Autor: brito_admin

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Exposição “ELE POR ELES E ELAS

A exposição “ELE POR ELES E ELAS” estará montada já no dia 05 de novembro em um dos locais mais lindos de Sampa que é o Solar Fábio Prado da Fundação Padre Anchieta.

Será em um espaço pequeno – um corredor de entrada – mas muito bem aproveitado para este evento que homenageia o nosso Paulo Caruso que faria 74 anos no próximo dia 06 de dezembro. No mesmo momento está acontecendo neste mesmo endereço a exposição do Fantástico e por isso com um bom público.

Como não haverá coquetel de abertura e gostaríamos de ter desenhistas presentes e juntos, estamos pedindo que quem puder estar por lá no dia 07 de novembro, às 16h, poderemos nos encontrar ao mesmo tempo. Endereço: Avenida Brigadeiro Faria Lima, 2705 – SP.

Claro que há desenhistas de todo o Brasil participando, mas os mais próximos de Sampa nos dariam uma alegria grande em estarem presentes.  

O Chico Caruso estará por lá e mais pessoas da família talvez estejam também.

Agradeço se quem puder estar lá já dê um OK agora.

Jornalista/cartunista José Alberto Lovetro

Desenhistas participantes:

Abel Costa, Adão de Lima Jr., Adnael, Alecrim, Alexandre Cabral, Allen Campos, Amorim, André Camargo, André Ribeiro, Aroeira, Baptistão, Bira Dantas, Brito, Bruno Dutra Che, Cacinho Jr., Cafalli, Camilo Riani, Caó Cruz Alves, Capucci Jr., Cárcamo, Cau Gomes, Chico Caruso, Claudio Duarte, Clayton Rebouças, Dálcio Machado, Ed Carlos, Eder Santos, Edgar Vasques, Ediel Ribeiro, Edra, Erasmo Spadotto, Érico San Juan, Fábio Vicente,Fausto Bergocce, Fernandes, Fluzão, Francisco Machado, Fred Ozanan, Glen Batoca, Gomes Oliveira, Humberto Pessoa, JAL, J.Caesar, Jean Claude, Jean Pires, Júnior Lopes, Kleber Sales, Laerte, Leandro Hals, Luciano Meskyta, Manga, Manoel Dama, Maraska, Mario Sergio, Mauricio de Sousa, Mauro Miranda, Max Ziemer, Miguel Paiva, Nank Ngablak, Nei Lima, Nilson Felix, Omar, Paffaro, Paulo Lima, Priscila Faria, Quinho, Ricardo Soares, Rui Miranda, Spacca, Synnove Hilkner, Toni D”Agostinho, Trilho, Veronezi, William Medeiros, Xavi.

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Especial: A (meta) pintura de Laércio Eugênio

Por Márcio de Lima Dantas 

Laércio Eugênio (Sítio Mata Seca, Frutuoso Gomes, 1959) assenta-se, contemporaneamente, como um dos mais importantes artistas plásticos do  Rio Grande do Norte. Detentor de uma dicção pictórica assaz original no que  concerne aos meios utilizados pela pintura desde sempre. Acontece que o  artista optou por outro caminho, imprimindo à sua obra um tanto de  originalidade, fazendo com que marque um diferencial com relação aos seus  pares. 

Com efeito, suas telas parecem ser puro pretexto para questionar uma  representação realista ou abstrata do mundo que o cerca ou como chegam as emissões do real em seu íntimo. Ora, o que parece almejar é discorrer acerca  do ato de retratar qualquer que seja o tema, em um movimento que se volta  sobre si mesmo, chamando atenção e proclamando, – por meio de precisas  pinceladas mais espessas, ora usando o pincel, ora arrematando com a  espátula, – que o sistema semiótico pintura é uma outra realidade. 

Assim sendo, descobrindo seus próprios meios, ou seja, autodesvelando-se,  em uma atitude que tem muito de crítica, no sentido de que a tela não mais  busca ou salienta o que chamamos de tema, conteúdo ou significado. Vai  valer pelo significante, pela forma, em movimento que se volta sobre si  mesma. Ora, nada mais é do que aquilo que sempre foi a ontologia da Arte:  há que mirar-se na forma, e não no conteúdo. 

A obra do pintor Laércio Eugênio é um discurso que se pretende um “tratado  de pintura”. Eis a tinta ocupando o lugar que seria do desenho, conformando  um possível lugar de volumes quase sempre estáticos, reafirmando o que  dissemos. É uma espécie de contemplar objetos isolados ou em conjunto,  conduzindo o ato de pintar para engendramento de uma outra realidade,  antípoda ao que chamam de real empírico, lugar onde sucede a interação  entre os homens, seus objetos, seus sistemas de valores, suas maneiras de  agir ou representar. E suportando todas as atribulações, sendo espécies de  marionetes, em um eterno embate com as forças que nos chegam à nossa  revelia, impondo mando e jugo. 

Mas eis que temos a arte para nos redimir, uma dimensão outra perpetrada  por uma singular presença no mundo, consignando contornos, inventando  perspectivas, percebendo ângulos inusitados, alterando a ordem ditada pela Ideologia, fazendo-nos crer em uma possível outro jeito de pensar. Enfim, o  que de um imo singular emanou, dessa presença individual chantada nos  logradouros da realidade, de um que ousou pensar diferente e tornou essa  matéria em arte, eis a suprema capacidade de expressar uma pluralidade, um  coletivo, uma etnia, um país, um dado momento histórico e o seu Ar do  Tempo. 

Antes do mais, há que dizer que farei uso livremente das funções da  linguagem propostas pelo linguista russo Roman Jakobson (1896 – 1982).  Sua proposta das funções da linguagem é bastante dúctil, possibilitando que  se analisem outros sistemas semióticos, não apenas a Língua. O termo  Linguagem amplifica-se a todo e qualquer fenômeno da cultura, sendo que à  medida que houve uma evolução dos primeiros agrupamentos humanos de  caçadores e/ou agricultores, a língua foi se impondo como um dos mais  importantes meios de comunicação, dada a sua versatilidade e economia de  paradigmas conformando um sintagma. Quer dizer, um reduzido número de  fonemas é capaz de dar conta de línguas circunscritas a áreas geográficas ou  etnias com o mesmo laço de parentesco. 

