Artigo

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Agora, sou cultura!

Desde a infância e adolescência, sempre fui fascinado pelo desenho. Revistas em quadrinhos como Tex, Super-Homem e Turma da Mônica foram minhas primeiras inspirações. Nas páginas da Veja, observava com curiosidade os traços de Millôr Fernandes. Copiava suas charges, acreditando que poderia “melhorar” aqueles desenhos que, aos meus olhos juvenis, pareciam grosseiros. Eu, certamente, desenhava de forma “mais bonita”.

Naquela época, a estética, a beleza formal, era para mim o ponto mais importante no desenho. Se o traço fosse bonito, sua missão estaria cumprida, capaz de agradar ao olhar do espectador. Contudo, como acontece com muitas certezas que construímos na ignorância, essa visão logo desmoronou. Recordo-me do impacto ao abrir a revista Manchete e encontrar um desenho desconcertante: formas desordenadas, quase caóticas, mas carregadas de significado. Aquela obra era nada menos que Guernica, de Pablo Picasso, uma representação do bombardeio da cidade homônima durante a Guerra Civil Espanhola. Esse contato me fez questionar e reformular minha compreensão da estética. Ali começava uma transformação profunda na minha percepção artística.

Apesar de já ter familiaridade com Millôr, foi no final dos anos 70, quando entrei para o Gazeta do Oeste, que minha autossuficiência começou a ruir. Naquele ambiente jornalístico, compreendi o valor autêntico das charges e caricaturas. As criações de Millôr revelaram-se como formas gráficas de alta sofisticação, carregadas de crítica e ironia, especialmente em tempos sombrios. Foi nesse contexto que Eugênio Ramos, diretor de arte do jornal, me convidou a fazer minha primeira charge. Aceitei, e desde então, nunca mais deixei de produzir charges, cartuns e caricaturas.

Nos anos 80, fui profundamente influenciado por um livro do cartunista cearense Mendez, trazido de São Paulo por Canindé Queiroz. Décadas depois, em 2022, tive a honra de participar com uma caricatura no livro Mendez – Mestre da Caricatura, organizado por Levi Jucá. Além disso, colaborei com o livro Darcy 100 Anos – Caricaturas, do Memorial da América Latina, e com 90 Maluquinhos por Ziraldo, projeto que homenageou os 90 anos de Ziraldo, reunindo 90 cartunistas sob a curadoria de Edra.

Entre as conquistas recentes, estão o Prêmio Vlademir Herzog, que recebi em 2020, um Prêmio de Honra na Argentina em 2018, e uma Menção Honrosa no XXIX Salão Internacional de Humor de Caratinga em 2024. Meu trabalho já percorreu exposições na Europa, Ásia e América Latina. Hoje, com orgulho, sou reconhecido como Manifestação da Cultura Brasileira, conforme a Lei Nº 24/2020. Em uma conversa recente, alguém questionou meu sucesso, apontando a falta do “vil metal”. Ora, sorri e concordei. Afinal, cada um coloca valor no que lhe é mais importante.

Viva Henfil, Ziraldo, Mendez! Viva o cartum brasileiro!

Brito e Silva – Cartunista

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Lembra-te de que és mortal

Nos anos 80, a Rede Globo exibia, por volta das 23h, uma série americana chamada Shogun, estrelada por Richard Chamberlain no papel de John Blackthorne, um navegador inglês que, em suas aventuras marítimas, acabou desembarcando no Japão feudal. Lá, ele se tornou testemunha ocular das intrigas, traições políticas e transformações sociais que marcaram o Japão do século XVII.

Nessa época, boa parte da redação do jornal Gazeta do Oeste já havia cumprido sua rotina. As laudas de 27 linhas e 70 toques com as notícias mais relevantes do dia provavelmente já estavam sendo impressas na moderna Dominant 714. Os jornalistas, certamente, já tinham assinado o ponto no bar “O Sujeito” ou no Kikão, relaxando com uma “loira geladinha”.

Eu também já havia concluído minhas tarefas, como fazer a Charge do Dia e coordenar o Departamento de Arte e Diagramação. Costumava esperar Socorro finalizar a coluna de Canindé Queiroz, que, assim como eu, estava vidrado na série Shogun. Durante os intervalos, discutíamos as cenas. Em um desses momentos, Canindé comentou: “O que me irrita é a arrogância intelectual, tanto de quem tem conhecimento quanto de quem não tem nenhum.” E completou: “O primeiro, por tentar impor suas ideias a quem pouco pode discernir, em vez de ensinar. O segundo, por achar que já sabe tudo e não querer aprender.”

Essa frase ecoa em minha mente até hoje, como um lembrete constante. Sempre que minha soberba ameaça ultrapassar os limites, lembro-me dos bobos da corte, que eram os únicos permitidos a ridicularizar o rei. Muitas vezes, seus recados iam além do entretenimento, lembrando que o poder é efêmero e que até os reis morrem. Da mesma forma, no Império Romano, quando um general vitorioso entrava em Roma para receber suas honrarias, um escravo, a cada 400 metros, subia na biga e sussurrava em seu ouvido: “Lembra-te de que és mortal.”

