TABEFE – Brito, Laércio e Jaques

Lá por volta de 1983, Eu, Laércio Eugênio Cavalcante e Jaques Cassiano em algum bar, das noites da terra de Santa Luzia, Mossoró/RN, tivemos a ideia de criar uma revista de charges e cartuns que chamamos de TABEFE. Logo foi muito bem aceita na cidade e no mundo cultural. Naqueles tempos escuros o movimento estudantil se fazia bastante forte e era onde se encontrava eco e espaço vigoroso para lutarmos contra a ditadura. O lançamento da Tabefe foi no ACEU, numa promoção cultural do DCE/FURRN, hoje UERN. Não forço muita minha sexagenária memória a entregar lembranças de como viemos parar numa parceria com DCE da UFRN para lançarmos a revista em um evento cultural que seria realizado no Teatro Alberto Maranhão, certamente, foi através do DEC da UERN. 

Pois, muito bem. Fizemos uma “cotinha” para encher o tanque do Fiat 147 do poeta Gustavo Luz, que também vinha à capital lançar o seu livro Chuvas de Palavras, no mesmo evento. 

Saímos da boa terra com o galo cantando. Gustavo estacionou o possante na lateral esquerda do teatro por volta das 18h. Nunca havia feito uma viagem tão longa, por outro lado também nunca tinha visto na minha vida um carro tão cachaceiro, o “bicho” não podia ver uma placa de Coca-Cola na beira da estrada o motor logo “morria” e a nós só restava nos abastecermos com água que passarinho não bebe.

Teatro lotado e nós também cheios pela “tampa”, respirando álcool por todos os poros – não ficou um bar nas cercanias do Alberto Maranhão que não teve nossa honrosa presença – nos bastidores Geraldo Azevedo dava seus belos acordes de “Bicho de Sete Cabeças”, ansiosas as pessoas entoavam canções – não sei quem teve a brilhante ideia do roteiro: anunciar a gente em cima da hora do cantor, o apresentador sob as luzes diz: “Vou chamar aqui ao palco o pessoal de Mossoró que vem lançar uma revista de charges…”, na coxia já deu para se ouvir os primeiros ensaios de vaia e nós não decidíamos que iria “puxar” a fila para o centro do tablado, não sei quem me empurrou, mas quando abri os olhos estava no meio do palco, ladeado por Gustavo Luz e Laércio Eugênio Cavalcante, de microfone na mão bradei: “A revista Tabefe é um contraponto à Tio Patinhas que há mais de mil anos nos aliena”…Foi uma vaia das mais bonitas que já ecoou por aqueles lados, parecia que estavam cantando uma canção do Geraldo. Como diz aquele outro: a primeira vaia a gente nunca esquece. Porém, vendemos todas as revistas Tabefe e Gustavo vendeu seu livro Chuvas de Palavras. 

Brito e Silva – Cartunista

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