempre cabe mais um no “Eu sem você não tenho porque. Porque sem você…” que você traz tatuada na pele e na alma.
Confesso que hoje, queria lhe dar um abraço apertado. Mas… Então cantemos. “Vai Passar nessa avenida um samba popular…”
Lá pelo final da década de 80, Mossoró já contava com seus talentos iniciando pela curiosidade e pela identificação na área de propaganda, publicidade e marketing. E isso antes mesmo de Rogério Dias e o seu irmão, Ivanaldo Xavier, oficializarem a Auge Propaganda, uma das agências pioneiras, dentro dos padrões legais e ajustada a necessidade de mercado do seu tempo.
Nesse prisma, já era salutar a parceria, até porque, no momento, ninguém envolvido com esse tino reunia condições financeiras para montar uma agência. Segundo, porque todo trabalho criativo e de abrangência, principalmente que venha persuadir um público alvo, depende de quadros pessoais que formem o pendão norteador de um trabalho proposto.
Embalados pela magia dessa descoberta, eu, Laércio Eugênio e Brito e Silva começávamos a desenvolver algumas parcerias. Brito e Laércio, chargistas, desenhistas, bons na arte como são até hoje, arrebentavam. Juntei-me a eles para produzir os textos. Não havia os recursos da Internet como o hoje indispensável suporte do Google. Tudo era feito no peito e na raça. As artes eram pontilhadas no lápis, a diagramação na cola bastão. Para o aprimoramento líamos Torben Vestergard, Kim Schroder, Mena Barreto e outros do gênero. O resto era por nossa conta.
Esses resquícios de doces lembranças foram para resgatar um episódio, entre tantos, que marcaram a nossa produtiva convivência no campo da criação. Há sempre de ter os episódios.
Acho que, intermediado pelo porreta comunicador, o camaradinha Caby Costa Lima, nós fomos sondados para executar uma campanha publicitária. O cliente desejava uma campanha completa, que envolvesse rádio, jornal, televisão e outdoor. Sentimos o peso da proposta, porém não fugimos à luta. Como não existia sede, a gente se reunia na casa uns dos outros, conforme as conveniências.
Pegamos pressão, estávamos cheios de vontade. O cliente era o empresário Aurizilênio Leão Carlos, a empresa a EAPA Projetos Agrícolas. Marcamos o primeiro encontro para esse trabalho na casa de Laércio no conjunto Abolição. Era um período de inverno rigoroso e naquela noite despencava do céu mais uma chuva grossa. É tanto que como dependíamos de carona, eu e Brito chegamos atrasados, mas não seria aquele toró que iria impedir que a gente varasse a madrugada até produzir o maior número de peças para serem submetidas à apreciação.
Centralizamos a campanha na proposta da empresa em estimular os produtores rurais através dos seus projetos. A EAPA era a solução para alavancar o setor agrícola na região. Nessa linha idealizamos as peças para outdoor, jornal e rádio. Faltava a televisão.
O tempo corria na velocidade da água que caía do telhado em correntes clareadas pelos relâmpagos no compasso com as trovoadas. E a gente queimando pestana entre sucos, cafés com bolacha e cigarro. E a chuva que teimava em nos acompanhar sem perder o ritmo.
Foi então que, para a propaganda da televisão, alguém sugeriu que fosse feita uma fotografia de um terreno rachado pela seca, na tela, onde ao longe, surgiria a logomarca da empresa, amiudada, mas crescente ao avançar sobre a terra seca. E da forma em que, se observada de uma altura alpina lançasse uma luz por onde passasse, semeando a terra e fazendo brotar uma plantação. Na sintonia, um texto enaltecedor. Era aquilo. Estava tudo pronto.
Relaxamos realizados, mas antes que nós escolhêssemos o fotógrafo para colher a imagem da terra seca, eis que alguém lembrou:
– Com essa chuvarada, onde diabos a gente vai encontrar uma terra seca, rachada?
A ideia virou água, literalmente e tivemos que mudar toda campanha, deixando para outro dia. Algumas peças ainda chegaram a ser veiculadas. Mas nada de televisão.
Depois de tempos de confinamento, em dupla de quatro: eu e Maria, Maria e eu, estou me dando conta que minha lucidez está ficando mais assentada, cada vez mais lucidamente lúcida, serena e equilibrada.
As percepções, os sentidos estão mais fluídos, mais naturais, talvez com suas capacidades no ápice. Ouço vozes, falo sozinho, danço, toco violão, pinto e bordo. Vejo o sorriso de Aléssia andando pela sala, repondo “te amo” a Enzo, me encanto com Valentina se apresentando, fazendo do sofá seu palco, vejo Lívia abrindo os olhos quando paro de tocar pra ela dormir. Canto com Polary “Fanatismo”, “Chega de saudade” com Pollyanne, Jade e eu tocamos “Samba em Prelúdio”, para Larissa toco “É preciso saber viver”. Enfim, estou mais vivo que nunca. Agora, as coisas a mim, são muito mais claras e simples.
Em estado de poesia, com o violão nos braços, depois de errar algumas centenas de vezes a mesma nota, me aborreço e falo em voz alta: Porra, errou de novo? Sem se fazer de rogada, lá da cozinha, Maria diz: “pergunte ao seu amigo invisível, se ele quer um cafezinho?”. Tomei o café pelos dois.
Falando em amigo invisível, certamente, cometerei uma indiscrição, mas, sei que Dra. Priscila Cibelle, com seu coração do tamanho do mundo, me perdoará. Na movimentada casa de Nevolanda (in memoriam) minha sogra, que mais parecia um mercado persa. Havia dias em que netos brotavam de todos os lados: nas janelas, em cima e embaixo da cama, no sofá, nos corredores, no telhado, para onde olhasse tinha pelo um par de netos brincando, do jeito que ela gostava: casa empanturrada de vida viva por todos os cantos, do terreiro ao oitão.
Certa vez, uma bela loirinha em prantos entra correndo na cozinha, Nevolanda, pergunta porquê de tanto choro, em seu mais lúcido momento diz: “Voinha, foi Tio Paulo matou meu amigo invisível”. Claro, os adultos, sem alma e pouca imaginação riram para se acabar.
Nesta clausura, tenho ciência do que a pequena Priscila falava e sentia. Ando ouvido vozes e vendo coisas. Canto com meus filhos, netos e amigos, devo confessar até brigo com alguns. Vivendo, o que vivo hoje, não quero ser nem mais nem menos do que sou.