Maria e o Rei do Rock

Esses 10 dias findos últimos, fui instigado pelos jornalistas Gilberto de Souza e o Cefas Carvalho para participar de uma brincadeira de salutar inteiração.

Essa mesma. Onde você convida um amigo por dia para postar um álbum musical que lhe marcou e, consequentemente, ele convida outro e mais outro e você vai vendo alguns preciosidades, que talvez nem fizesse parte de seu gosto ou não estava no seu acervo, mas que o vizinho chato lhe aborrecia tocando noite e dia, assim, rememora músicas que fizeram parte de sua história de vida.

Os meus amigos jornalistas, me deram a chance, mas especificamente Cefas, pois, vou publicar meu décimo disco, desta feita de Elvis Presley, encerrando minha participação na brincadeira, não antes de contar uma história. 

Nos anos 70, a gente morava nos Paredões, em Mossoró/RN, numa casa modesta, mas para os padrões da época pode-se se dizer de classe média, pois, o bem que o colocava numa seleta “casta” mais elevada socialmente era um aparelho de tv e nas redondezas poucas pessoas possuíam televisão. Lembro da maior atração da Praça São José, era uma tv, onde ostentava construção própria especifica para ela, nas noites os bancos e o adro da Igreja de São José ficavam apinhados de gente para assistir as novelas, transmitidas pela Tv Tupi, através da Tv Verdes Mares.

Nós tínhamos a nossa, lembro de uma Telefunken tela grande, preto e branco, mas para dar uma impressão de imagens coloridas uma outra tela suposta, como uma espécie de colobar, era colocada por sobre a tela original, era o que de mais chique se apresentava no mercado da metrópole capital do oeste potiguar, nos anos 70.

Na casa erámos eu com 18 anos, meus irmãos Neguinho (De Assis) com 17 e Carlinhos (In memoriam) com seus 8 anos e dona Geralda, minha mãe e Maria uma menina, que talvez da minha idade, ajudava nos serviços domésticos. 

Lá pela segunda metade do mês de agosto de 1977,  todos a mesa para o almoço entra Maria, que estava na sala vendo tv, banhado em pratos, soluçando em um choro desesperador, o que assustou a todos nós, Dona Geralda preocupada levanta-se vai até ela, põe a mão por sobre seus ombros, num gesto de acalanto e, pergunta: O que foi, minha filha? Balbuciando Maria respondeu: Elvis morreu! 

Todos riamos. Minha filha faz mais de uma semana, disse minha mãe. Foi? Indagou Maria incrédula, limpando as lágrimas dá meia volta para sala, foi ver à Tv Verdes Mares. Depois soube que ela nunca havia ouvido falar do Rei do Rock. 

Brito e Silva – Cartunista/Publicitário

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