Um deus pra chamar de seu

Sempre me causou espanto e fascínio as questões da alma humana, da existência, por que se busca tanto Deus e as religiões? Nos meus tempos de adolescente questionava o porquê de tantas religiões? Principalmente, aqui no ocidente onde as tradições e manifestações populares, a priori, são tão parecidas. Até porque o Deus é somente Um!

Ora, em minha santa e abençoada ignorância não sabia das mais de 35 mil praticadas nos continentes asiático e oceânia. No Butão, por entre as montanhas do Himalaia tem a religião do “Falo Sagrado”, onde há santuários com pênis enormes em riste apontando para os céus. Nos mais de sete bilhões de humanos sob este céu há todo tipo de religião a gosto dessa enorme freguesia. 

Em verdade vos digo, meu deslumbramento pelos escritos nos livros bíblicos ainda me causam comoção, suas parábolas e as palavras ditas por aquele Rapaz vindo lá de Nazaré com uma boa nova, mudando toda uma concepção até de ter, ver e estar com Deus, saindo de um Deus quase tirânico, grego demais, para Um mais humano, compreensivo, amoroso, tolerante. Este Deus dito por seu Filho, – que na verdade era o Próprio – falava de opção pelos pobres, os humildes, doentes, humilhados, escravizados, tinha Ele e era latente uma especial ternura a alma humana sofrida. 

Certamente, em algum ponto de minha pobre trajetória sexagenária, descobri que continuo sem entender o deus de muitos de religiões variadas falam, destes que possuem calos nos joelhos de aos domingos orar e rezar e, certos de serem “limpinhos’, dizem que são cruelmente cristãos, a favor da tortura, vendem e compram a fé pela cotação de mercado, destes que veem o pobre como uma sub-raça, como algo desprezível, como lixo, destes que dedicam desdém por aqueles que lutam por dias melhores para todos os trabalhadores e cidadãos, destes que sob o “manto da má religião”, distorcem tudo que não concordam, destilam ódio a tudo que não entende e não querem entender, tendo a ignorância e arrogância como bandeira da verdade, certamente não faço parte desta legião o deus dessa gente, certamente, não é o Meu.

Ter um deus ou uma religião para chamar de seu, nestes tempos onde tantas religiões se proliferam como ervas daninhas em um terreno fértil de nulidades e com tantas igrejas falando em deus numa estridente confusão de vozes, parecendo uma Babel, não está fácil. Ele precisa voltar!

Brito e Silva – Cartunista

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