Autor: brito_admin

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Vinho, cuscuz e ovo

Caba nascido nos grotões dos serrotes de Angicos/RN, acostumando a comer farinha com rapadura Cariri, rolinha assada na brasa e forrar bucho lá em Zé Leão, na Cobal, em Mossoró, com cachorro-quente como quem come faisão, certamente, levará uma vida para atender bem às etiquetas e delícias dos novos sabores da culinária, entretanto, estou aberto às experiências gastronômicas, é certo, que por vezes -sempre – cometo alguns sacrilégios.

Neste final de 2023, recebemos alguns carinhos líquidos – literalmente, não no sentido do Zigmunt – mas, físicos envasados pelas melhores vinícolas brasileiras e chilenas. Os meus saberes na arte da enologia são tão vastos e semelhantes aos que carrego da física quântica, isto é, porra nenhuma.

3 Pepinos

130ml Vinagre

100g Açúcar
15g Sal
Gergelim a gosto

200g de fiapos de peito de frango

½ cebola

1 cenoura média

½ beterraba

Está pronto o Sunomono, acrescido, evidentemente, de umas pitadas de criatividade nordestinas de Maria:

– José, venha almoçar.

– A comida boa para ser acompanha de uma taça de vinho.

– A última você tomou ontem no cuscuz com ovo.

Pobre é um bicho destruidor de sonhos.  

Brito e Silva – Cartunista

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Passado

O grande filósofo do cristianismo, o argelino Santo Agostinho tatuou uma das frases mais emblemáticas relativas à definição do tempo “o passado não existe, porque já acabou, o futuro não existe porque não começou, o presente não existe porque se torna pretérito” e ainda adiantou “o que é o tempo? Se ninguém me perguntar, eu sei; porém, se quero explicá-lo a quem me pergunta, então não sei…” 

Eu sou fissurado no tempo, penso nele o tempo todo, todo tempo, acho fantástico e, principalmente no passado, porque para mim, de fato, é o que existe – olha eu divergindo de Santo Agostinho – há muitas teorias filosóficas e físicas sobre o tempo, entretanto, todas apresentam falhas insupríveis, logo posso me dá ao devaneio de ter a minha própria tese.

O passado, só ele existe. Ele é o senhor do tempo, depois de estabelecido nada pode alterá-lo, mudar, corrigir, somente pode ser acrescido numa linha contínua. Não há nada mais generoso que o passado, aquele não esquecido que você pode acessá-lo quando quiser, onde quiser, o tempo que quiser, só ele é real. O futuro não chegou, aparecendo instantaneamente será presente com vida de milésimo de segundo para depois alojar-se no passado, na gaveta das boas recordações ou apinhar-se no baú do esquecimento. 

Eu sou passado, vivo o passado, ainda bem. Do passado me alimento, curto meu passado, acesso-o cotidianamente – não tem como fugir: minha manhã já é passado, beijos dos netos já estão no bornal das inesquecíveis boas memórias – entretanto, nem sempre ele se faz presente por livre e espontânea vontade, e sim, lhe é posto por terceiros obrigando-o a ver o que queria esquecer.

Sou audiência assídua no Facebook do Relembrando Mossoró, do jornalista e escritor Lindomarcos Faustino foi lá que vi o post de uma foto,  aí me deu uma tristeza no meu peito, era o “túmulo” aonde sepultaram a história e o sonho de centenas de profissionais de comunicação, foi lá que conheci Kléber Barros, Nilo Santos, Dorian Jorge Freire, Inácio Pé de Quenga, Laércio Eugênio Cavalcante, Júnior Barbuda, Claudino, Thurbay Rodrigues, Zé Maria Caldas, Sérvulo Holanda, Carlos Sérvulo, Amâncio Honorato, Dona Maria José, Dona Neide, César Santos, William Robson…E tantos outros amigos que os trago, como pingentes, do lado esquerdo do peito. Era ali na Cunha da Mota com a Frei Miguelinho a morada de Canindé Queiroz e Dona Maria Emília, a nossa “casa” a Gazeta do Oeste, naquela esquina boa parte da história contemporânea de todos nós foi escrita e está impressa no passado da memória da terra dos Monxorós. 

Brito e Silva – Cartunista

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Zigmunt Bauman

De acordo com Bauman a vida líquida está relacionada a uma sociedade fundamentada no individualismo. Ou seja, uma sociedade que se converteu em algo temporal e instável que carece de aspectos sólidos.

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O Camaradinha

Vi um post de amigos ladeados por Caby, aí bateu saudade do “Keibi”, gente do meu bem querer. Quase não lembro de vê-lo raivoso, esbravejando, reclamando da vida, na verdade, estava sempre fazendo piada com todo mundo, passando trote para os amigos, é exceto, ao ser chamado de Raimundo Nonato, por um incauto malicioso. Mas, isto é outra história.

