Adnael Silva: “não consegui me desapegar de material impresso”.

Por Brito e Silva – Cartunista

Adnael Silva, cartunista e arquiteto nascido em 24 de setembro de 1968, em Arapiraca/AL. Tendo suas primeiras impressões no mundo das artes com materiais bem simples como os lápis de cores, canetas, sem falar das tintas de tecidos que sua mãe utilizava para pintar panos de pratos e tolhas de mesa, que certamente, tiveram influência definitiva, juntamente com os incentivos de seus tios os quais rabiscava.

Adnael, na escola já ganhava um “dinheirinho” desenhando os trabalhos dos colegas, que já viam nele o artista cartunista de fino traço, contundente, crítico e suave, que hoje temos o prazer de tê-lo como um dos melhores cartunistas do país. Morando, desde 19887 em Maceió, mas podemos dizer que Adnael, certamente, está entre os grandes do país, o terceiro lugar no 4º Salão Online de Humor de Pindamonhangaba/SP, com a caricatura de Aldir Blanc, entre outros salões de humor nacionais, o referenda e credencia.  

Sabemos que é na infância onde tomamos os primeiros contatos com pincéis, tintas, lápis e papel, com você assim? 

Sim, comecei com material bem simples, grafite, lápis de cor, caneta Bic e papel sulfite, e trabalhei apenas com estes por muito tempo. Contato com tinta, na infância, tive pouco – apenas tinta para tecido, que minha mãe usava, para decorar panos de prato e toalhas de mesa, geralmente. Só já adulto, tive contato com materiais mais voltados especificamente para desenho, como tinta nanquim, papéis especiais, etc.

 

Desenhar teve alguma influência ou você é a “ovelha negra” da família? 

Minha mãe já pintava em tecido, como falei anteriormente e alguns tios desenhavam, mas a dedicação aos desenhos mesmo foi instinto próprio. Desde os primeiros anos de escola, comecei a fazer histórias em quadrinhos, (onde eu criava os roteiros e desenhava) que emprestava para alguns poucos amigos na época lerem. E foram cerca de 45 (muito toscas, claro, pois ainda era uma criança) com 7 personagens próprios e vários temas: faroeste, ficção científica, selva e cangaço.

Quando tomou consciência que o desenho, mas especificamente, o cartum a seria sua profissão? 

Nos anos escolares já ganhava algum dinheirinho, eventualmente, pois fazia desenhos para trabalhos escolares de outras pessoas, como células, vermes, figuras históricas, entre outros, mas a princípio, nunca achei que conseguiria ter o desenho como profissão. Comecei a fazer charge já perto de 18 anos e logo comecei a produzir para um jornal por uns 2 meses, mas como tive que ir para Maceió para estudar arquitetura, tive de abandonar. Na faculdade, continuei desenhando e cheguei a fazer duas exposições de charges e caricaturas na biblioteca da UFAL. Ao me formar, já trabalhava numa agência de propaganda no departamento de arte. Quando me formei, paralelamente ao trabalho da agência, comecei a fazer charges e ilustrações para um jornal aproveitando as 2 horas da hora do intervalo para almoço. Hoje em dia, faço charges para o maior jornal de Alagoas, mas é apenas minha segunda fonte de renda. A principal sempre foi meu estúdio de design gráfico.

Nos anos escolares já ganhava algum dinheirinho, eventualmente, pois fazia desenhos para trabalhos escolares de outras pessoas, como células, vermes, figuras históricas, entre outros, mas a princípio, nunca achei que conseguiria ter o desenho como profissão. Comecei a fazer charge já perto de 18 anos e logo comecei a produzir para um jornal por uns 2 meses, mas como tive que ir para Maceió para estudar arquitetura, tive de abandonar. Na faculdade, continuei desenhando e cheguei a fazer duas exposições de charges e caricaturas na biblioteca da UFAL. Ao me formar, já trabalhava numa agência de propaganda no departamento de arte. Quando me formei, paralelamente ao trabalho da agência, comecei a fazer charges e ilustrações para um jornal aproveitando as 2 horas da hora do intervalo para almoço. Hoje em dia, faço charges para o maior jornal de Alagoas, mas é apenas minha segunda fonte de renda. A principal sempre foi meu estúdio de design gráfico.

A família apoiou?

Sim, pessoas simples do interior, mas que percebiam que esse seria meu caminho.

Quantos de anos estrada, amassando e rabiscando papeis em busca suplantar o desafio do papel em branco? 

Desenhando desde criança, mas profissionalmente, já com salário desde os 18 anos, hoje estou perto dos 54.

Como avalia a qualidade do cartum brasileiro? 

Muito boa, temos grandes artistas que se destacam nacionalmente e internacionalmente, e até vencem concursos no exterior. 

Você acredita que o cartunista brasileiro é bem remunerado? 

Não conheço muito bem a realidade de outros estados, pois muito pouco se fala de salários nesse meio artístico (até onde sei), mas acredito que poucos conseguem viver exclusivamente do cartum/charge/ilustração, principalmente quem vive longe dos grandes centros. Geralmente, tem que ter uma profissão paralela para complementar a renda, mesmo que seja uma profissão que tenha afinidade também com arte. 

No mundo dos traços quais foram suas influências e seu ídolo – se é que tem um?

Não tenho um ídolo específico nem influência específica, fui amadurecendo com a mistura do que via/vejo para criar um estilo próprio, sempre em fase de evolução. No começo tinha mais acesso ao trabalho do Chico Caruzo. De uns tempos para cá, com a internet, tive acesso aos trabalhos de vários artistas, os quais admiro muito o trabalho e que servem inspiração. Para citar apenas alguns: Baptistão, Dálcio, Quinho, Cau Gomes, Angeli, Ique, Hoisel, Sebastian Kruger…

Qual a charge, cartum ou caricatura que gostaria de ter desenhando? 

A caricatura do Sylvester Stallone feita por Sebastian Kruger é uma das obras que gosto muito. 

A internet restringiu muito, quer dizer, praticamente acabou com os jornais e revistas impressos e consequentemente com os espaços para os profissionais do cartum, você acredita que também abriu outras oportunidades e novos mercados?

Ainda hoje não consegui me desapegar de material impresso, prefiro a obra física que digital para ler. Apesar de ter acabado com vários jornais e revistas, a internet abriu portas também e todos os cartunistas tiveram que se adaptar. Um dos benefícios da internet é que conseguiu dar visibilidade ao trabalho de muita gente, tanto no Brasil como internacionalmente. Revelou também outras formas de ganhar dinheiro como alternativa ao impresso, como canais no youtube, e-books, blogs, etc.  Também facilitou o conhecimento e a participação em eventos, tanto nacionalmente como internacionalmente. 

O que é ser um cartunista? 

Ao meu ver, é ter a vontade incontrolável de “colocar no papel” de uma forma bem humorado ou que faça refletir, a nossa visão do mundo que nos cerca. Cada um explorando sua vertente, a política, o cotidiano, o lúdico. É poder passar uma mensagem simples, muitas vezes sem palavras, que seja compreendido pelas várias camadas sociais, seja fazendo rir, pensar, denunciando, alertando os problemas socias que nos afligem, principalmente.

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