Mesmo assim, as artes visuais seguiram paralelas, organizando  representações por meio de escrituras rupestres nos abrigos e cavernas,  também em baixos-relevos sobre o granito, como se tivesse sido riscado pela  mesma pedra. Esses são apenas alguns exemplos. Para além da dimensão  mágico-religiosa, havia a necessidade de expressão de um indivíduo à cata de inscrever fora de si uma outra realidade. Eis o que motiva o surgimento  da arte enquanto fenômeno de cultura, da mesma forma o que impulsiona  aos que, parece, sentem necessidade de cumprir determinada ordem vinda  das regiões mais profundas do seu íntimo. 

Esse conceito de Função Metalinguística empregaremos para analisar em  uma perspectiva ensaística a obra de um pintor originalmente relacionada  com o desenho, visto ter colaborado durante muito tempo como cartunista  do jornal Gazeta do Oeste, tendo despertado para a pintura em 1988. Aqui já  expusera seu talento em um desenho firme e detentor de uma dicção  extremante criativa. 

Separaremos, para fins didáticos, sua obra em três arranjos. As naturezas mortas, as paisagens e as marinhas. 

Suas naturezas-mortas detém características bem particulares, começando  por manusear uma rica paleta de cores e seus respectivos tons. Expressa o  pleno domínio da luz que esplende sobre arranjos de flores ou frutas isoladas,  em um preciso sombreamento. A luz nessas telas assoma sempre de um ponto, maneira arguta e sensível de fazer com que o objeto em cena quedado proeminente, resplandecendo a luz que ilumina a composição retratada por  meio da técnica expressionista: consistentes pinceladas que mais parecem ter  sido feitas de chofre, como se não houvera previamente o desenho. Evoca  uma espécie de pressa, no melhor sentido que possa haver. As grossas  pinceladas sugerem mais um artista pleno no domínio de seus meios. 

Tenho para mim, que os vasos de flores talvez sejam o que de melhor  conseguiu fazer valer sua estética, em uma maestria capaz de lograr êxito a  partir da sua experiência com as telas e os pincéis, demonstrando suas  capacidades de imprimir uma hegemonia da cor sobre o desenho, em um  despotismo de formas, cores e contornos capazes de desmistificar o retratado  como lugar agradável e puramente decorativo. 

O Expressionismo enquanto estilo histórico ou escola vinculada às  vanguardas que surgiram no início do século XX, caracteriza-se por buscar  a transmissão de emoções por meio de uma técnica muito parecida com uma  forma abrupta de transmitir para a tela o real e seu entorno. Isso mesmo, uma  espécie de pressa ao colocar em grossas camadas ou pinceladas, com  espátula ou pincel, o que se apresenta ao olhar ou se movimenta no entorno  do artista. Desse modo, alguns procedimentos empregados desde sempre são  esquecidos. Basta ver como os vasos com flores estão muito mais do lado de  insculpir emoções do que imprimir na composição um equilíbrio de formas  ou procedimentos desde sempre buscados por escolas de pinturas do  passado. 

Por isso, fomos buscar adjutórios, para efeito de compreensão, nas funções  da linguagem. Essas telas referendam uma arte que se dobra sobre si mesma,  como se quisesse testar o código. Assim sendo, podemos inscrevê-la como  uma arte metalinguística, na medida em que não busca retratar aspectos  tendo em vista uma cópia da realidade, como por exemplo, a estética  Realista, Romântica ou Acadêmica. Ao dobrar-se sobre si mesma, acaba por  revelar o caráter de que estamos diante de um objeto no qual outorga um  discurso de que não passa de uma composição, cuja organização cromática  chama atenção para as possibilidades de se plasmar algo que pode até  remeter a um referente do real, mas não se quer uma cópia deste. 

As paisagens propostas por Laércio Eugênio também remetem ao que acima  discorremos, no sentido de buscar a luz, sendo que aqui procura captar a  luminosidade natural, quer seja nas praias, quer seja em ermas zonas,  parecendo muito mais fruto da imaginação do que factíveis de existirem.  Reforçando a ideia de recortes do real muito mais como desculpas para se elaborar o luzir claro de um possível sol e uma possibilidade de encetar  contrastes entre cores e nuances que se opõem, como o azul, a terracota e o  verde.  

Com efeito, encontramos nas telas amplos céus azuis, conformados por meio  de espessas pinceladas em diversos tons dessa cor. A perspectiva é  conseguida quase sempre através de alguma nuance, não do desenho, que  desaparece, para dar espaço e vida às cores que entram na composição.  Sugere precisão e uma falsa urgência, pois sabemos que essa espécie de  técnica requer tempo, silêncio e um olhar atento, distanciando-se, vez em  quando, para saber a exata medida do que se está elaborando. 

Fica difícil não chamar atenção para a luz, com sua clara transparência, assim  como se passasse direto, vinda do firmamento, não recebendo nenhum  obstáculo. O artista consegue com destreza alcançar, com imensa  propriedade, esse privilégio das zonas rurais ou de algumas cidades  nordestinas. 

Por fim, vejamos o virtuosismo do artista em dos seus temas principais, as  marinhas. São detentoras de imensa beleza cromática, fazendo valer o que  ousou e usou nas paisagens. Nada devendo a ninguém. Limita-se a engendrar suas telas, como pessoa um indivíduo discreto e sem nenhum vestígio de  soberba, apenas transforma em paisagens marítimas as ordens que emanando  seu interior. Esse mando e necessidade que forças da natureza demandam  transformar em “energia” uma “dínames” (Aristóteles). Assim como se fosse uma imanência, algo que chafurda dentro de si,  ansiando por se tornar Arte. E com o pintor Laércio Eugênio, encontramos  esse A no melhor sentido, de benfazejos objetos incorporados aos que o  cotidiano já detém, sendo que na Arte, e sobretudo nas marinhas, há uma  nova forma de contemplar a realidade, na medida que há um diferencial, pois  refrata o que formos acostumados a ver ou o que nos dizem como ver. Aqui  há um novo projeto de vida: transmitir sentimentos por meio de uma  determinada maneira, ou seja, de como se assenta a realidade no interior do artista. E assim ele transmite, por meio da sua pintura, as emoções que  rebentam em seus músculos, ossos sangue, estrumando os cães adormecidos  na sua alma, fazendo com que se transformem em uma outra realidade  possível.

