Olho por olho

Afirmou a policial que deu uma tapa na cara da mãe que espancou a filha “Por trás de uma farda existem pessoas”.

A policial virou heroína nas redes socais. “Ela não errou! Por favor, vamos deixar o mimimi de lado! Merece ser promovida” disse alguém “Você tá mais que certa!!!! Nós te apoiamos” confirmou outra. Creio que ninguém tem o direito de esbofetear outra pessoa, além, de estar na lei, é uma atitude de civilidade. Quando isto acontece, não é somente o corpo físico que recebe as pancadas, mas também a dignidade, o amor-próprio, a alma. Claro, as feridas da pele cicatrizam rapidamente, mas as lesões da alma, em geral, custam ou quase nunca saram e, aqui, me refiro a todos os envolvidos. Apesar da policial acreditar que agiu acertadamente, talvez, o tapa dado na criminosa, um dia pode doer em sua consciência.

Quase sempre costumamos atender e nos embriagarmos com o inebriante canto da sereia e sem uma análise do tom, da melodia, da letra mergulhamos de cabeça às profundezas da primeira impressão, percepção da maioria, que em boa medida, a rigor, não é certificado de verdade assertiva e por vezes podemos passar do ponto e seguir a manada.

Heroína? Não, não creio. Na verdade, acho que a policial catapultada a tal condição, no ato, pareceu mais uma “justiceira”. Corporação ou farda de segurança nenhuma autoriza quem a veste a fazer justiça com as próprias mãos, o fato, é que a policial não teve equilíbrio emocional ou inteligência emocional para lidar com a situação, não estou a julgá-la, mas seu comportamento, sua ação, certamente, não foi ensinada em sua formação.

Claro, pode ter sido ímpeto de justiça ou injustiça que falou mais alto, entretanto, do ponto de vista legal, foi uma atitude desmedida e fora do procedimento. Para mim, ela não é bandida nem heroína, como também não tenho a capacidade de condená-la ou inocentá-la. Até porque também não sei o que faria ante a situação. A mãe? Ah! Mãe: uma criminosa, que deve pagar na justiça. Porém, não podemos banalizar a agressão, a incivilidade e a barbárie, se faz necessário um pouco mais de humanidade para darmos um passo à frente. É preciso conter esse nosso instinto primitivo. Imprimiu o grande pacifista Mahatma Gandhi “Olho por olho e o mundo acabará cego”.

Brito e Silva – Cartunista

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