Caby, foi uma dessas pessoas que têm o coração mais largo que o bolso. Por vezes o vi ficar liso “batendo a biela” por emprestar o último centavo ou ter pago a conta da mesa vizinha repleta de pirangueiros e no final, sair atrás de dinheiro a juros. O Camaradinha era assim, sem freio, sem amanhã e “sem miséria”.

Calça boca-de-sino, cabelos black power, camiseta de mangas longas e tamancos esse visual dos anos 70 embrulhava Caby, que não dava a mínima para quem torcia o rosto à sua indumentária fora de moda. Gostava de pregar “peças” nos amigos, mas havia quem lhe retribuísse. Reza uma lenda urbana que certa vez ao chegar na guarita da Vipetro, Vilmar teria orientado o porteiro dizer da necessidade dos visitantes usarem botas e capacete, alegando norma da empresa. Quando Caby entra na sala, Vilmar vê aquela presepada caí no riso, o “Camaradinha” acompanha promovendo uma risadaria danada.

Ilustrei quase todos os seus livros, os que não o fiz, foi porque estava morando em Rio Branco/AC. Mesmo quando mudei para Natal, ele trazia. Sem exceção, todas vezes terminava em briga. Brigamos centenas de vezes e centenas de vezes nos reconciliamos, ele muito mais generoso: dois, três dias depois da batia à porta ou ligava “Cossorro, diga a Brito que passo já aí pra gente tomar uma”. No bar não bebia dois goles do Campari, eu não sentia o gosta da Brahma na goela, já dizia vamos? Aqui tá choco! E assim, saíamos de bar em bar, até ele sossegar o facho no Travessia.

Insistia, dizendo ser seu sonho, a gente ter uma agência de publicidade com o nome Azougue, não deu. Porém, criamos o site www.azougue.com dois ou três meses depois brigamos, ele levou a frente o projeto. Não há dúvidas, minha ranzinzice de querer tudo dentro do combinado, das regras, da agenda foi promotora de tantas querelas, e ele, por ser um sujeito sem amarras, livre como o vento, nunca deu bolas às nossas malquerenças, logo no domingo, no Som do Caby: Azougue, do camaradinha Nando Cordel, para meu amigo Brito e Silva, roda a carrapeta aí…”. Esse era Caby, o resto é folclore.

Brito e Silva – Cartunista  

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Putin

Caricatura para exposição “Guerra e Paz – nome provisório – na Aliança Francesa/Natal/RN. Data ainda para ser definida, na companhia dos cartunistas Joe Bonfim e Brum.

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Está tudo mudando

“Você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem” entusiasta da “terra plana”, teimando em desmascarar Gagarin, que falou ser a terra redonda e azul, saiba “Tua piscina está cheia de ratos, tuas ideias não correspondem aos fatos, o tempo não para…”, “Eppur si muove” cravou Galileu.

Sabe o amigo com quem jogava bola-de-meia, na adolescência se dizia ateu? É dizimista da Universal cultua “deus, pátria e família”. A namoradinha de infância? Virou mulher do lar, casou com o esnobe da outra rua, que acreditava ser as “pregas de quelé”, é verdade: ainda traz marcas no rosto daquela pureza bela, das noites de verão das brincadeiras de esconde-esconde na rua Augusto da Escóssia mal iluminada pela Comensa. Porém, os negros olhos de outrora brilhando como a Estrela Dalva, agora refletem profundo pretume da tristeza.

Jô Soares dizia se a xícara desse bom dia, sem titubear diria “bom dia xícara”. As relações mudaram com os pais, mães, filhos, parentes, amigos, com o mundo e continuam a todo vapor. Acordamos, ainda na cama, exigimos: “Alexa” acenda a luz, ligue a tv e o Mac do escritório. Nos anos 70, mudar o canal de nossa Telefunken tínhamos que ir até o seletor, estapeá-la para imagem, preta e branco, aparecer sem chuviscos, era assim.

Bob Dylan diz “está tudo mudando”. Char, uma americana comprou uma boneca inflável em semelhança e imagem dela, para o marido transar quando estiver indisposta; a canadense Sonja, “ecossexual” diz ter orgasmos múltiplos com um frondoso carvalho; José, lá de Floripa, casou com a bela Samanta, uma rosada suína.