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“Busco um homem honesto”

Digo sempre aos meus, que todos os dias levanto com o propósito de conseguir o que há de bom para poder tentar me tornar um ser humano melhor, não como modismo e a vulgaridade que a frase impõe, mas, como um modo de proteção mental neste tempo fluído e líquido, e quando percebo que não correspondi a expectativa ao longo das 24h, fiz algo que não deveria ter feito, busco amparo na frase do grande estadista e humanista Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul, que um dia cunhou “na vida nunca perco, ou eu ganho ou eu aprendo”.

    Pois, muito bem. Gosto muito da companhia dos meus filhos, são eles sossegarem a minha alma e o coração, quando estamos juntos sempre temos boas e compensadoras conversas.

    Outro dia, depois algumas fatias de pizza e goles de coca-cola, passamos às atualizações familiares, mas logo mudamos o foco para assuntos mais globais ásperos e caros à humanidade, entretanto, como não poderia deixar de ser, enveredamos pelo mundo da política e claro, corrupção foi o mote, tema este que permeia a cabeça de todo brasileiro com as mais diversas percepções. À mesa eu, Jade, Maria e Pollyanne – Felipe e Roberto, meus genros, calados no sofá com seus celulares pareciam observadores da ONU – já de posse de um cafezinho, o assunto foi se avolumando e, como toda erosão de caráter tende a ser do outro e nunca sua e, certamente, por pura ignorância no alto dos meus 64 anos, refutei a tese de Pollyanne, não por ela está errada, porém, por ter sido ela a dizer, já que todos a têm como a mais equilibrada, a mais ponderada: “Ora papai todo político é corrupto”.

Retruquei novamente, argumentando superficialmente “que não é bem assim”, mas logo fui nocauteado por outro golpe de esquerda “se o senhor estivesse no poder eu confiaria, mas em nenhum outro”, me senti tal qual Maguila estirado se debatendo no ringue depois de sofre um cruzado no queijo “disparado” por Holyfield, procurando saber em que planeta estava. Ora, ora, como foi generosa, mesma certa, me fez um carinho e mostrou que sua visão de mundo estava muito além da nossa pequena conversa. O que me levou a Diógenes de Sinope, o filósofo grego, aquele mesmo, o qual a história prega ter sido inquilino de um barril e durante o dia caminhava pelas ruas de Atenas, em plena luz do dia com uma lamparina alegando estar procurando um homem honesto.

Agora, me sinto como outro grego, não o filósofo, todavia, o mais astuto dos mortais, o filho do rei Éolo: Sísifo, não por sua inteligência e sim, por seu pesado castigo. Eu que já me impunha uma autorregulação, todas às noites me ponho à penitência pelos erros cometidos durante a luz do astro-rei. Entretanto, não sei se acordo mais “limpo”, porém, certamente, muito mais disposto a ser menos corrupto, invejoso, guloso, luxurioso, arrogante, pretensioso, intolerante…

Filha minha, você tem razão: todos os políticos são corruptos, até porque são da mesma espécie que nós: humana.

“Que atire a primeira pedra aquele que nunca pecou” disse outro grande homem: Jesus Cristo, líder daqueles que têm a pretensão ao Paraíso.

Brito e Silva – Cartunista

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Sinan Antoon

Caricatura do escritor Sinan Antoon para o 92º Dia da Caricatura Iraquiana. Entretanto, mas uma vez fui traído por minha puída e esgraçada memória. O prazo final era 1º de setembro de 2023.

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Harmonização facial

Que me perdoem os entendidos do “babado”, sou completamente ignorante do borogodó e, portanto, posso cometer algumas heresias por permanecer apenas na superfície, pode ser que diga bobagens, o que não seria alguma novidade.  Percebo que o preenchimento facial fazia e, talvez ainda faça, a festa nas bocas e orifícios das celebridades midiáticas – profanadoras dos belos beiços de Angelina Jolie – entretanto, não sei se por erros de aplicação ou mesmo se o “aplicante” fez esforço desumano e no final o resultado não mostrou frustrante, pois sabia ser impossível obter outro que não fosse o desimbeiçamento, algo como receber uma esquerda do Mike Tyson sem o protetor da cavidade oral, ainda assim a “vítima” injetada, por ter ciência ou não, da “desarmonia” com que a natureza lhe deu nascituro, corre ao espelho numa selfie exibindo o seu, agora, fresado orifício bocal avolumado assemelhando-se às nádegas vermelhas de alguns primatas da Amazônia, quando estão na maturidade prontos para acasalar,  para os seguidores das redes sociais.

Porém, a nova moda ao cenho da moçada é a tal da “harmonização facial”. Para alguns revela que não há dúvidas um upgrade, de fato, parece trazer um rejuvenescimento, meio plastificado é certo, a pessoa se mostra mais ou menos como era há alguns anos, logo, é válido. Porém, para aqueles seres com as quais a natureza não lhes foi muito benevolente o resultado não é o mesmo, quer dizer, na verdade é o mesmo, com os mesmos resultados lógicos, entretanto não contemplam o mesmo desejo: o bonito quer ficar mais bonito, em geral, acontece. O feio faz a harmonização buscando ficar bonito e, por força da natureza, acontece uma “desarmonização” conjuntural cósmica: a bonita volta ao passado parecendo mais jovem e mais bela, o feio avança ao futuro se revelando mais velho e muito mais desprovido de beleza.

