Milícia no Divã – Medo

Como já cravei antes, tal qual o pardal sou um passarinho urbano, não em sua sinfonia, mas no romper da alvorada ao lhe fazer companhia. Cedinho, em silêncio total no escritório, no qual se ouve o enorme barulho de uma pena bater no chão, o mastigar de uma “bribinha”, que mora em minha estante, triturar uma aranha, logo foi quebrado por duas senhoras que passavam, talvez a caminho da padaria, tagarelando:
– Onde vai passar o Final de Ano?
– Em casa, dormindo!
– Não vai comemorar o Réveillon com sua família?
– Não! Isso é besteira! Nada muda, hoje é um dia comum como outro qualquer.
Determinante argumento para calar qualquer cristão ciente disto, foi exatamente o que fez a outra senhora: calou-se. As duas saíram mudas, talvez entaladas com o pão que comprariam.
Fiquei remoendo como uma pessoa acorda com tanta indisposição para vida? Suponho esta pessoa é assim todos os dias, talvez não creia em mais nada, perdeu a fé, perdeu o tato, olfato, audição, paladar e a visão já lhe é turva. Pobre alma não tem mais esperanças, perdeu a sensibilidade de um abraço, não sente mais o cheiro da respiração no :cangote”, não ouve mais aquela música que lhe arrepia os pelos, a maçã não lhe tem mais sabor e já não vê o sorriso de um neto, o sol não mais lhe banha o espírito, vive nas sombras, coitada, é apenas uma alma penosa a perambular entre as alegrias alheias desacreditando-as zumbizando.
Claro, sabemos que nenhuma data e, principalmente, o 31 de dezembro, como também o Natal, dia de seu aniversário, Dia das Mães, dos Pais ou as conjunções de Júpiter na 5ª casa combinada com o lado escuro da lua ou mesmo aquele milagroso livro de autoajuda irão mudar alguma coisa em sua vida. Não adianta cantar “este ano quero paz no coração…”, dar sete pulinhos em sete ondas…Fique certo que aquele Salpicão estragado faz mais efeito em sua vida que todas estas coisas juntas.
Porém, para viver é preciso ter fé e estar em dia com todos os seus sentidos afiados: visão, tato, paladar, olfato e audição para poder externar todas as suas possibilidades. É preciso entender que qualquer mudança começa de dentro pra fora, tem que haver gestação para ser parida. Portanto, vá com sua falta de fé, seu mau agouro pra lá.
Ora, que venha 2022, eu vou lhe usar sem medo de ser feliz.
Brito e Silva – cartunista
Considerado o maior cartunista de sua geração estreia como Parceiro e Colaborador de Navegos, comentando a partir desta edição fatos e personagens da política do Rio Grande do Norte.
*Franklin Jorge
leitor@navegos.com.br
O maior cartunista e chargista potiguar vivo estreia parceria com Navegos, produzindo comentários visuais sobre fatos e personagens do RN, estado cujo mapa tem a forma de um elefante manco amarrado a interesses de políticos profissionais e grupos que controlam e exploram as potencialidades do estado, sempre subjugado e se arrastando em direção a coisa nenhuma.
Autor de uma biografia que o coloca entre os grandes caricaturistas de sua geração, começou a publicar em 1979, em Mossoró, no departamento de arte e diagramação do jornal Gazeta do Oeste. Nos anos de 1980 migrou para Natal, onde continua vivendo e produzindo uma arte que, via blogosfera, ganhou o mundo.
Ganhador do 42º Prêmio Vladimir Herzog, de 2020, tem participado de numerosas exposições dentro e fora do Brasil, dentre as quais, do Festival Internacional de Caricaturas e Cartuns de Saint-Juste, França; de Marseille.
Esperamos tê-lo uma vez por semana ilustrando a crônica política local que se expande em ano eleitoral que promete grande movimentação. Quando muitos se afadigam para obter o passaporte com validade de quatro anos para uma boa vida. Atualmente colabora com Papangu e edita www.blogdobrito.com
Ontem,27, falando com o artista plástico, poeta e músico Airton Cilon sobre arte e cultura na cidade de Mossoró, logo a seguir emendei com o amigo Gilberto Loia também sobre o mesmo tema e igualmente, nós três descambamos para dentro da internet e suas influências na formação cultura da nova geração onde o que está posto disponibilizadas nas prateleiras têm conteúdos ruins e duvidosos.
Lá para as tantas alguém falou que nos anos oitenta se ligava a tv e tinha Chico & Caetano na Globo, Perdidos na Noite – com Fausto Silva na Band. As rádios tocavam Djavan, João Gilberto, Gilberto Gil e hoje no Altas Horas se vê Bruno e Marrone, Zeca e Zequinha, Chico e Chiquinho, Caguinho e Cagão, sem falar que a melhor cantora do Brasil dos últimos tempos das últimas semanas é Anita, que canta com duas bandas, isto é, com a bunda inteira.
No país que Deus nos deu Gal Costa, Maria Betânia, Simone, Bibi Ferreira, Ângela Maria, Elizeth Cardoso, Beth Carvalho, Clara Nunes vêm “outros” e nos empurra Jojo Todynho, Anita, Cláudia Leite, Iza, Ludmila, sem querer fazer nenhum demérito ao que produzem – que para mim é ruim, de péssimo gosto -, se não fosse a grande mídia, internet e suas belíssimas bundas não fariam sucesso nem no banheiro, talvez no…
Certamente, vão me classificar de preconceituoso, vou logo dizendo que minha falta de massa encefálica me induz permitindo dizer estas asneiras sem nenhum remorso, pôr minha cabecinha no travesseiro e dormir feito um “anjo”. Dizem que arte e cultural é tudo aquilo produzido por um povo como forma de expressão, ora, mas nem por isto o selo de qualidade garante um bom produto, haja vista a sua origem e, hoje – como sempre, antes sem a internet – a “qualidade” desta produção cultural passa pelos youtubers, influencers (influenciadores digitais), eles são os verdadeiros Midas contemporâneos, tudo que tocam vira ouro ou merda, se os dois, estes são aclamados.