Sinto pena, às vezes, de pessoas que não sabem ouvir, que se consideram infalíveis. Quando confrontadas com seus erros, despidos de subterfúgio, insistem em apontar o dedo para o outro, recusando-se a aceitar a própria falibilidade. Às vezes ponho os joelhos sobre milho.

Brito e Silva Cartunista

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Eu me amo

Outro dia, cedinho no cantar do galo, isto é, dos pardais, meu irmão De Assis – evangélico – passou um vídeo em que um padre fala que não devemos nos preocupar com quem não gosta da gente. À tarde, depois de dividir com João Miguel – meu neto de 2 anos – algumas tapiocas recheadas com creme de Ricota, as quais degusto como quem se delicia com pão doce untado de manteiga – aquela bem amarelinha – Itacolomy derretendo, lambuzando os dedos acompanhando um “café pingado”, ouvindo Maria dizer sua preocupação com minha saúde: não tem gosto agradável, mas é bom para você.

Finalizando a caricatura do Bozo, para um artigo da jornalista Ana Cadengue, esposa de Túlio Ratto, vejo o Cortella falando do cuidado com as pessoas que nos bajulam, elas não querem nosso bem, pois, quem nos quer bem cuida e diz “face to face” o que não queremos ouvir, mas, o que precisamos ouvir, logo ouvi Oswaldo Montenegro falar não querer que as pessoas que não gostam dele, passem a gostar.

Concordo com os três. É certo, devemos dar ouvidos a quem gosta da gente, não aos aduladores que mais cedo ou mais tarde vão nos apunhalar pelas costas. Oswaldo tem razão, também não quero quem não goste de mim passe a gostar, porque assim se mostra infiel as suas convicções, não gostava, permaneça não gostando. Me serve mais.

Há dois tipos de pessoas que podem, de fato, contribuir a nos manter sabedores de nossa finitude, da arrogância, da santidade de pés de barro, para baixarmos a bola, percebamos a necessidade de mais humildade. Além, do mais quem não gosta da gente, certamente, é muito mais leal, e assim sendo, nos põem em alerta, mostrando-nos defeitos, erros e pecados e assim são imprescindíveis, tal as pessoas que nos têm amor. Não sou do tipo “de hoje em diante só vou gostar de quem gosta de mim”, gosto de quem gosta de mim, se gosta eu gosto, se não gosta, a recíproca é totalmente real. Meu pai – em memória – ensinou-me, não há ninguém mais importante que nós mesmos, pode e existe igual, nunca mais.

Como canta aquela banda de rock “eu me amo, eu me amo, não posso mais viver sem mim”…

Brito e Silva – Cartunista

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Abelhas unidas jamais serão vencidas

Por: Ana Paula Cadengue

Arte: Brito e Silva

Conhecida por viver em colônias, a abelha é um inseto social que tem uma visão privilegiada, com três olhos simples, na parte frontal e dois olhos compostos, na parte lateral da cabeça. Tal conjunto possibilita que ela enxergue em cores e possa perceber predadores em potencial a distância, segundo estudo publicado no periódico Scientific Reports, da Nature, em 2017.

Para quem não sabe muito ou quase nada sobre abelhas, também é importante destacar que as colônias em que elas vivem são ambientes organizados, com tarefas e papeis designados. Assim, existem abelhas-operárias, as abelhas-rainhas e os zangões.

As abelhas-operárias são as mais abundantes em uma colônia e são diferenciadas pela presença de uma estrutura em forma de cesto, onde carrega o pólen, resina ou barro. Elas são responsáveis pela manutenção da colmeia, defesa, cuidado com as crias, limpeza do ninho e alimentação dos integrantes da colônia.

As rainhas têm a função reprodutiva e são capazes de colocar milhares de ovos por dia. Já os zangões são os machos reprodutores, gerados por partenogênese, ou seja, por reprodução assexuada.

Agora que você sabe de tudo isso, não é de estranhar o que aconteceu no Rio Grande do Norte no último dia 17 de agosto quando o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, foi atacado por um enxame de abelhas no município de Macaíba e teve que parar de bostejar. “Nós somos uma grande Nação. Nossas escolhas…”, dizia Jair, ao ser interrompido por nossas colegas operárias.

O locutor do evento até tentou fazer piada ao dizer que o Messias era doce, mas vamos combinar que as new heroínas do pedaço não estavam para brincadeiras. É aquela coisa, operariado organizado, liderado por mulheres e vivendo em comunas não vai deixar certo tipo de gente se criar, né mores?

Quanto ao périplo ex-presidencial pelo estado parece que só foi bom para fotos em quinas de rua e não acrescentaram nada nos intentos eleitoreiros da súcia, pelo que retratam pesquisas. 