O bom de se saber que é feio, é que vai viver assim para o resto de sua vida e, pode tornar o espelho apenas uma peça de consciência, esquecendo a nesta frase “espelho, espelho meu…”, pois, reconhece no espelho sua verdade. Lembro, que na adolescência quem me deu a consciência de ter sido preterido por Afrodite e que você podia fazer do limão uma limonada, foi um feio que nos anos 70, na Europa, fazia bonito no cinema e junto as mulheres, com outros astros bonitões do momento como Paul Newman, Alain Delon, porém, reza a lenda urbana nas margens do Sena quem “degustava muita gente”, quem se submetia a “ficante” das moçoilas francesas era o Jean-Paul Belmondo, titulado como “o feio mais bonito do cinema”.

Os escritores em suas escrivaninhas sob a luz difusa do abajur, quando são envoltos pela nevoa branca do luar penetrando pela fresta janela desvirgina a penumbra, criando um ambiente propício ao ócio criativo e assim se deixam levar por turbilhões de ideias inspiradas passam a escrever freneticamente suas obras primas, tomados por forças além da nossa exosfera, como a jovem escritora britânica Mary Shelley, que, certamente, numa dessas madrugadas de Londres – como imagino ter acontecido – nos brindou com o Frankenstein. Só não sei se ela podia prevê tanta imitação barata, hoje, sob as luzes de led nas salas de cirurgias, não pela pena, mas por bisturis sem fio e agulhas rombudas são produzidos alguns Frankenstein mal engendrados que passam a orbitarem, com abundância, as redes sociais perseguindo likes.

Semana passada quebrei um canino, joguei o problema odontológico para um futuro pertinho, pois muito bem. No dia seguinte, ainda, provavelmente aborrecido comigo, o lado direito do rosto amanheceu grosso, inchado, corri ao espelho, que coisa horrenda, parecia ter feito harmonização com Paulo Marchante, um amigo que esfola bode no seu terreiro, lá nos Teimosos, em Mossoró/RN. Evitando traumatizar meus netos, socorri-me de Pollyanne para me levar a uma urgência-odontológica.

Quem quiser que fique, que faça suas harmonizações. Fico com minha cara de cafuçu. Vai-te retro!!!

Brito e Silva – Cartunista

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Edra sobre a qualidade do cartum brasileiro “Fabulosa”

Nascido Élcio Danilo Russo Amorim na bela cidade mineira de Caratinga, aos 21 dias de janeiro de 1960, renascido, conhecido e reconhecido como Edra para o cartum brasileiro. Nos anos 80 iniciou sua bem-sucedida carreira no Correio Braziliense em 1980, trabalhando também no Jornal de Brasília e Correio do Brasil, no qual foi o responsável pelo Suplemento Infantil Clubinho.

Edra coleciona vitórias em diversos salões de humor, dentre eles o Salão Internacional de Humor do Piauí e o Concurso Por Su Salud, No Fume!, de Buenos Aires.

Além do Diário de Caratinga no qual veiculou suas charges por 13 anos, também publicou 27 livros: Chulé (1993, com tirinhas), Bagunçaram o meu coreto (1997, de charges), Se rir eu choro… (1998, cartuns), O que vier eu traço (2003, cartuns, charges e caricatura), E foi assim… (2005, sobre a história do Carnaval caratinguense), entre outros. É também idealizador e realizador do Salão Internacional de Humor de Caratinga, desde 1998, e idealizador e diretor da Casa Ziraldo de Cultura, fundador da Gibiteca Turma do Pererê, presidente da Associação Estação Cultural de Caratinga e parte do Conselho Diretor do Movimento Amigos de Caratinga.

Sabemos que é na infância onde tomamos os primeiros contatos com pincéis, tintas, lápis e papel, com você assim? 

Sim. Meu pai tinha um restaurante e eu ficava pegando naquelas antigas bobinas de papel para embrulhar pão, pedaços e mais pedaços para fazer os meus primeiros rabiscos, que no passar do tempo foram tomando formas. Primeiro foram cenas de faroeste com direito a muitos cavalos, cowboys e índios. Depois paisagens, animais e pessoas. Tive uma boa fase desenhando cenas de futebol, criava histórias com jogos e quando nosso time da rua disputava uma pelada com o time da outra rua, ao voltar pra casa eu desenhava os gols do nosso time e fazia tipo um jornalzinho, com manchetes, entrevistas e tudo mais… kkkk.

Desenhar teve alguma influência ou você é a “ovelha negra” da família?

De uma certa forma tive influência da minha mãe, embora ela nunca tenha sido uma artista, na essência da palavra. Ela era Professora do primário e eu ficava encantado com os desenhos que ela fazia em folhas grandes de cartolina no seu preparo de plano de aulas, o que me despertou a começar a fazer os meus. Para aproveitar o gancho da pergunta vou complementar minha resposta com uma revelação que pode surpreender a muitos. Pode parecer estranho, mas a atividade que menos exerci ao longo desta minha trajetória foi a de desenhar. Deus me deu o dom, tenho a mão boa, mas acho que poderia desenvolver mais o talento e obter mais sucesso como cartunista se dedicasse mais a arte de desenhar. Ao contrário dos artistas que vivem exclusivamente de seus traços e que entram numa redação, agência ou em seu próprio estúdio e passam ali oito horas ou mais horas diárias criando, desenhando e pintando, eu segmentei minha profissão diagramando, editando, criando logomarcas, sendo dono de loja de roupas infantil, de gráfica, produzindo catálogo telefônico, vendendo brindes, fazendo propaganda e, na minha agitação cultural, fundei blocos de carnaval, clube de carros antigos, promovi mais uma tanto de eventos, e foram muitos anos de luta e horas de sono perdidos para realizar, até aqui, dezessete salões de humor e criar a Casa Ziraldo de Cultura. E nesta correria, para poder conjuminar uma atividade às outras, não me sobrava muito tempo para me dedicar à prancheta e sempre fiz as charges a toque de caixa, sem muitas elucubrações, com desenhos toscos e sem burilar as ideias.