Os alimentadores de minha pasta Bobagens do Tik Tok, enviaram um vídeo onde um gato esbofeteia as fuças de um dog, amuado rosnar expondo as presas, o gato dá um pulo por cima da ligeireza caindo em pé, com a coluna arqueada, os pelos das ventas até a ponta do rabo arrepiados fitando no “Pit Bull”, que percebendo a intenção do “bichano” murcha as orelhas põe o rabo entre as pernas faz meia volta e sai grunhindo, chorando, imitando “Pé-de-Pano”, o cavalo do Pica-Pau. Tudo muda. Pense, não vire estátua de sal.

“Tudo que se vê não é igual ao que a gente viu há um segundo – Lulu Santos

Brito e Silva – Cartunista

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Calhordice

Calhordice

A canalhice da extrema-direita não tem limites, depois que a CGU declarou que o cartão de vacina do genocida é falso, para criar uma cortina de fumaça reeditaram um vídeo fake news antigo, em que supostamente o Pe. Júlio Lancelotti se masturbava para um adolescente.

Esse é o jeito seboso e asqueroso de fazer política dessa gente sem escrúpulos, apoiada por outros calhordas iguais, blogueiros criminosos que no lufa-lufa de conseguirem audiência publicam qualquer coisa sem checar. Cretinos!

Inclusive, um destes cretinos, aqui da terra de Poti, tem a ousadia de propor o nome à Prefeitura de Natal. Ora, vai te catar, alma podre.


por Tácio Caldas tacio.caldas@bnews.com.br
Publicado em 07/01/2024, às 09h08 – Atualizado às 09h10

De acordo com um períto Mario Alexandre Gazziro, contratado pela revista Fórum, “os vários elementos apontam para uma farsa e esse vídeo, em particular, foi gerado para dificultar análises forenses”.

“O que realmente prova que não se trata do padre é a edição para inserção dos ícones do WhatsApp. Porque se fosse realmente um caso real, em que uma suposta vítima tivesse gravado a tela do próprio celular com alguma ferramenta, não teria aparecido o ícone do aplicativo como artefato de edição em destaque na análise forense. Aquilo foi editado e colocado lá”, explica Gazziro.

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Geraldo Azevedo

Neste 11 de janeiro de 2024 o compositor, cantor e violonista pernambucano da cidade de Petrolina, Geraldo Azevedo de Amorim, conhecido como Geraldo Azevedo completou 79 anos. Nossas homenagens.

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Túlio Ratto

Caricatura do mossoroense chargista, caricaturista, ilustrador e pintor Túlio Ratto, também editor da revista virtual Papangu, ancorada no sítio https://papangunarede.com.br . Túlio há mais de 20 anos transita muito bem pelos caminhos das artes e cultura do estado potiguar

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Saudade

Saudade é uma palavra perene em nossas vidas, embora não a percebamos no seu conceito e definição mais profundos, na grande maioria das vezes falamos apenas por falar numa vulgaridade sem tamanho “estou com saudade daquela música, estou com saudade de ir à praia…”, coisas assim, cotidianamente banais. Dizem os estudiosos e entendidos do borogodó da língua portuguesa que não há uma tradução literal da palavra saudade em outras línguas, logo a saudade é uma coisa nossa, não que outros povos não tenham este sentimento, mas isto é outra história.

A filosofia cunha, em um conceito bem rasinho, se deve compreender a saudade como a presença da ausência, isto é, um vazio. O dicionário descreve a saudade como “sentimento melancólico devido ao afastamento de uma pessoa, uma coisa, um lugar ou à ausência de experiências prazerosas já vividas”.

Digo que saudade é aquele instante em que você sente os olhos minar como cacimba em leito de rio seco, e as lágrimas caudalosamente teimam em jorrar e ainda assim, se pega rindo, como se aquele valioso momento tivesse feito a vida valer a pena e seguir ao futuro expondo estes fragmentos de tempo em quadros em uma parede de um museu, que você pode ver quando quiser.

Qui nem jiló

Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira

Se a gente lembra só por lembrar
O amor que a gente um dia perdeu
Saudade inté que assim é bom
Pro cabra se convencer
Que é feliz sem saber
Pois não sofreu…

Gonzaguinha, em sua bela música Saudade escreve “saudade a gente não explica…”, de fato, mas quem diabos precisa de definição para sentir essa coisa que nos faz chorar sem sentir dor nos acalmando a alma, como se uma dose de morfina fosse. Hoje, alvoreci com saudades do meu velho pai, seu Luiz, de vê-lo sob o pé de mangueira que plantou, regou e cuidou, como quem cuida de netos, ela, depois de sua partida, se recusa adocicar suas mangas, agora carrega seus frutos com o amargor e azedume de algumas saudades. Claro, fui ouvir “Boiadeiro”, Luiz Gonzaga.

Brito e Silva – Cartunista