Pollyanne Brito

Natal, 27, de abril de 2020.

À Pollyanne Brito.

Pedi-lhe para escrever algo para eu botar no meu livro Milícia no Divã, uma espécie de prefácio. Você começa dizendo que é uma tarefa prazerosa e muito fácil dizer sobre mim e imprimiu um belo texto, me deixando descompromissado com a vaidade, não por mim, mas, por você.

Ontem, depois de sua visita – nós no 3º andar você, Felipe e Valentina no estacionamento – como bem sabe nossas vidas são massivamente alicerçadas em livros e músicas, não necessariamente nesta ordem, pois, fazemos da música nossas orações rotineiras e, dificilmente, alguém nos pega de calças curtas: no mínimo estarão dois aparelhos soando uma bela canção ou eu mesmo tentando fazer as pazes e acabar com essa malquerença de mais de 30 anos que o violão tem comigo. 

Quando voltei, ao meu computador, a Tracy Chapman cantava Baby can i hold you -, claro, lembrei-me de nossas viagens à praia de São Cristovão, em Areia Branca/RN a bordo do nosso bravo Fiat 147, com suas rodas de liga-leve, riscava a estrada de chão batido, sempre com seu RoadStar a rodar uma fita cassete Basf fazendo a trilha sonora. Certa vez, em uma dessas muitas vezes à bela Cristovão, a Tracy Chapman nos fazia companhia, aliás, você a acompanhava cantarolando empolgadamente, creio que foi Maria a observar: Pollyanne é inglês, você sabe o que está dizendo? E você sem perder sem sair do tom: “Aqui ninguém sabe inglês, ninguém sabe o que estou dizendo”. Todos rimos. Nos juntamos a dupla, fizemos coro com Baby can i hold you, misturando o inglês dos Paredões, lá de Moscov (Mossoró/RN) com o bem “dizido” de Almino Afonso/RN, a viagem se tornou mais curta.

Áudios que me passou, ontem.

– Quem estava na sua barriga?                                                                        

– Você, Valentina.

– Então, você não ajuda a sua única filha a juntar os brinquedos?

Ouvindo este diálogo, me veio a lembrança, se não me falha a memória, quando nos deu a resposta sobre o inglês, certamente, tinha mais ou menos a mesma idade de Valentina, 3 anos, logo não há como não fazer uma  ligação direta com semelhança da perspicácia, criatividade e poder de raciocínio rápido, isto é, inteligência, fico sim vaidoso. Ter a família que tenho, dos filhos, noras, genros e netos que me deram, não é para menos. Cada vez mais fico desnudo da falsa modéstia, me parece que criatividade é o ingrediente mais presente por aqui.

Bom, na verdade dei esse “arrudeio” todo somente para dizer que vocês são a melhor parte mim e, se existe algo de bom em mim, fiquem certos: foi vocês que me deram. Pode ser, e é, um chavão desgastado, mas resistentemente verdadeiro: família é tudo! Arisco a dizer que é o maior patrimônio que alguém pode construir. Sinceramente, se não fosse seu pai, seria indubitavelmente incompleto, ser seu pai me fez um ser humano melhor.

Parabéns, filha amada. Feliz Aniversário!

Seu pai Brito.  

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