Ilha
Ser ou não ser honesto, eis a questão. Não vejo nenhuma questão nisto. Você é honesto ou não, simples assim. Claro, em um país onde se criou a cultura que “todos passam a perna em todos”, ser honesto parece uma ilha, entretanto só parece. Estou certo que a maioria da população brasileira é um Pacífico e tem a honestidade como premissa.
Outro dia, bandidos explodiram um carro-forte a caminho de Mossoró, uma dinheirama ficou espalhada no asfalto outro tanto voando, pessoas que passavam parava suas maravilhosas máquinas e se danava a pescar reais. Fiz um comentário que aquilo não era crime, pois o dinheiro tinha dono. Em menor grau, quem estava praticando o ato também infringia a lei. Logo um sujeito foi contundente: “Se você estivesse aqui também estaria pegando…”, não levei a discussão avante, pois dizer a um cego o quê é um raio de sol, certamente, ele sentirá o calor, entretanto, jamais poderá ver a luz branca se colorir através de um prisma.
Meu filho, Polary, que ora habita a terra de Pablo Neruda, confidenciou que por lá em Santiago, coletivo é “gratuito”. Você declara que não pode pagar e pronto, anda de “grátis”. Porém, se governo descobrir que mentiu, em 48 horas estará na frente de um juiz, onde pode ser sentenciado a alguns dias a um “descanso forçado” por conta do Estado, em um “albergue”, além de uma multa. Caso aplicado a um casal de brasileiros que por lá tentaram dar um “jeitinho” nos seus custos diários com o transporte. No Chile moram milhares de brasileiros que trabalham e vivem honestamente, este casal é daquela “ilha”.
Não sou nativo desta “ilha” do “a ocasião faz o ladrão” surfo ao lado daqueles se banham no “a ocasião revela o ladrão”, também não congrego chamar um marmanjo de “garoto” para justificar seu mau-caratismo e querer reduzir a idade mínima para jogar um miserável que teve a infelicidade de nascer em alguma ruela de uma favela, a qual o Estado ignora sua existência, onde a hostilidade à vida e barbárie são obscenamente naturais, na prisão para depois lhe conceder um “canudo” em PhD de criminalidade. Ou você é honesto, ético ou não, não há meio termo.
Outro dia tente transformar meu Peugeot velho de guerra em um iate, não deu certo. Levei-o à oficina, gentilmente recebi o orçamento: mão-de-obra, R$ 800,00 peças R$ 3.000,00(com ressalva que poderia chegar R$ 5.000,00). Antes tinha ido com meu irmão Elian tentar consertar o ar do meu e do carro dele, pois, sendo dois, acharíamos que negociando ficaria mais em conta. A “loja” condenou os compressores, R$ 4.300,00 para nos livrarmos do calor da Cidade do Sol: Não fizemos.
Para deixar o carro em condições de rodar teria que desembolsar R$ 5.950,00 (O carro não vale isto, que não nos ouça – Socorro diz que ele possessivo, todo dinheiro que entra na conta ele se aposso -), decidi vender, também não deu certo, ignoram. Sem saída resolvi consertar, um amigo indicou uma oficina lá em Parnamirim (Paulo). R$ 2.150,00, ficou tinindo, além de me nortear a outra oficina ao lado da Saci-Parnamirim-, agora, estou “ostentando no bafo” ao custo de R$ 180,00. Ah! Honestidade só existe se praticada.