Quando tomou consciência que o desenho, mas especificamente, o cartum seria sua profissão? 

Desde criança eu gostava muito de ler. Adorava a Revista Recreio que trazia atividades que aguçavam a minha imaginação e me colocou diante de textos de grandes escritores. Ainda muito garoto, criei o hábito ler muito jornais e revistas. Quando eu deparei com as charges e ilustrações – para quem já tinha um dom do desenho – naturalmente despertaram em mim uma atração especial e comecei a fazer os meus quadrinhos e cartuns. Não demorou muito para que eu alimentasse o sonho em me tornar um cartunista.   

A família apoiou? 

Meus pais sabiam que eu gostava de desenhar. Por ser muito tímido a minha mãe conseguiu para mim o meu primeiro emprego como desenhista arquitetônico, aos 15 anos. Uma profissão de acordo com as minhas habilidades manuais e uma atividade sem maiores contatos com outras pessoas. Mais quando eu disse que queria sair de Caratinga para tentar ser cartunista eles não tinham a menor ideia do que se tratava, mas sempre me deram apoio e buscavam até entender um pouco do que eu fazia. Atualmente a minha mãe, 93, costuma dar os seus pitacos no meu trabalho e eu geralmente troco opiniões com ela e acabo acatando algumas… rssss.

Quantos anos de estrada, amassando e rabiscando papeis em busca suplantar o desafio do papel em branco? 

Comecei a minha profissão de cartunista em Brasília fazendo charges, caricaturas e ilustrações para o caderno de Esportes no Correio Brazilense (1980). Minha estreia de charge editorial foi no ano seguinte na Folha de Brasília. Durante cinco anos fui Diretor de Arte e Programador Visual de uma revista esportiva, publiquei tirinhas no Jornal de Brasília, ilustrador do Caderno de Cultura do Correio do Brasil, onde eu também editei por oito anos um suplemento infantil e, alternadamente, muito trabalhos de desenhos e diagramação como freelance na imprensa alternativa. 

Como avalia a qualidade do cartum brasileiro?

Fabulosa!

Você acredita que o cartunista brasileiro é bem remunerado?

Pouquíssimos conseguiram.

No mundo dos traços quais foram suas influências e seu ídolo? – sem é que tem um.

No início eu queria criar personagens e fazer quadrinhos bem no estilo do Maurício de Souza até enveredar nas charges e cartuns quando passei a conhecer e curtir muito os trabalhos do Quino, Laerte e Ziraldo.

Como é realizar um salão de Humor? 

Cara, eu fico embasbacado quando visito outros salões e me deparo com o trabalho de produção executados por equipes segmentadas, totalizando um grupo bom de pessoas. Estrutura de todas as ordens, envolvimento de entidades no processo geral e daí eu analiso como eu consigo fazer um salão sem a mínima comparação da mesma ordem, e ainda por cima numa cidade do interior. Aqui eu assobio e chupo cana. Do parafuso de uma tenda a passagens de avião que vai trazer os artistas convidados, tudo passa por mim, algumas vezes apoiado por um ou dois abnegados amigos, voluntariamente. Mas nada interfere no resultado final da formatação do salão, na qualidade e proposta do mesmo. Não fica devendo em nada, neste ponto de vista, aos grandes salões do nosso país, e te digo mais, até as falhas são similares (risos). .Apesar das grandes dificuldades enfrentadas ao longo destes anos, o nosso salão entra para sua décima oitava edição neste ano, desfrutando de grande prestígio no país e no exterior; de credibilidade entre os artistas pela sua organização. Estamos entre os quatro melhores salões do Brasil e também entre os de maior longevidade. Isto não é pouca coisa! E para chegar até aqui enfrentei problemas de todas as ordens. Foi preciso eu ser muito abnegado, de manter firme o foco e a determinação. Para manter a viva proposta do projeto, venho realizando as últimas edições sem nenhum suporte financeiro, procurando com isso usar o recurso da originalidade e inovações para mantê-lo atrativo. Em 2021 criei o Festival Jal&Gual numa iniciativa sem precedentes no cenário mundial onde os cartunistas são homenageados por cartunistas. Para este ano quero lançar o 1º Salão Mirim de Humor de Caratinga pois considero esta seção que existem em alguns outros salões, de muita importância.

            Então para finalmente responder a sua pergunta: SIM. É muito difícil e realmente dá muito trabalho e, mesmo sem nenhum retorno, você tem que abdicar de alguns compromissos profissionais e isso se torna a situação ainda mais delicada, mas venho buscando forças para manter o ideal. E para confirmar o que eu digo confira um trecho do depoimento do Zélio (considerado o papa dos salões de humor do Brasil) que ele prestou quando na inauguração da Casa Ziraldo de Cultura em 2009:

            “Não é fácil fazer um salão de humor. Isto é seríssimo! E repetir por dez anos é de um heroísmo que poucos no Brasil conseguiram. Aliás poucos no mundo. Poucos são os salões que conseguem sobreviver por tanto tempo. Aqui no Brasil tem uns quatro ou cinco, no máximo. Daqui a pouco o de Caratinga vai entrar no hall daqueles miraculosos que vier depois de que tentar fazer melhor do que o Edra, vai ser difícil fazer, mas tenta!” 

Fontehttp://casaziraldodecultura.blogspot.com/2011/08/zelio-10-salao-de-humor.html

            E para ampliar as informações acerca deste gênero de atividade, o Salão de Humor, ao expor os trabalhos originais destes artistas, além de aproximar vários de seus autores entre si e ao grande público, abre um importante canal de informação especialmente aos que não tem acesso aos grandes jornais, revistas e livros ou até mesmo aos que não tem o hábito da leitura e proporciona aos visitantes ligados a arte o contato com as mais variadas técnicas e estilos. Com os espaços na mídia reduzidos, cada vez mais e de forma acentuada, as promoções de salões de humor mantém um significativo suporte para servir de estímulo, vitrine, e envolvimento da classe em torno da paixão que os unem e ou para que continue sendo um canal importante de expressão e manifestações política e social. 