Alertas, as abelhas sabem que a luta continua. Bzz, bzzz, bzzz.

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Sem anistia para essa gente medonha.


Tenho Zeus e seus auxiliares por testemunhas do meu esforço pagando meu dízimo, meu quinhão para poder a cada dia, me tornar uma pessoa melhor que ontem, entretanto as tentações batem a soleira da porta ao seu bel prazer e, não me digam que é fácil resistir ao canto da sereia. Deus sabe que é difícil vencer Satã só com orações, só quem tentou sabe como dói – diz João Bosco -.

Todas as noites ao tentar um colóquio ameno com meu travesseiro a me conceder uma melhor posição para poder desfrutar o sono dos justos, daqueles sem pecados, e ali com Maria fazer um trisal convidando Morfeu ao nosso leito. Qual o quê? Logo a infalível, rabugenta e impiedosa consciência vem aquinhoar sua parte, sem argumento me rendo aos seus pés a pedir um pouco mais de crédito, sem piedade não dá ouvidos e, assim pago, referendando minha total escravidão. Depois de horas relembrando o dia, pontuando onde fui melhor que ontem, percebendo que é inútil fugir a realidade, viro e durmo, certo que, como Sísifo, o dia de amanhã me espera.

Ao alvorece, no Hora 1, a fumaça impede de uma leitura das imagens com exatidão e, um texto do apresentador diz da prisão de suspeitos acusados de pôr fogo propositadamente e, assumindo o crime por motivações políticas. Um belo cardápio para aguçar as suspeitas sobre aquele grupo político, atropelando Lucas 6:37 que expressa “Não julgueis, e não sereis julgado; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão”. Ora, como não julgar se os antecedentes, a vida pregressa o coloca na cena do crime? Como não condenar se as provas são irrefutáveis e contundentes? Soltar? Não! Não devemos soltar, não devemos conceder anistia a extremista assassino.

Foi ele sim, foi ele quem incêndio e atiçou o ódio no país, o obscurantismo, negacionismo, a não vacina, hoje já morrem crianças por causa da Coqueluche – doença facilmente evitada com a vacina – esse fogaréu tem a gênesis dessa gente medonha negacionista. Prisão a essa horda obtusamente criminosa de alma apodrecida, fétida facção de malfeitores.

Brito e Silva – Cartunista

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Canta Maria

Natal, 23 de agosto de 2024.

À Maria

Nesta.

        Veja, outro dia redescobri Fernanda Takai – Pato Fu – baixei várias músicas conhecidas residentes em nossas “playlist” – frescura – na lista, a quais impôs outra roupagem muito bela, algumas até me catapultou para um tempo distante, lá nos idos do jornal Gazeta do Oeste. No qual aquele micro system que tocava horas a fio fazendo da jornada, de muitas vezes 15,17h, ser menos cansativa e imagine, prazerosa.

        Também é verdade, muitas vezes o seu som de poucos decibéis era suprimido por nossos dotes de cantantes de fim de churrasco, revelando a nossa pouca ou quase nenhuma capacidade de trabalhar sem uma música para embalar nossas penas e a exaustão mental, que por vezes teimava em nos expor em cochilos de segundos, mas, isto é outro assunto.

       A música, sempre fez parte de minha vida, certamente sou um “músico” frustrado, tanto é verdade que até fiz (fizemos) 2 anos de conservatório na UERN, mas desisti por pura falta de tempo ou talvez uma desculpa, inconsciente, à falta total de afinidade do violão comigo. Que ao longo tempo travamos uma luta diária, eu tentando aprender uma nota e ele se recusando a colaborar. Visitando os corredores da memória topei com nosso amigo Lins – em memória – reclamando a Canindé Queiroz de não se concentrar porque você estaria o tempo todo cantando, recebendo como resposta uma pergunta “mas, você não é surdo?”.

       Não entendo quem não gosta de música, bom sujeito não é, certamente, é doente da cabeça. Nestes 38 anos dividindo 24h juntos, creio, nunca ter passando um sem vê-la cantarolando. Sem preconceitos você canta para mim; para os filhos; filhas; netos; netas e para suas plantas, como poderia em seu aniversário, além, do natural, de desejar mais outros tantos anos de vida e não dizer, Feliz Aniversário!!! Canta Maria:

Canta Maria – Fernanda takai

Canta, Maria, a melodia singela
Canta que a vida é um dia
Que a vida é bela, minha Maria
Canta que a vida é um dia
Que a vida é bela, minha Maria

Canta, Maria, a melodia singela
Canta que a vida é um dia
Que a vida é bela, minha Maria
Canta que a vida é um dia
Que a vida é bela, minha Maria

Maria é meu amor…

Brito e Silva

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Presunçoso

Não sou uma pessoa muito adepta de modismo, gírias e, provavelmente, fui um adolescente muito chato, pouco me enturmava, fiz pouco amigos, colegas tenho aos montes. Passava boa parte do tempo disponível no meu quarto mobiliado com uma rede, uma cama de solteiro, uma mesinha para estudar e desenhar. Alguém disse “o homem é avaliado pelo número de amigos que tem”, certamente, se tem muitos seria uma pessoa “in” se tem poucos seria “out” – como grafava um colunista social da terra de Santa Luzia – neste conceito, estaria condenado ao ostracismo da minha rua.

