Agnaldo Timóteo

Caricatura de Agnaldo Timóteo para o Salão de Humor de Caratinga, e a partir de 02 de maio estará no blog e fanpage do Salão.
Caricatura de Agnaldo Timóteo para o Salão de Humor de Caratinga, e a partir de 02 de maio estará no blog e fanpage do Salão.
Natal/RN, 27 de abril de 2021
Encontro
Sábado, você falou comigo entusiasticamente: tinha “encontrado” Belchior. Apesar de ouvir desde sua infância, mas somente agora, de fato, conseguiu escutá-lo.
As coisas acontecem assim mesmo, isto é a vida. Passamos boa parte do tempo procurando alguma coisa no horizonte, uma felicidade instantânea, um prazer fugas, um pergaminho com sabedorias e, invariavelmente, como diz a música “o amor pode estar do seu lado”, não vimos porque de tão perto já faz parte de nós e assim sendo levamos certo tempo para perceber. Porém, quando acontece nos produz uma satisfação incomensurável.
Digo isto, porque com 62 anos nos costados, já fui protagonista de diversos encontros desta natureza com cantores, escritores, filhos, parentes, filmes, amigos… A vida é feita de encontros – embora haja tantos desencontros pela vida, disse o poeta -, uns agradáveis outros proporcionalmente desagradáveis.
Nestes últimos tempos “encontrei” por diversas vezes vários amigos desnudados, onde, de fato, pude vê-los em suas essências, alguns sem capas, sem máscaras mostrando o “fucim” fascistas, outros tantos, em nome de Deus, inflando como “senhores da verdade” e ainda muitos outros cheios de humanidades, perdão, tolerância, de luta por um mundo melhor. Isto é a vida.
Os encontros são e serão tijolos em nossa construção e, como não paramos de construir, também não paramos os encontros. Eu, dobrando o “Cabo da Boa Esperança”, todas às vezes que lhe “encontro” saio mais rico, mais feliz, mais inteiro. Sua capacidade de ver a vida, sua generosidade, de alinhar voz e ação, mente e coração é um respiro de equilíbrio neste mundo onde todos buscam impor suas verdades.
Obrigado, por ser a filha que es. Feliz Aniversário! Logo, logo nos encontraremos para longas conversas, é disto que preciso.
Do seu pai
Brito
No filme Elizabeth, no qual retrata a ascensão da jovem filha de Rei Henrique VIII, ao trono britânico, na cena em que enfrenta uma discussão com seu conselheiro que a tenta persuadi-la a não lutar contra os espanhóis por fragilidade de seu exército ou talvez – e era – por ser mulher, firmemente a jovem rainha se impõe com uma frase profundamente carregada de simbologias: “Eu sou filha de meu pai”.
Aquela frase me marcou, não que tenha algo a ver comigo, mas com você. É assim que lhe enxergo, altiva, com essa força e coragem todas às vezes que é confrontada com alguma dificuldade, não foge, põe o elmo vai à luta na primeira fileira.
E sempre foi assim desde o berço. Um pouco birrenta é verdade, mas determinada, firme como uma rocha e maleável como seda. Entretanto, hoje, de fato, é que a vejo assim, talvez Lívia me fez “cair na real” e perceber que você já é uma mulher adulta, formada, casada e com filha e não é mais aquela menininha que dizia em minha ausência “eu quero meu pai” – Como é Roberto? Imite aí -.
Hoje, mulher, mãe, profissional, pronta a ir muito mais além a virar mundo e quando, principalmente, se trata de alguma injustiça. Nesta privação física fico relembrando nossas conversas sobre coisas sem relevância e de outras brutalmente dolorosas como a fome, crianças abandonadas e as mazelas que assolam nosso país e rezando suplico aos deuses que sejam clementes e levem esse vírus para os confins do universo, nos restaurando a paz.
Eu preciso ver você aqui tocando e cantando “Eu sem você não tenho porque, porque sem você, não sei nem chorar…”
Feliz Aniversário, filha minha!
Seu pai, Brito
Por Brito e Silva
A primeira vez, daqui do terceiro andar, que vi meus filhos e netos lá embaixo, no estacionamento sem sentir o cheiro, sem poder tocá-los, sem ver os olhos deles, me deu um nó na garganta e os meus começaram a minar como os olhos de um condenado, que inerte, sente apenas o frio do fio do machado cortando o ar descendo em direção do seu pescoço e, somente uma imensa tristeza invade a alma.
Esta cena se repetiu neste último ano e ainda continua se multiplicando. Outro dia toca o meu celular era Felipe, meu genro, com minha neta Valentina, filha de Pollynne, lá embaixo, que o “obrigou” a vir aqui, porque ela insistentemente dizia estar morrendo de saudades dos avós. Lá de baixo mandou uma porção de beijos e foi-se embora com sua saudade matada, deixando a nossa cada vez mais doída.
Outra vez, aliás, no natal passado Jade/Roberto trouxeram sua filha, nossa neta, nós fomos até à portaria, ficamos a mais de dois metros deles e devidamente mascarados. Lívia quando nos viu estirava os braços em nossa direção e balbuciando vovô – Maria jura até hoje, que ela dizia vovó – e nós ali paralisados, sem podermos avançar nenhum centímetro, ela olhava para mãe como se perguntasse porquê de nós não tomá-la nos braços, repetiu o gesto por diversas vezes. E como se fosse para driblar nossa memória futura, a cena se repetiu logo depois com Valentina trazido por Pollyanne/Felipe. Não resisti. Subi com os olhos marejando.