A resposta do público é enorme, pelo fato do humor ter uma linguagem universal e pelo grande fascínio que a beleza plástica do desenho exerce nas pessoas, criando um apelo a mensagem que cada artista procura passar.

Durante a realização do evento, a cidade e região se mobilizam para visitar, discutir e refletir sobre os mais variados temas apresentados nos trabalhos expostos como o meio ambiente, a fome, a desigualdade social, violência, política, guerra, racismo, o menor abandonado entre outros, na visão de artistas de várias partes do mundo. Todas as pessoas que visitam o salão saem de lá tocadas, não ficando ninguém indiferente, o que torna ainda mais gratificante a realização de um evento desta natureza.

Uma forma de fomentar a cultura, levando às pessoas informação, conscientização e divertimento através do entretenimento, estimulando também o contato entre autores, público e afins.

Qual a charge, cartum ou caricatura que gostaria de ter desenhando? 

Todas as charges do Angeli, todos os cartuns do Quino, todas as tirinhas da Laerte, todas as caricaturas do Ulisses e todos os desenhos do Ziraldo.

A internet restringiu muito, quer dizer, praticamente acabou com os jornais e revistas impressos e consequentemente com os espaços para os profissionais do cartum, você acredita que também abriu outras oportunidades e novos mercados?

A internet revolucionou toda a mídia, cada profissão foi condicionada a tomar novos rumos e para a maioria foi totalmente favorável. No nosso caso, se por um lado deu maior visibilidade, por outro tirou todo o nosso controle de uso da imagem e consequentemente a sua renumeração.

O que é ser um cartunista?

É padecer no jornalismo

Quem é Edra? 

Elcio Danilo Russo Amorim kkkkkkk. Mas para me traduzir, o que eu sou mesmo é um batalhador. 

www.cartunistaedra.blogspot.com 

www.chargesdoedra.blogspot.com 

www.casaziraldodecultura.blogspot.com

www.salaodehumordecaratinga.blogspot.com

www.chargesfutebol.blogspot.com

www.carrosantigosctga.blogspot.com.br/ 

www.uteboldecaratinga.blogspot.com.br/

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George Cosbuc

Caricatura

Caricatura do jornalista, tradutor e poeta romeno George Cosbuc para Festival Internacional da Romênia.

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“Job” é meus “zóvus”

Quando o Waldeck Artur de Macedo humorista, radialista, cantor e compositor baiano, conhecido por Gordurinha, compôs a musica “Chiclete Com Banana”, pareceu apenas uma bem-humorada música e é, entretanto, também uma crítica aos americanos que tinham pouco ou quase nenhum conhecimento do Brasil e a uma boa parcela dos brasileiros que expunham uma verdadeira admiração exacerbada pelo estilo dos galegos, principalmente porque ainda estava bastante viva a presença dos soldados estadunidenses em terras brasilis.

O certo, é que nosso complexo de vira-lata sempre nos empurrou para outras paragens além fronteira, em busca frenética de uma sofisticação social aceitável nas cortes europeias renegando nosso passado mestiço, indígena e caboclo, assim íamos para França, é certo, alguns apaniguados da elite, que de fato, somente alimentavam ela própria, em detrimento da casta mais baixa, da ralé que ficava a ver navios, literalmente.

No período da Ditadura Militar, a arte sofreu uma recrudescente censura, logo abriu-se um mercado para o que vinha de fora: passamos a consumir de forma compulsória a arte e costumes dos ianques; música, filme, teatro, “baicon”, MacDonald… Claro, que Reino Unido por aqui também fazia a festa, The Beatles, Pink Floyd, Rod Stwart e tantos outros cantores e bandas. Evidentemente toda essa profusão da língua inglesa impregnou a todos nós.

Lembro quando entrei no jornal Gazeta do Oeste, nos anos 1979, encontrei palavras chique “Copy Desk” que era o cara que fazia a revisão dos textos; na diagramação tínhamos o “Paste up”, profissional que fazia a colagem determinada pelo diagramador; “picas“, unidade de medida; “ombudsman” o sujeito que fazia uma análise do jornal impresso naquele dia dentre muitas outras. Quando migrei para publicidade a palavra mais dândi, sofisticado era “brainstorm”, na boca deste cabeça chata comedor jerimum perdia todo seu glamour, não podia ser mais brega, isto nos anos 90. Agora, é quase impossível ligar a tv e não ouvir pelo menos uma centena de palavras em inglês que sepultaram suas semelhantes em português. Não sei há motivos para os estudiosos da língua pátria terem alguma preocupação ou é pura breguice usual ou, talvez ainda, uma posição alarmista deste bocó, lá do sertão de Angicos. O fato é, na percepção de um monte de cabeça de vento, acredita, ser “descolado”, usar Call ao invés de ligação; deadline ao invés prazo; feedback ao invés de retorno…Ora, meus caros, “job” é meus “zóvus”. Aqui trabalhamos feitos condenados.

Como disse o grande dramaturgo Ariano Suassuna “Não troco o meu “oxente” pelo “ok” de ninguém!

“Chiclete Com Banana”,

Eu só ponho bib-bop no meu samba

Quando o Tio Sam tocar o tamborim

Quando ele pegar no pandeiro e no zabumba

Quando ele aprender que o samba não é rumba…”

– Almira Castilho/Gordurinha.

Rabo entre as pernas

O Malta, aquele senador “pastor” bolsonarista, que aparece sempre, vociferando na CPMI de 8 de janeiro, como se fora o próprio bastião da verdade e da venturança. Rodeado por outros rotos mentais vomitou em uma coletiva acusando o Presidente Lula de não ter assinado a Lei de Liberdade Religiosa.

Depois de um vídeo circular internet o qual mostra as fuças do mentiroso pastor, na solenidade em que Lula assina a lei em questão. De cara lisa, na última sessão da CPMI, estava quietinho lá no fundão com o rabo entre as pernas. A mentira parece ser um mandamento de alguns pastores bolsonaristas.