         Na verdade, era um pouco “presunçoso”, muito dos meus conhecidos diziam que eu era “bosteiro”, isto é, metido a besta e, era mesmo – creio, pela régua de muitos, ainda sou -. Lá em casa recebíamos a Veja e a revista Rodovia, minhas companheiras nas madrugadas. Sempre gostei de aprender e, por isso, às vezes, os “amigos” riam de mim, pondo apelidos: ouvindo a Rádio Rural de Mossoró anunciando o jubileu de 20 anos de uma loja, a turma ficou sem saber que diabos era aquela palavra pouco usual, fui ao “pai dos burros, o Aurélio, voltei e lhes disse, ficaram me chamando de “Jubileu”. Eu ficava com raiva, não pelo apelido, mas porque eles nem sabiam o que era e, ainda assim faziam chacota.

      Provavelmente, quando vinha vindo à turma, diziam “lá vem o chato”, tinha ciência disto. Entretanto, não me frustrou, ao contrário, no alto da minha arrogante jovialidade dizia comigo “pior pra eles que não sabem o que eu sei”. É certo, isto ajudou a forjar meu caráter: controlar a arrogância, ser ético, mais tolerante e, principalmente, não dar muita bola às críticas que não merecem respostas, até hoje, se dizem “é assim” confirmo. Se dizem “não é assim” digo exatamente: não entro em luta que o objeto não tenha valor.

       Ao longo dos meus 65 anos de vida nunca quis e não continuo não querendo ser nada além, do que fui, sou e continuarei sendo até o final e, acredito ter e ser mais do mereço, porém, só quero aprender “tiquinho” mais sobre a vida. Talvez, tenha sido negligente com futuro, entretanto, não existe pouco ou quase nenhum pecado a me arrepender: os pecados são meus, nunca quis ser herói, como diz João Bosco – só quem tentou sabe como dói -.

       Há muito, aprendi a me reconhecer no espelho e entender que sou livre, porque sei que não sou: inveja, rancor e outros sentimentos menores os tragos no porão, em um baú a sete chaves as quais repousam no fundo do poluído Rio Mossoró/RN, certamente, nem com ajuda de Poseidon e Iemanjá as recupero.

Brito e Silva – Cartunista

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Dia dos Pais

Não sou conformista, acredito eu, ingrato ou egoísta com a vida que tive junto ao meu pai. Portanto, não me vejo um pingente do pensamento mediano coletivo no qual a métrica é “eu devia”, a “síndrome do Epitáfio”, que por vezes só lembra quando mídia “futuca” a consciência adormecida, sonolenta e preguiçosa, atende ao chamado.

         Aqui, entrincheirado no tronco da Jurema, vejo multidões de almas penadas condenadas ao peso dos seus pecados, a sua hipocrisia. Silentes, anestesiadas pelo “sacrifício da moda” de expressarem publicamente suas lamúrias: “eu devia ter beijado mais a minha mãe, eu devia ter abraçado mais o meu pai, eu devia… eu devia… eu devia… no fundo, oram para apressar os ponteiros do “Rolex”, o dia se esvair e voltarem à suas vidinhas, no aguardo de outra convocação do marqueteiro de plantão.

          Não querendo ser melhor ou pior dos que aqueles atendem ao som do berrante, o aboio do “vaqueiro” que controla a manada, lhe ditando o que deve comer, vestir, andar e pensar, logo sou surdo, cego e mudo. Dias das Mães, Dias dos Pais, Dias dos Namorados, lojas empanturradas de pessoas que “em nome do amor” se esbofeteiam para presentear seus entes queridos, certamente, logo serão esquecidos ou pior: estarão nas estáticas que nos envergonham. Obviamente, vocês vão dizer que é uma visão muito tacanha e pessimista, pode ser. Mas, é muito próxima da realidade.

        Voltando às vacas magras. Hoje é Dia dos Pais. Você tem todo direito de dar uma gravata ao invés de um abraço, um par de meias ao invés de um beijo, uma camisa ao invés de cafuné. Eu, pouco beijei, pouco abracei e talvez, pouco afaguei seus cabelos brancos. Entretanto, acreditando ser a música a maneira mais fácil para falar de amor com Deus, os anjos, as almas, as pessoas e, por isso, desde sempre todos os dias escuto pelos menos duas músicas preferidas do meu pai, – seu Luiz, em memória – que ouvíamos juntos, tenho os céus por testemunhas.

