Elis Regina

Em 19 de janeiro de 1982, em São Paulo/SP, o Brasil perdia uma de suas mais belas e ilustres vozes: Elis Regina Carvalho Costa ou simplesmente Elis Regina no auge de sua carreira, para tristeza de milhões de brasileiros deixava o palco da vida para sempre. Considerada por muitos críticos e entendedores do borogodó como a maior cantora do país verde e amarelo, o que, de fato, essas opiniões tiveram pouca ou nenhuma serventia a mim. 

Apesar de já ser sucesso desde os anos 60, só tive contato com ela, em 1976, antes ouvia uma música ali na Rádio Difusora de Mossoró, uma música lá na Rádio Tapuyo, outra cá na Rádio Rural, mas quando vi o LP – long play – “Falso Brilhante”, foi amor à primeira vista, “arriei os quatro pneus” não sai mais da barra da saia dela.

Engendrei uma combinação com a Radiola Elizabeth V – ABC – Voz de Ouro -, que adornava elegantemente a sala da nossa casa no bairro Paredões, em Mossoró/RN, para tocar somente Elis. Mas por lá também frequentavam para dar uma “palhinha” Vinícius, Gil, Caetano, Gal, Betânia, Chico…Essa turma, então para não criar confusão e ciumeira besta não selamos tal acordo. Porém, Elis era a primeira a girar no palco iniciando involuntariamente com o lado B soando “Gracias a la vida”, seguindo-se o lado A com “Como Nossos Pais” e com direito a vários bis para uma plateia, quase sempre única: eu. 

Como sou um fã meio ou inteiramente relapso, desleixado, pouco cuidadoso acabava por arranhar o disco e, assim de pés juntos e joelhos sobre caroços de milho suplicava sugerindo à dona Geralda – minha mãe – como “castigo”, me mandasse ir na Disco Fitas buscar Elis para casa, ela sempre me obrigava cumprir a “penitência”. Minha adolescência teve sempre a companhia, aliás, na vida adulto e até hoje já um sexagenário, não em sua plenitude discográfica, mas o “Falso Brilhante”. Não sei nem se ela gravou outras coisas, mentira, sei sim: “Romaria”, “Atrás da Porta”, “Hora do Almoço”, “Águas de Março”, “O Bêbado e o Equilibrista”, “Fascinação” se tornado outras grandes interpretações da “pimentinha”, apelido cunhado por ter um forte gênio com respostas “ardidas” sempre que provocada e frases contundentes: “O Brasil de hoje é governado por um bando de gorilas”, disse ela sobre os generais da Ditadura Militar.

Hoje faz 40 anos de sua morte. Confesso que não choro, não rio e não lamento: apenas ouço. Meus mortos sabem de mim, convivo muito bem com eles. Ah! Faz um mês justinho, que escuto Elis Regina – 60 sucessos. 

Elis Regina: Presente!!!

Brito e Silva – Cartunista

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