Música para meus ouvidos

“Sem música a vida não faria sentido” – Nietzsche. Sentença com a qual estou plenamente alinhado. A música é um dos meus combustíveis, é minha armadura, para batalhas e pendengas diárias.

Lembro quando trabalhávamos no jornal Gazeta do Oeste, sobre nossa mesa nos acompanhando, residia um aparelho de som em que passava dias e noites nos prestando seu serviço fim. Na verdade, era uma mesa bem longa onde acomodava eu e Maria. Duas pranchetas também compunham a sala, as quais fazíamos rodízios com prioridade para quem fosse ou estivesse desenhando. 

Na sala de arte e diagramação éramos três: eu, Maria e Lins – um amigo de infância lá dos Paredões que por ser um fino desenhista levei para trabalhar comigo na Gazeta, infelizmente não está mais conosco, subiu aos céus – pois bem, por vezes a gente gravava uma fita cassete, os dois lados, somente com uma música e ouvíamos por semanas, isto irritou Lins, que foi reclamar com Canindé Queiroz: 

– Canindé não tem quem aguente aqueles dois. Eles passam o dia ouvindo música e pior: é somente uma música!

Canindé em sua irreverência respondeu: Mas você não é surdo? 

Nesta pandemia, senti muita falta dos filhos e netos reunidos e eu gastando meu vasto repertório de três músicas, tendo como uma efusiva claque dos meus fiéis netos. Devidamente furado duas vezes com AstraZeneca, álcool em gel e máscara já estou recebendo meus filhos e netos. Lívia, minha neta caçula, quando me viu com o violão pegou um pedaço pau, que a avó iria usar num artesanato, postou-se como se fosse um violão e começou a cantar junto comigo, quando eu parava, ela insistia “canta vovô bito”. Agora, de violão em punho fazemos dupla, afinal, ouvir “vovô” é música para meus ouvidos e abranda meu coração.

Brito e Silva – Cartunista

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