É verdade que aprendemos a lidar com esta nova situação, até com um certo controle emocional para poder permanecer saudável mentalmente. Mas não me transformei sólido e duro quanto o mármore. Sei, que feitos condenados estamos todos em prisão domiciliar, vigiados por milhões de legiões invisíveis prontas para surrupiar nosso último suspiro, nossa alma. Nesta solitária os sentimentos e sentidos oscilam em um vai-e-vem como as ondas dos mares que teimam em subir à areia branca e se banharem ao sol, mas não vão além da última espuma seca. Entretanto, como pingente me apego aquelas cenas dos netos no estacionamento, igualmente uma âncora que penetra o solo marinho parando o transatlântico sobre as águas ou como a raiz fincada no alto da colina suporta o balanço do capim durante o temporal mais medonho sem deixa-lo perder a honra. Assim me posto, convicto que passada a tormenta estaremos todos juntos e, talvez, credite isto de “novo normal”, antes disto, jamais!
Como chamar de normal não poder abraçar meus filhos e netos? Como chamar de normal mais de quatro mil mortes por dia? Como chamar de normal mais de 360 mil mortes? Como chamar de normal a ineficiência voluntária e genocida do Governo Federal? Parece óbvio que não é normal. Mas, também nunca foi tão preciso dizer o óbvio: isto não é normal, é óbvio, e menos ainda “novo normal”, se o é, protesto e não aceito.
O normal ou novo normal frente a pandemia seria o Governo Federal logo no primeiro momento ter comprado as vacinas que foram disponibilizadas, falar ao povo da necessidade do uso de máscaras, de não fazer aglomerações, ter implementado uma força tarefa para cuidar da crise sanitária que se mostrava no horizonte, ter implementado um Auxílio Emergencial capaz de manter as pessoas alimentadas e pagando suas contas básicas sem a necessidade de sair às ruas atrás do pão de cada dia. Isto sim, seria um “novo normal”. Não temos “novo normal”.
Normal ou novo normal será quando meus netos, filhos, pais, irmãos e amigos couberem num abraço.
Editais
Tenho uma vontade danada de um dia participar de algum edital estatal, seja ele com RG municipal, estadual ou federal. Até tentei participar da Lei Aldir Blanc, mas quando abri, percebi que estes “troços” não são escritos para gente de baixo QI, como eu. Recorri a um amigo especialista, de pronto disse precisar de ajuda de um outro especialista, que também iria carecer de um terceiro. Desisti. Fiquei lambendo o dedo.
Pedro, o esnobe
Para ficar bem na “telinha” e com seus pares de direita do “Manhattan Connection”, no 14 de abril, o jornalista Pedro Bial, tido como inteligente e cortes, perdeu fleuma. Talvez para mostrar aos Marinho, seus patrões, que mesmo em dando entrevista em outra tv, se mantém firme ao antipetismo implementado pela Globo.
O Pedro, grosseiro, preconceituoso, presunçoso e esnobe afirmou que só entrevistaria Lula com ajuda de um polígrafo. Ainda não aprendeu que o mundo gira e a terra é redonda.
Polígrafo
Fico imaginando o Capitão Bufão sendo entrevistado pelo “Pedroca’ com o auxílio de um polígrafo. Certamente, daria um trabalho danado à logística. Pois, teriam que levar todo estoque para o estúdio ou a entrevista seria no almoxarifado para facilitar a reposição do polígrafo a todo instante.
Fogo baixo
O nosso Fogão anda mesmo em fogo baixo. Eliminado da Copa do Brasil pelo ABC de Natal, em um jogo sofrível. Diz meu amigo Delegado: “Com esse joguinho perde até para o Potiguar, e ele torce pelo Leão da Doze”. Isto já me conformaria.
O Conde
O amigo, Rubens Coelho, chamado de Conde por todos, disse “Não dá para viver sem chorar com o normal bolsonariano com essa diabólica pandemia”. É verdade. Mas, também não dá para viver sem lutar.
Caricatura (Seu Jorge)
Desenho do cantor e compositor Seu Jorge, que ilustra nosso e-Book 200 Caricaturas de Astros da Música Nacional e Internacional, disponível no site https://blogdobrito.com/loja/ Para quem gosta de caricatura e música é uma boa pedida.
Frase
Inspiradora e contunde frase do meu amigo Delegado (porteiro, filósofo, monge e sociólogo): “Quem mente, mente!”
por Professor Luis Carlos Noronha
Sabemos que uma das principais funções, ou a principal, de uma Casa Legislativa é a fiscalização dos recursos públicos. Em um caso muito contundente pode-se criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito *CPI para aprofundar uma investigação deste fato determinado.
A Constituição estabelece que além da necessidade de um fato determinado a CPI detenha-se a este fato, não podendo ir além.
Estabelece também um prazo certo para sua existência e que o fato determinado deverá estar, ainda, entre as matérias sobre as quais a Casa Legislativa poderá exercer sua função legislativa e que seja de sua competência.
Resumindo, um CPI federal não poderá investigar assuntos da competência dos Estados ou Municípios, bem como o contrário.