Emirados

O fisioterapeuta Roberto Freitas, de passaporte em mãos rumo aos Emirados Árabes Unidos, fazendo parte do staff do lutador de MMA Paulo Borrachinha, que irá lutar no dia 21 de outubro, em Abu Dhabi. Roberto fará toda preparação física do atleta. Vitória!!!

Livro 1 – Rock’n Roll

Logo mais na Amazon, o livro Rock’n Roll – Uma Breve História da Música Que Mudou a Maneira de ver o Mundo – do advogado, professor e músico Ugo Monte. Socorro Brito, que fez a diagramação antes, agora faz a adaptação para o formato da empresa do Jeff Bezos.

Livro 2 – Memórias do meu Eu, na Terra Syara Minor

Também na grade do InDesign do computador de Maria o mais novo livro Memórias do meu Eu, na Terra Syara Minor, do professor Severino Martiniano, lá da bela cidade de Ceará-Mirim/RN, meus miolos fervem para uma boa capa, além das ilustrações que anteveem aos capítulos.

Frase

“O senhor se tornou uma pessoa abjeta, misógina” – Senadora Eliziane Gama falando com o deputado Marcos Feliciano.

Caricatura

Caricatura do jornalista, tradutor e poeta romeno George Cosbuc para Festival Internacional da Romênia.

Brito e Silva – Cartunista

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Caricaturas em Homenagem ao Zélio na Paralela do 50º Salão Internacional de Humor de Piracicaba

Cartunistas Participantes:

BRASIL: Adnael (AL), Aleixo (GO), Alex Faria, Alisson Afonso (RS), Amorim (RJ), Antoni Ribeiro Martins (RJ), Baptistão (SP), Brito (RN), Duarte (SP), Deraldo (BA), Edra (MG), Érico San Juan (SP), Fernandes (SP), F. Machado (SP), Fredson Silva (SP), Guedes (SP), Glen Batoca (RJ), Jal (SP), J. Bosco (PA), Jorge Inácio (ES), Jindelt (SC), Juska (RS), Leite (MG), Luciano Soares Lima (RS), Manga (SP), Maraska (SP), Miller (RJ), Mauro Miranda (RJ), Nei Lima (RJ), Paffaro (SP), Rosana Amorim (SP), Ricardo Antônio da Silveira (MG), Ricardo Soares (SP), Robinson (SP), Spacca (SP), Synnove (SP), Ulisses (RJ).

EXTERIOR: Santiagu (Portugal), Bassir Hassan (Iran), Berly Rivadeneira Sanchés (Peru), Brady Isquierdo (Dubai), Luis Armestar Miranda (Peru), Luis Demétrio (Cuba), Martín Falloca (Argentina), Walter Toscano (Peru), Omar Zevallos (Peru), Paulo Pinto (Portugal), Pedro Silva (Portugal), Shankar Parmarthy (Índia), Siamak Babani Gholami (Iran), Yuksel Cengiz (Turquia).

https://salaodehumordecaratinga.blogspot.com/2023/08/caricaturas-em-homenagem-ao-zelio-na.html?fbclid=IwAR3r52NX-4qPVbI4IaDg7BnZ6bUXykVo2EgxjU1ESMPJLCvJ71B4YzOpTGE
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Há 18 anos, morria em Mossoró, Dorian Jorge Freire, referência do jornalismo local

Há exatos 18 anos, falecia em Mossoró, o escritor e jornalista Dorian Jorge Freire. Nascido em Mossoró, aos 14 de outubro de 1933, filho de Jorge Freire de Andrade e da professora Maria Dolores Couto Freire de Andrade, Dorian iniciou a sua vida no jornalismo, seguindo os passos do pai e logo aos 12 anos de idade já ocupava uma coluna no jornal O Mossoroense.

Ao longo da sua vida, morou no Rio de Janeiro e São Paulo, onde se firmou como um jornalista combativo e de grande estilo. Entrevistou figuras importantes como Jânio Quadros, Aldous Huxley e Jean-Paul Sartre (Prêmio Nobel de Literatura).

Também manteve contatos com Fidel Castro, Elizabeth II, Craveiro Lopes, Raymond Cartier e Greene. Foi fundador, juntamente como Alceu de Amoroso Lima e Samuel Wainer, do jornal Brasil Urgente, um dos precursores da imprensa independente do país. No Rio Grande do Norte escreveu para os jornais Tribuna do Norte, O Mossoroense e Gazeta do Oeste. Dorian faleceu aos 71 anos de falência múltipla dos órgãos. Confira abaixo crônica de Dorian Jorge Freire em homenagem a Mossoró, gentilmente cedida pelo Blog do Carlos Santos.

SOU MAIS MOSSORÓ-RN

Por Dorian Jorge Freire

Natal, maio de 1985.

Lembrando Pedro Nava, eu sou mossoroense “de propósito”. “Só de mal”, como diria meu querido Guido Leite, assassinado impunemente.

Não poderia ter nascido em outra parte. Nem no Aracati de meu Pai, nem em São Paulo de minhas saudades mais leais.

Definitivamente, Mossoró.

Conhecendo – como Jaime Adour da Câmara – Oropa, França e Bahia, sendo tiete das velhas cidades mineiras e também de Olinda, Alcântara e São Luís, minha opção preferencial é sempre por Mossoró.

Paris, eu amo antes da primeira vista. Florença, amor à primeira vista. Ainda assim, sou mais Mossoró.

Dirão que há, em Paris, o Café Procope. Mas eu fico com o Café Tavares.

Ainda em Paris, encontramos as ruas St. Séverin e St. Jacques, roteiro de Dante. Mas eu prefiro a 30 de Setembro.

Cortot? Temos o Beco de Jeremias Cego. Chevalier de la Barre? Vicente Sabóia.

Mossoró não me deu apenas a certidão de nascimento. Deu-me, também, o seu temperamento. E, uma a uma, as suas idiossincrasias.

