Responsável por boa parte das “memórias” de Mossoró, Vingt-un Rosado completaria 101 anos neste sábado(25)

Por Caio César Muniz – 25 setembro2021

Não se pode falar da história de Mossoró sem citar ao menos uma obra da Coleção Mossoroense: Câmara Cascudo, Francisco Fausto de Sousa, Raimundo Nonato, Raimundo Soares de Brito e mais uma série de memorialistas foram os responsáveis pelo ajuntamento dos fatos, pela apuração, pelo enfeixamento destas histórias em formato de livros.

Porém, estes mesmos fatos que acabaram moldando a identidade (falsa ou não) da cidade, como o famoso motim das mulheres, a abolição dos escravos mossoroenses, o voto feminino e o ataque do bando de Lampião a Mossoró poderiam simplesmente terem adormecido nos braços do esquecimento se não fosse a perseverança e o olhar astuciosos do professor, escritor e editor, Jerônimo Vingt-un Rosado Maia.

Vingt-un completaria neste sábado 101 anos de idade. Era um apaixonado por Mossoró e tudo que lhe cercava, o último filho numerado do farmacêutico Jerônimo Rosado, nada lhe escapava aos olhos, principalmente em se tratando da sua terra natal: a história, a paleontologia, a geomorfologia e mais uma penca de ciências. Não à toa, reconhecidamente pela própria Petrobras, foi um dos responsáveis pela instalação da empresa em solo mossoroense, após muitas tentativas de provar a viabilidade do ouro negro em solo potiguar.

O vigésimo segundo numerado de Jerônimo Rosado iniciou seus estudos no Ginásio Diocesano Santa Luzia, mas também esteve por recife e formou-se em Agronomia no ano de 1944, na Escola Superior de Agricultura de Lavras (ESAL/MG).

Foi ali que nasceu a ideia da ESAM, uma versão mossoroense da tradicional escola mineira, à sua imagem e semelhança e nos anos 60 veio a realizar o sonho, com o apoio do irmão, Dix-huit, à época diretor do Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário (INDA).

Em Lavras foi colega de gente do naipe de Oswaldo Lamartine de Faria, construindo uma amizade que perduraria por toda a vida e foi também onde conheceu América Fernandes, que viria, posteriormente, a ser sua esposa.

O homem por trás de tantas histórias

Se há uma palavra que resume Vingt-un, era “pressa”. Talvez porque quisesse deixar sempre mais e mais de legado para a história, tinha sempre uma urgência que fazia parte do seu cotidiano. Isto talvez tenha até contribuído para a sua saúde não tão em dia, principalmente tendo em vista que também era um guloso assumido e um apaixonado pela culinária nordestina.

Não abria mão, no entanto, de algumas caminhadas ao final da tarde, às vezes na Estação das Artes, quando esta ganhou sua área comum de passeio e, depois, ao lado de América, ao redor da “casa dos 21 tamarineiros”. Era só, mas já era o bastante como exercício físico.

Leitor compulsivo, não dá para mensurar quantos livros leu durante a vida, mas é certo que raramente se via Vingt-un sem algum livro em mãos. Em sua biblioteca um grande acervo de música clássica também compunha seu acervo e, mesmo com uma audição comprometida, não deixava de ouvir os mestres da música mundial.

 Coleção Mossoroense e seus recordes

FONTE: Oeste Em Pauta

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