Adeus querido!

olho

           Hoje, poderia ter amanhecido mais alegre, sentindo-me em Shangri-La, afinal, vou tentar eleger meu candidato a prefeito e o representante ao legislativo municipal, um velho conhecido aqui, do bairro, com uma sede de justiça social e vê na política o caminho para uma sociedade mais justa e igualitária. Eloquente, direto, fala o quê é preciso ser falado, sereno tal qual Francisco Cândido e um bisaco esborrotando de boas intenções. Já disseram “Esse aí não serve para político” ou “Esse era quem devia ser o candidato a prefeito”, e, pelo percebido, as duas opiniões estão corretas.

         Certamente este alvorecer, deveria romper a barra do horizonte anunciando boas novas, como naqueles dias em que um locutor de FM, persistindo imitar o gasguito Galvão Bueno, diria em alto e bom som que este 2 de outubro seria “um dia cívico, festa da democracia”, encorajando-me a bater o mofo daquela camiseta que visto há cerca de 12 anos, cujo o único objetivo é dizer a todos de quem será meu voto, porém, como diria o saudoso Maluco Beleza, acho isso uma piada um tanto quanto perigosa. Meus sentidos estão em queda livre, creio ter catapultado em um salto quântico projetando minha consciência um mês à frente, permanecendo nesta dimensão somente a frágil parte corpórea sem um naco de energia e, nem o ouvir generoso e suave do falar de Socorro com suas flores, as vozes dos netos me fizeram sair deste estado de pantanosa tristeza, já coloquei na vitrola aquela velha canção de rock’n’roll, ainda assim, prossigo olhando para o chão, seguir caminhando e cantando falta-me ânimo, de fato, estou mais para chorar meus mortos.

         Um amigo, de direita, repeti-me insistentemente na rede social, uma frase nova que aprendeu com um igual: “o choro é livre”. De certo, eu diria “que triste é o sorriso dos ignorantes,” mas, me abstenho da peleja, hoje não seria um bom adversário e poderia trair-me, caindo na fácil discursão estéril. Claro, que é ela não morreu, entretanto, sofreu um GOLPE profundo e mantém-se bastante enferma na UTI. Sim, isso não é fazer drama não, só os bravos que lutam por um mundo melhor sabem o quê digo. Agora, quem me garante a permanência de meus eleitos no poder pelos próximos 4 anos? E, se um “anjo de asa cortada” não gostar deles e resolver impedi-los? E, se imputá-los a responsabilidade pela “Grande Depressão de 1929” e provar através de delação premiada do cego e mudo que esmola, aqui na esquina? Quem me garante o valor do meu voto ser respeitado? Por favor, não me fale do beiçola…aquele ali, só garante votos do, do, do…Ah! Você sabe.

       Sem saída, arrasto-me à minha zona, onde tenho um encontro inadiável com ela, majestosa, linda e jovem democracia. Ainda assim, caminho como quem segue um cortejo fúnebre ou como um touro ao matadouro. Durante os últimos 100 metros que antecedem minha digital daquela maquininha, lembrei-me que a luta ainda está por vir. Contemplar aquela imensa fila de pessoas, que apostam seus sonhos na democracia, é um bálsamo para os olhos e alma, revigorado digito.

         Adeus meu querido voto! Boa sorte, que os deuses da democracia o proteja.

         Fora temer!

 

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1 Resposta

  1. Marcos Aurélio disse:

    Belo texto.

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