Sou vidrento como Mossoró é vidrenta. E não sou exceção. Qualquer mossoroense é assim.

Em São Paulo, por exemplo, o velho Estevão Cruz colecionava rótulos de Cerveja Mossoró, que lavava com as suas lágrimas. No Recife, um grupo chefiado por Mário Marques tem reuniões sucessivas em Boa Viagem para falar em Mossoró.

No Rio, no bairro de Ipanema, Raimundo Nonato não falava em outra coisa dia após dia – Mossoró, Mossoró, Mossoró. Em Brasília, 24 horas diárias, Vingt Rosado faz mossoroísmo. Wilson Lemos, exilado há mais de 30 anos, telefona dos confins de Mato Grosso para pedir notícias.

Meu Pai, cearense, vivendo seus últimos dias no país do sul, pedia que as suas cinzas e sementes fossem plantadas em Mossoró. Jaime Hipólito Dantas, em Natal desde março, trancado em seu apartamento, curte as saudades mais melancólicas.

Não é bairrismo. É mania. Mania? É vício. Os mossoroenses somos viciados em Mossoró.

Disseram – parece que foi Grimaldi Ribeiro – que Vingt Rosado era um deputado municipal. Vingt inflou de orgulho.

Duas vezes impediram Dix-huit de governar o estado. Sabem a resposta mossoroense? Duas vezes fizemos Dix-huit nosso prefeito.

Dias atrás anunciaram que o meu exílio natalense estava no fim e que eu voltaria para Mossoró. Foi um alvoroço no meu coração e lá em casa. Os netos vibraram, o pé de cajá deu uma carga temporã, os coelhos ficaram mais ativos, o canário – mesmo belga! – cantou o Hino Nacional com o charme da Nova República de Fafá de Belém. E meus 10 mil livros? Machado valsou com Colette, num assanhamento que só vendo.

Não sabem os filisteus e saduceus, os nefelibatas, que exílio de mossoroense é marcado pela transitoriedade? Mossoroense está sempre voltando à sua terra. Senão em vida, na força do homem e da mulher, no molho de ossos bem lavados. Basta encostar o ouvido no chão, que há o chamado da terra.

Estarei falando demais de Mossoró? Conversa! De Mossoró fala-se sempre de menos. Deve est ar acontecendo que o meu subconsciente não aprova a minha ausência. Não aprova que eu fique longe do 30 de Setembro, longe de Santa Luzia, longe das valsas de Zé de Ana, longe das matinês do Ipiranga, longe dos bailes da ACDP, longe do sol da seca ou da água da inundação.

Sei que não faço falta, que há 180 mil irmãos voluntários da pátria a serviço do capitão Dix-huit. Ainda assim…

Ainda assim, Mossoró. Mossoró, sempre.

E se me permitem, deixem que eu puxe a memória e lembre histórias. Não sou dos fundadores da cidade, nem vi bangolando por estas capoeiras os índios monxorós, nossos bisavós. Mas prestei, calado, muita atenção a conversas dos mais velhos. E arquivei na memória alguma história e muitos causos.

Sei que éramos simples e cordiais, hospitaleiros, que pensávamos que o visitante poderia ser Nosso Senhor e era preciso acolhê-lo carinhosamente, com renda limpa, lençol cheiroso, água fria e café quente.

Sei também que vivíamos em paz uns com os outros, embora não habitássemos o Paraíso e vez por outra caningássemos com nossos irmãos em querelas sempre terminadas ao redor de uma tapioca.

Essa situação indiscutivelmente cordial, partida só de quando em vez por encharcamento mais febril, subsistiu até os anos 40, começo da dezena seguinte. Quando éramos mais ou menos 30 mil orgulhosos mossoroenses.

Respeitávamos o prefeito, venerávamos o bispo, temíamos o delegado de polícia, confiávamos no juiz, admirávamos os intelectuais, estimávamos os tipos populares, amávamos as mulheres e não trancávamos nossas portas nem nossos corações.

Mas veio a política roxa sucedendo a queda da ditadura. PSD de um lado, do outro UDN, e o mais era enfeite. E veio a ambição do poder, a disputa acesa como brasa de acender o pito. Começou, então, a ciranda do desaforismo. Em crescendo. Cada vez mais agressivo, mais contundente. Era doutor Tarcísio contra doutor Nicodemos. Era Walter Wanderley contra Mário Negócio. Eram Mota Neto, José Luiz, Dix-sept .

Dois jornais se digladiavam. Afora eles, havia os folhetins, os alto-falantes, os comícios perigosos. Um boletim surgia contra um, dissecando um sabujo. Menos de 12 horas depois, vinha a resposta furiosa: dissecando um cadáver. Parecia até que a política municipal se fazia num Instituto Médico-Legal…

Foi a partir daí – lembro – que começou a invadir a cidadezinha, antes serena e boa, hospitaleira e cristã, um cheiro de rosas machucadas das que enfeitam a morte antes de enfeitarem a vida. Seguido do cheiro aziago de vela de velório.

Mau presságio. Todos tínhamos nossos partidos, todos estávamos partidos e repartidos pelas paixões inflamadas, mas não havia ninguém que quisesse ir ao enterro do outro. E quando a coisa descambou da política para caso de polícia, os contendores receberam convite do padre Mota, ex-prefeito de M ossoró e vigário-geral da diocese, para uma conversinha.

Todos atenderam ao chamamento. Iam chegando à casa do gordo padre, que os esperava, despreocupado, fumando seu charutão e indo lá dentro buscar a cadeira para escutar o cura d´aldeia.

E levavam um baita carão:

– Tenham modos! Vocês não são crianças! Lembrem-se que todos somos uma mesma família, sem Caim, só Abel.

Todos ficavam com os olhos no chão, feito Capitu. E um a um, cada qual foi levando sua cadeira lá para dentro e saindo com o sorriso irmão do grande padre.

Por que rememoro isso? Por nada, nadinha. Apenas para lembrar, mossoroense que sou desde o início dos tempos.