Por falar em merda, a influenciadora norte-americana Stephanie Matto está engarrafando seus peidos e vendendo pela internet, segundo a própria peidona, a produção de sua tripa gaitera já lhe rendeu R$ 284 mil em apenas uma semana. Bom quem quiser continuar comprando merda e peidos, que assim o façam, vou continuar com Chico, Caetano, Gal, Maria Betânia… E ouvindo Gilberto Loia tocando João Bosco e Airton Cilon o Raul Seixas.
DE Renato Aroeira Eles não aprendem. Não entendem. O Véio da Havan (aliás, mais novo que eu), o Luciano Hang, está processando o chargista Nando Motta. Por causa de uma piada… O que passa na cabeça de alguém que quer processar uma piada? Que quer proibir uma charge? Sim, passa exatamente isso que todo mundo pensou. O Nando não cometeu nenhum crime: apenas desenhou – de maneira brilhante, como sempre – o que ele viu. E o que ele viu foi o óbvio: Luciano Hang é um monstro. Um monstro terrível, um dos vários que estão aí à solta… Mas é ridículo. Um monstro muito ridículo. Tão ridículo que processa chargistas. Bem, Lulu… A má notícia é que somos muuuuuuitos. E a charge continuada… Continua. Agora pra assombrar você, Véi…POR Trilho Cesar#pirralha#revistapirralha#chargecontinuada#somostodosnando#chargistascontracensura#chargeonline#chargepolitica#véiodahavan#Brasília#brasil
Neste próximo sábado,18, o amigo economista e Doutor em geografia Raimundo Inácio, profundo conhecedor das coisas do sertão, de fato, no Sebo Vermelho das 9h às 12h irá lançar o seu segundo romance O Coronel Das Oiticicas.
Tive o privilégio de fazer essa viagem fantástica às veredas, picadas da Caatinga guiado pelo belo escrito de Raimundo. Um romance, que a nós sertanejos, parece mais um relato de cena de nossa vida, pois certamente, todos nós, de certa forma temos alguma tatuagem na memória do sertão profundo: o cheiro da terra molhada, dos açudes cheios, dos juazeiros e, claro essas figuras: os coronéis que dominavam, intimidavam e exploravam o forte sertanejo.
Não percam! Sábado, dia 18, das 9 às 12h no Sebo Vermelho, Abimael Silva e Raimundo Inácio estarão lhe aguardando.
Lá por volta de 1983, Eu, Laércio Eugênio Cavalcante e Jaques Cassiano em algum bar, das noites da terra de Santa Luzia, Mossoró/RN, tivemos a ideia de criar uma revista de charges e cartuns que chamamos de TABEFE. Logo foi muito bem aceita na cidade e no mundo cultural. Naqueles tempos escuros o movimento estudantil se fazia bastante forte e era onde se encontrava eco e espaço vigoroso para lutarmos contra a ditadura. O lançamento da Tabefe foi no ACEU, numa promoção cultural do DCE/FURRN, hoje UERN. Não forço muita minha sexagenária memória a entregar lembranças de como viemos parar numa parceria com DCE da UFRN para lançarmos a revista em um evento cultural que seria realizado no Teatro Alberto Maranhão, certamente, foi através do DEC da UERN.
Pois, muito bem. Fizemos uma “cotinha” para encher o tanque do Fiat 147 do poeta Gustavo Luz, que também vinha à capital lançar o seu livro Chuvas de Palavras, no mesmo evento.
Saímos da boa terra com o galo cantando. Gustavo estacionou o possante na lateral esquerda do teatro por volta das 18h. Nunca havia feito uma viagem tão longa, por outro lado também nunca tinha visto na minha vida um carro tão cachaceiro, o “bicho” não podia ver uma placa de Coca-Cola na beira da estrada o motor logo “morria” e a nós só restava nos abastecermos com água que passarinho não bebe.
Teatro lotado e nós também cheios pela “tampa”, respirando álcool por todos os poros – não ficou um bar nas cercanias do Alberto Maranhão que não teve nossa honrosa presença – nos bastidores Geraldo Azevedo dava seus belos acordes de “Bicho de Sete Cabeças”, ansiosas as pessoas entoavam canções – não sei quem teve a brilhante ideia do roteiro: anunciar a gente em cima da hora do cantor, o apresentador sob as luzes diz: “Vou chamar aqui ao palco o pessoal de Mossoró que vem lançar uma revista de charges…”, na coxia já deu para se ouvir os primeiros ensaios de vaia e nós não decidíamos que iria “puxar” a fila para o centro do tablado, não sei quem me empurrou, mas quando abri os olhos estava no meio do palco, ladeado por Gustavo Luz e Laércio Eugênio Cavalcante, de microfone na mão bradei: “A revista Tabefe é um contraponto à Tio Patinhas que há mais de mil anos nos aliena”…Foi uma vaia das mais bonitas que já ecoou por aqueles lados, parecia que estavam cantando uma canção do Geraldo. Como diz aquele outro: a primeira vaia a gente nunca esquece. Porém, vendemos todas as revistas Tabefe e Gustavo vendeu seu livro Chuvas de Palavras.
Brito e Silva – Cartunista