       Portanto, não espere o “Epitáfio” beije, abrace, afague seus cabelos, ame seu pai, não importa a “lembrancinha”, apenas ame-o.

Feliz Dias dos Pais. Brito e Silva – Cartunista

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Frio

Santiago(CH), 25 de junho de 2024

Ao meus netos Kayllanne, Lívia, João Miguel e Milly.

         Vocês aí, têm que ver para crer: a vida aos pés dos Andes começa às 10h e neste período o frio é de “lascar o cano”. Hoje, amanheceu, marcando no termômetro do celular 4 graus. Para quem nasceu lá nas quebradas do sertão, do Principado de Baixa do Chico, isso é quase uma eutanásia. Mas, como sou brasileiro, nordestino e não desisto nunca e como disse Euclides da Cunha, em “Os Sertões”, “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”, pois então. Vesti um jeans por sobre a calça do pijama, uma camisa de frio, que sua vó Maria, comprou especialmente para esta ocasião, mais uma jaqueta e um casaco de tecido impermeável, com duas ou três camadas, calcei duas meias e um par de luvas, não antes de uma ducha a deliciosos 30 graus centígrados.

       Pois muito bem, já paramentado para combater ao frio, os deuses decidiram atender minha entoada oração ...”Se quer saber pra onde eu vou, pra onde tenha sol, é pra lá, que vou”…Tupã e a deusa Pachamama tiveram compaixão desta pobre alma pecadora e uma fresta de sol cobriu o teclado do notebook me convidando a um passeio na Plaza Ñuñoa, lá fomos eu, Pollyanne e Valentina, prima de vocês tomar sol. É verdade, que a conjunção, sol e frio, na medida certo, pode ser, e foi, de certa forma é confortável, mesmo para nosotros habituado ao sol escaldante da “Capital do Sol”, Natal/RN, “A Noiva do Sol”, que assim cunhou o nosso gênio potiguar Luís da Câmara Cascudo. Entretanto, se você permanecer muito tempo, além do necessário, neste sol, pode ir parar no hospital, com queimaduras. Logo, o sol de lá, como o de cá, deve ser respeitado.

Brito e Silva – Cartunista

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Para os netos

Santiago(Ch), 23 de junho de 2024

Netos Kayllanne, Lívia, João e Mily

Em Natal,(RN-Brasil)

        Neste último sábado, 22, seus tios Polary – meu filho – e Sanara- minha nora – me levaram para um “tuor”. Primeiro fomos para o centro da cidade, aonde minha nora foi comprar chips para os clientes da BraChile, eu e Polary ficamos na companhia de Chico Buarque, Tom Jobim entre outros. Depois seguimos pela Plaza de Armas de frente ao Palacio La Moneda, sede do governo chileno, devidamente sob fragmentos da histórias ditos por meus “guias”.

        O estômago reclamando combustível para gerar energia para se contrapor aos 8 graus que penetrava em meus sexagenário ossos, logo fui levado ao Restaurante Malandros, na soleira pareceu-me entrando no Oba Show, nos anos de 1994, quando de jogos da seleção brasileira, o ambiente decorado com bandeirinhas brasileiras e bandeirolas verdes e amarelas, uma bela senhorita traz o menu, logo imaginei Mão-de-vaca, Sarrabuio, Mocotó, Tripa de porco com batata doce… Qual o quê? Meus olhos caíram sobre uma Muqueca de peixe a qual degustamos com suco de maracujá, Sanara me acompanhou, Polary se fartou com uma feijoada com uma caneca de cerveja, pela cor e transparência mais parecia ponche ou Ki-suco de abacaxi.

       Bucho forrado, saímos sob uma chuvinha fina, essa que os paulistas chamam de garoa e no nordeste os matutos sertanejos, do principado de Baixa do Chico, denominam de “lebrina” ou “chuva de moiar besta”, ela, aliada do frio, banhava a Van/Mercedes, adquirida no dia anterior para frota da Brachile. Roteiro ajustado, seguimos ao museu de cera  onde fomos bem recepcionados. Na entrada do lado esquerdo você tem um encontro com os povos originários, do lado direito caminha com os presidentes do Chile, já no final ao lado de Michelle Bachelet e Sebastián Piñera dei-me conta da ausência de dois ex-presidentes que marcaram profundamente a história recente deste país, Pinochet e Salvador Allende, entoce, perguntei a guia que foi taxativa “porque es un tema delicado”.

      Avante no tour, topei com Gabriela Mistral e Pablo Neruda, ambos Nobel de Literatura, confesso que fiquei acanhado, ia até puxar um papo com os dois, mas, viralatismo impediu e também fui advertido que eles eram de cera. Lembrei do criador da Embraer, general Osiris e Silva, no programa Roda Viva disse que estava em jantar, em Estocolmo, sentado ao seu lado estava um dos membros do comitê do Nobel, e ele perguntou porque o Brasil não tinha um Nobel, obtendo como resposta “Vocês brasileiros são destruidores de heróis”. Tuor encerrado.

