Passado

O grande filósofo do cristianismo, o argelino Santo Agostinho tatuou uma das frases mais emblemáticas relativas à definição do tempo “o passado não existe, porque já acabou, o futuro não existe porque não começou, o presente não existe porque se torna pretérito” e ainda adiantou “o que é o tempo? Se ninguém me perguntar, eu sei; porém, se quero explicá-lo a quem me pergunta, então não sei…” 

Eu sou fissurado no tempo, penso nele o tempo todo, todo tempo, acho fantástico e, principalmente no passado, porque para mim, de fato, é o que existe – olha eu divergindo de Santo Agostinho – há muitas teorias filosóficas e físicas sobre o tempo, entretanto, todas apresentam falhas insupríveis, logo posso me dá ao devaneio de ter a minha própria tese.

O passado, só ele existe. Ele é o senhor do tempo, depois de estabelecido nada pode alterá-lo, mudar, corrigir, somente pode ser acrescido numa linha contínua. Não há nada mais generoso que o passado, aquele não esquecido que você pode acessá-lo quando quiser, onde quiser, o tempo que quiser, só ele é real. O futuro não chegou, aparecendo instantaneamente será presente com vida de milésimo de segundo para depois alojar-se no passado, na gaveta das boas recordações ou apinhar-se no baú do esquecimento. 

Eu sou passado, vivo o passado, ainda bem. Do passado me alimento, curto meu passado, acesso-o cotidianamente – não tem como fugir: minha manhã já é passado, beijos dos netos já estão no bornal das inesquecíveis boas memórias – entretanto, nem sempre ele se faz presente por livre e espontânea vontade, e sim, lhe é posto por terceiros obrigando-o a ver o que queria esquecer.

Sou audiência assídua no Facebook do Relembrando Mossoró, do jornalista e escritor Lindomarcos Faustino foi lá que vi o post de uma foto,  aí me deu uma tristeza no meu peito, era o “túmulo” aonde sepultaram a história e o sonho de centenas de profissionais de comunicação, foi lá que conheci Kléber Barros, Nilo Santos, Dorian Jorge Freire, Inácio Pé de Quenga, Laércio Eugênio Cavalcante, Júnior Barbuda, Claudino, Thurbay Rodrigues, Zé Maria Caldas, Sérvulo Holanda, Carlos Sérvulo, Amâncio Honorato, Dona Maria José, Dona Neide, César Santos, William Robson…E tantos outros amigos que os trago, como pingentes, do lado esquerdo do peito. Era ali na Cunha da Mota com a Frei Miguelinho a morada de Canindé Queiroz e Dona Maria Emília, a nossa “casa” a Gazeta do Oeste, naquela esquina boa parte da história contemporânea de todos nós foi escrita e está impressa no passado da memória da terra dos Monxorós. 

Brito e Silva – Cartunista

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