Brasil x Suíça

Minha filha, Jade Brito, costuma repetir o genial John Lennon, sempre que a oportunidade solicita: “A ignorância é uma espécie de bênção. Se você não sabe, não existe dor.” Porém, preso a minha enorme ignorância arrogante, não entendi ou talvez vi apenas o verso.

Ontem, compreendi:

– Bom dia, amigo. Parece morocoxó?

– Bom dia seu Brito. Respondeu-me meu amigo Delegado (Porteiro, filósofo, monge e sociólogo)

– Estou mesmo!!!

– Por quê?

– Ontem, minha neta me disse que no Brasil ainda existem 12.9 milhões de analfabetos, uma Suíça e meia e, que por lá, não tem um analfabeto para se “fazer um chá”, e que professor ganha mais que deputado.

– É a mais pura verdade. Mas, não fique triste não, amigo.

– Como não seu Brito? O senhor não sabe o que é ver uma placa e não saber o que está escrito, aprendi a ler aos 50 anos.

Fiquei mudo. Ele Continuou:

– Estou com o coração pesado, pensando nessa multidão de analfabetos sem ninguém para ensiná-los.

E eu que pensava, que quando pensava, pensava estar me libertando dos meus demônios, de minhas dores. Entretanto, lá no fundo, sempre soube, que pensar não é nenhum descarrego, um banho de água morna, onde faz a sujeira descer pelo ralo. Pensar é cruel, dolorido e, tal qual Sísifo, quem se propõe a fazer, passa a vida inteira subindo montanhas com fardos cada vez maiores. Pensar não é uma atividade fácil e leve, talvez e por isso mesmo, poucos se dedicam a fazer.

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