Brito e Silva – Cartunista

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Ansiedade

Eu não sei se eram os antigos que diziam “tudo na vida tem preço”, adotei essa frase como lema de vida, não à toa ”meu amigo, o “camaradinha” – Caby da Costa Lima – quando a oportunidade de dize-la batia a sua porta, imprimia me citando.
Meu primogênito me presenteou com uma temporada de 34 dias na terra de Neruda, em razão dos meus 65 anos, no próximo 20 de julho, o que de fato, não é pouca coisa, se levarmos em consideração o afago dos meus netos Enzo, Aléssia minha nora Sanara e do próprio Polary – na chegada já me deu um violão virgem, imaginando que sei tocar alguma coisa – para completar o pacote eu iria – viria – na bagagem de Pollyanne – minha filha mais velha – e de minha neta Valentina. Quem em sã consciência recusaria tamanhos agrados de um filho que mora à distância de 7mil km?
Pois muito bem. Mala prontas, Felipe me aporta as 23h45 para irmos o aeroporto Aluízio Alves embarcarmos no A321da Latam para São Paulo com conexão seguindo rota traçada sobre os Andes com aterrisagem em Santiago. Fomos recepcionados no aeroporto de São Gonçalo com uma tesuda chuva – como dizia Canindé Queiroz – feitos pintos molhados embarcamos eu, Pollyanne e Valentia, comissários nos últimos preparativos e veio a notícia que a aeronave estava sem comunicação de bordo, nisto ficamos sentados vendo a manutenção desmontando a parte eletrônica da cabine, duas horas depois o piloto anuncia voo.
Voo tranquilo a Guarulho, mais tranquilo de São Paulo sobre os Andes à Santiago. Acolhido por minha nora, muitas conversas, notícias do mundo de lá e de cá. Todos aconchegados para um bom sono, comecei a sentir uma sessão de pressão alta. Sanara, meu neto e Clevinho – irmão de Sanara – me levaram à urgência, atendido, verificação de pressão, níveis de açúcar, eletrocardiograma veio diagnóstico: tudo normal. Agora, com o juízo no lugar, vou subir o Vale Nevada.

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Discutindo a quimera da vez: castração química

Por Pedro Chê

Apesar de ter passado na CCJ, e mesmo que aprovada no Congresso, esse PL enfrentaria a real possibilidade de ser entendida como inconstitucional pelo STF

A falta de fronteira para propostas e de censura são, sem dúvidas, elementos importantes para que o tema segurança pública seja tão fervilhante nos círculos de conversa. Afinal quem resistiria a discutir, num barzinho, sobre castração química, trabalhos forçados para presidiários ou pena de morte? É possível para conversar sobre cada um desses assuntos não apenas por horas, mas por dias, e sob diferentes perspectivas. Dá facilmente para abordar procedimentos médicos, antigo testamento e questões orçamentárias, e múltiplos assuntos. Não são muitos os temas que propiciam isso e com tanto desprendimento.

Mas não tenho horas ou dias com vocês, apenas algumas poucas linhas e um assunto único. Antes de tudo, apesar de ter passado na CCJ, e mesmo que aprovada no Congresso, esse PL (da Castração Química) enfrentaria a real possibilidade de ser entendida como inconstitucional pelo STF. Aliás, antes das modificações dentro deste projeto – que antes previa no rol de tratamentos voluntários a Castração Cirúrgica –, era um dado certo, pois não é ofertado no Brasil à discricionariedade sobre o próprio corpo nesses moldes, fosse assim, estaríamos a um passo de vendermos literalmente um rim para comprar uma motocicleta, e desse mal não padecemos.

Mas o que a proposta sugere? Ela oferece aos reincidentes em crimes contra a liberdade sexual a adesão a tratamentos de castração química (inibidores de apetite sexual) em troca de mudança de regime a partir da concessão de liberdade condicional. Na proposta original, inclusive, a partir da emasculação cirúrgica era possível a própria extinção da punibilidade. A proposta, em suas justificativas, pretende estar em consonância com o nosso ordenamento e com certas perspectivas técnicas, além de trazer exemplos de sua aplicação em outros países. Esse refino normalmente não é visto nas propostas de integrantes da “bancada da bala”.

Quanto ao “aprovar” ou “desaprovar”, embora entenda que essa não seja a questão mais na discussão, vou respeitar clamor envolvido. Embora seja crítico, não me alinho dentro de uma oposição ferrenha. Se, por um lado, esse tipo de projeto é quase sempre marcado por uma pobreza sistêmica, sendo inexoravelmente cartesianos, o que popularmente a gente pode chamar de “viseira de burro” -por outro lado-, entendo que o argumento de que a castração química fere a vedação existente a penas ou tratamentos cruéis apresentaria fragilidades desconfortáveis se posta em companhia a uma análise que entenda, por exemplo, que nossas formas de penalização atuais não sejam humanizadas e misericordiosas. A pecha da inconstitucionalidade perderia bastante cola, até por que não existe direito “dado”, mas sim interpretado.

