Artigo

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Minha Cidade, Minha casa I

 

Pessoas circulam sob a ação de qualquer força motriz
pelas estradas atulhadas, de transporte, gente, animais.
Hoje uma Índia no meu nordeste.
Trinta anos atrás era tão belamente pequena e modesta.

Conta à história que muita coisa foi deficiente
testemunhei algumas, outras só ouvi,
delas me fiz presente na labuta
algumas vezes desenhei, outras até escrevi.

Caminhar madrugada afora
Pois, essa era hora da voltar ao trabalho,
parando aqui e ali: namoro, história, estórias,
regada a gargalhadas e cervejas.

Volto e quase nada encontro,
meus jornais já não existem,
não sinto mais o cheiro da tinta,
a paz daquelas madrugadas foi roubada.

Minha cidade cresceu, população nova.
Cruzo com gente e não sou reconhecida:
amigos, ruas, calçadas, todos mudaram.
Só o seu calor ainda aconchega a gente.

Muitos anos aqui vivi, tanta gente conheci
andei por lugares longínquos, em jornais.
Porém, seu cheiro e calor nunca encontrei igual.
Regressa à minha cidade é menear à memória.

Buscar em cada cantinho um fragmento,
uma lembrança, uma estilha daquele tempo.
A realidade daquilo tudo ficou gravado
na carne e na vida que dorme comigo.

Socorro Oliveira

http://registroassinado.blogspot.com.br/2017/02/minha-cidade-minha-casa-i.html?spref=fb

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Fui feliz sim, em 2016!

Arquejando seus últimos suspiros, 2016 teima em não descer a sete palmos, parece nos jogar na cara um aviso de apelo convincente e desesperado, suplicando para que nós não o esqueça, e quem poderia fazê-lo?

De fato, 2016 não foi generoso – nem será de fácil esquecimento- , com o Brasil, aliás, com o mundo. Perdemos figuras importantes da fauna humana global, guerras se intensificaram, eleições inimagináveis em tempos menos turbulentos, sem falar dos imigrantes e refugiados sírios que perambulam ao léu em terras do velho continente, expondo a indiferença e indecência da poderosa Europa em não ter uma resolução definitiva para o problema.

Aqui, na aldeia, Tupã, com vergonha nos deu as costas. Afirmar que sofremos um golpe “branco”, que a democracia foi ferida seria chover no molhado. O certo é, nossas feridas ainda levarão algumas décadas para sarar (se é possível). Listar os desacertos e mazelas contidos nos 365 dias de 2016, levaríamos no mínimo mais de légua e meia (bem contadas).

Entretanto, farei uma defesa desta pequena fração de tempo, no campo pessoal. Puxando a brasa para minha sardinha, 2016, a mim, foi muito bom, quer dizer, foi ótimo: Me dei ao luxo de fazer uma limpa, descartar pessoas e clientes que não poderiam me acrescentar nada, no plano financeiro e muito menos ainda no humano; dei um “chega pra lá” no embuste de ser seguidor de Kenneth H. Cooper; assumi meu lado sedentário e, hoje, me dou ao desplante de comer um pão francês recheado com uma farta tora de queijo coalho; fui apresentado a rede social espanhola www.bebee.com a qual fiz generosas e valiosas amizades (Javier, Juan Imaz, Tifany Rodio e Marcos Vinicius Fernandes Ferreira; recebi velhos e bons amigos em minha choupana e sem dizer que meus filhos, apesar de todos, terem sentido as mesmas dores de 2016, estão todos com saúde e felizes.

Ah! Minha fortuna pessoal cresceu! Somou-se, Valentina, minha neta, o mais novo membro da tribo Brito. Com Maria Socorro de Oliveira  tive duas arengas e meia (de três segundos cada), por causa (e quase sempre) do exagero de exercícios que faço dias a fio no controle remoto da televisão, então, fui feliz sim, em 2016.

A 2017, que venha e não seja tão carrancudo quanto seu antecessor!