Apesar de opiniões diversas, um ponto que não pode ser ignorado é que os crimes sexuais são uma espécie de ilícito de dificílima convivência em sociedade, produzindo máculas terríveis e inesgotáveis para as vítimas – que podem levar inclusive a vítima a repetir os fatos, dessa vez como autora. No entanto, a castração não vai mudar o problema de patamar. Talvez colabore com dados tímidos (como é costumeiro nas políticas voltadas a segurança pública), ou talvez prejudique, levando a uma nova onda de “punitivismo não resolutivo”.  Isso poderia abrir portas para que – num futuro próximo – estejamos discutindo a castração compulsória devido a ineficiência da voluntária.

E aqui reside o ponto mais importante dessa discussão: a pavimentação do que queremos para o nosso país. Qual nosso projeto de nação? Mesmo que a perspectiva de benefícios seja real, continuaríamos na saga das políticas públicas viciada em lidar com as consequências e não com as causas, em investir pesadamente na restrição e não na prevenção, abandonando a formação e optando-se pela seguida clausura – expurgo.

As nossas relações de convívio estão em processo de adoecimento: a tolerância ao outro e a nós mesmos aparenta estar cada vez menor, a violência segue este mesmo caminho e isto nunca é devidamente abordado. Parece que o nosso problema reside apenas numa falta de especialização legislativa e redentora. A Castração Química sendo a quimera da vez, fantástica, mas não deixa de ser uma utopia ineficiente.

A escolha pelo novatio legis como instrumento de mudança produz essa sensação interminável de “saco sem fundo”, e a política brasileira se tornou refém disso.

*Pedro Chê é policial civil no Rio Grande do Norte e membro do grupo Policiais Antifascistas.

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Quem tem filho, Chora!

Outro dia escrevi um arremedo de poesia, sim, arremedo. Tenho ciência de minha total desavença com a pena nas águas mansas da escrita e, principalmente, a mais refinada dentre todas: a poesia. Há muito entendi não pertencer ao seleto grupo de contemplados com o dom natural, o qual possuem estes senhores das palavras, estes magos que dão outros sentidos e ressignificam palavras lhes proporcionados sentimentos mil, entre os quais, está meu amigo iluminado o poeta Cid Augusto .

Pois, muito bem. Dizia eu “quem tem filhos chora”. Um amigo não entendeu bem minha mensagem – e a culpa não foi dele. O meu escrito que foi ruim mesmo – me enviou, in box, mensagem me dando força. Aceitei. Também não fui lhe explicar, primeiro seria mal-agradecido, se dissesse “não, não é isto, você entendeu errado”, seria um descaramento constrangê-lo e ao mesmo tempo prova cabal de minha completa incompetência. Haja vista, se você escreve e ninguém entende, a culpa só pode ser atribuída a você, com algumas exceções bovinas.
Era uma oração, a de São Francisco, “Ó Mestre, fazei que eu procure mais: consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado…” Ora, quem em sã consciência cometeria qualquer ato que pudesse minimizar tais palavras? Não, não seria que cometeria tal blasfêmia. Agradeci e fui ouvir Raimundo Fagner cantando Oração de São Francisco.

Bom, mas todos sabe “quem tem filho chora”. Hoje, eu chorei, não de tristeza é bem verdade, mas, chorei. Chorei de alegria. Minha Filha Larissa Brito, antes de finalizar seu mestrado a foi aprovada para o doutorado. Parabéns, filha minha. Não dúvidas de seu futuro brilhante. Eis aqui, um pai com o coração banhado de alegria.

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Trauma

         Nos anos 80, a minha eterna diretora de tv, Nadja Faria, arregimentou vários jornalistas de diversas áreas de atuação, aqui da terrinha dos comedores de camarão para trabalharem na TV Rio Branco, afiliada do SBT, na capital do Acre. De Mossoró foram Kléber Barros, Washington Aquino, Renato Severiano, como éramos colegas de Kléber e Renato, no jornal Gazeta do Oeste, ficaram nos “caningando” para nós alçarmos voo no rumo da floresta amazônica.

         Passados meses, mas a “cantiga” não mudava “venham embora, Nadja está precisando de alguém para dirigir o Departamento de Arte e Cenografia do jornal e da TV” e, nós sempre se esquivando, talvez o medo de cruzar a ponte Jerônimo Rosado, sobre o Rio Mossoró com destino ao Aeroporto Internacional Augusto Severo, em Parnamirim/RN ou quem sabe não queríamos sentir a dor da saudade dos nossos? Mas, em um belo dia de junho de 1988, como diz Guilherme Arantes “são as fraquezas que nos pode salvar” e, como é curto o caminho dos covardes, tomamos nossa taça de veneno e dissemos SIM e, em uma semana preparamos tudo: avisamos à família, vendemos os móveis, carro, telefone, recebemos as contas do jornal…

         Passagens da TransBrasil nas mãos, enviadas pelos nossos novos patrões, Natal/Recife/Manaus/Rio Branco. De repente Maria foi acometida da matutagem aguda, o medo de voar a possuiu, olhando-me fixamente bradou com voz trêmula “eu vou, não de avião”, sob irredutível e firme posição percebi a nulidade de qualquer argumentação, rendi-me. Lá fomos nós para Fortaleza comprar passagem de ônibus para Rio Branco. Ônibus luxuoso, dois andares e, no sábado pegamos estrada, a noite descendo a Serra de Tianguá, o motorista anuncia que perdeu os freios, o alvoroço tomou conta dos passageiros. Notei no rosto de Maria uma pontinha de arrependimento da troca.

         O motorista de fala mansa nos oficiou que desceria a serra sem maiores perigos, pois usaria o freio do motor do ônibus. Consertado o Marcopolo, nos danamos estrada afora. Lá pela região centro-oeste, sobem várias pessoas e, põe logo no RoadStar do “buzão” música de Xitãozinho e Xororó, Leandro e Leonardo, dia e noite, noite e dia estridentemente não davam descanso aos nossos ouvidos. Depois de umas 48 horas os ouvidos clamavam por socorro, decidi pedir ao motorista para rodar nossa fita-cassete, gravada na Disco-Fitas, quando Raimundo deu os primeiros aboios, antes mesmo de vocalizar “Verde que te quero verde…” a vaia comeu no centro, até alguém lá no fundo do corredor gritar “tire essa porcaria” … …Tirei.

          Com tufos de algodão acalentamos os tímpanos até Porto Velho, lá nos puseram em transporte velho com cadeira de plástico, daquelas que têm o formato da bunda em baixo relevo. Sete dias depois de nos despedirmos da terra de Santa Luzia, o ônibus para em uma latada, desceu todo mundo e nós ficamos até o motorista avisar que ali era a rodoviária. Maria estava com as pernas inchadas, escorrendo água parecia um afluente do Amazonas. Renato Severiano já nos esperava no carro da TV. Ah! Na volta, Maria foi a primeira a subir no avião da Vasp.

Obs: Talvez, minha arenga com os sertanejos seja trauma e, que não quero me livrar.

Brito e Silva – Cartunista

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Olho por olho

Afirmou a policial que deu uma tapa na cara da mãe que espancou a filha “Por trás de uma farda existem pessoas”.

A policial virou heroína nas redes socais. “Ela não errou! Por favor, vamos deixar o mimimi de lado! Merece ser promovida” disse alguém “Você tá mais que certa!!!! Nós te apoiamos” confirmou outra. Creio que ninguém tem o direito de esbofetear outra pessoa, além, de estar na lei, é uma atitude de civilidade. Quando isto acontece, não é somente o corpo físico que recebe as pancadas, mas também a dignidade, o amor-próprio, a alma. Claro, as feridas da pele cicatrizam rapidamente, mas as lesões da alma, em geral, custam ou quase nunca saram e, aqui, me refiro a todos os envolvidos. Apesar da policial acreditar que agiu acertadamente, talvez, o tapa dado na criminosa, um dia pode doer em sua consciência.

Quase sempre costumamos atender e nos embriagarmos com o inebriante canto da sereia e sem uma análise do tom, da melodia, da letra mergulhamos de cabeça às profundezas da primeira impressão, percepção da maioria, que em boa medida, a rigor, não é certificado de verdade assertiva e por vezes podemos passar do ponto e seguir a manada.

Heroína? Não, não creio. Na verdade, acho que a policial catapultada a tal condição, no ato, pareceu mais uma “justiceira”. Corporação ou farda de segurança nenhuma autoriza quem a veste a fazer justiça com as próprias mãos, o fato, é que a policial não teve equilíbrio emocional ou inteligência emocional para lidar com a situação, não estou a julgá-la, mas seu comportamento, sua ação, certamente, não foi ensinada em sua formação.

Claro, pode ter sido ímpeto de justiça ou injustiça que falou mais alto, entretanto, do ponto de vista legal, foi uma atitude desmedida e fora do procedimento. Para mim, ela não é bandida nem heroína, como também não tenho a capacidade de condená-la ou inocentá-la. Até porque também não sei o que faria ante a situação. A mãe? Ah! Mãe: uma criminosa, que deve pagar na justiça. Porém, não podemos banalizar a agressão, a incivilidade e a barbárie, se faz necessário um pouco mais de humanidade para darmos um passo à frente. É preciso conter esse nosso instinto primitivo. Imprimiu o grande pacifista Mahatma Gandhi “Olho por olho e o mundo acabará cego”.

Brito e Silva – Cartunista