João Gilberto
João Gilberto Prado Pereira de Oliveira (Juazeiro, 10 de junho de 1931), conhecido como João Gilberto, é um cantor, violonista e compositor brasileiro. Tido como o pioneiro criador da bossa nova, é considerado um gênio e uma lenda viva da música popular brasileira. Foi eleito pela revista Rolling Stone Brasil o 2º maior artista brasileiro de todos os tempos, atrás somente de Tom Jobim.
Desde o lançamento do compacto que continha Chega de Saudade e Bim Bom, munido apenas da voz e do violão, começou uma revolução na música brasileira e na música mundial. Dono de uma sonoridade original e moderna, João Gilberto foi o artista que levou a música popular brasileira ao mundo, principalmente para os Estados Unidos, Europa e Japão. Tido como um dos maiores influentes do jazz americano no século XX, ganhou prêmios importantes nos Estados Unidos e na Europa, como o Grammy, em meio à beatlemania.
Início da carreira
Convidado para integrar o conjunto vocal Garotos da Lua, em 1950, João Gilberto parte para o Rio de Janeiro. No ano seguinte, com o destaque na rádio, os Garotos da Lua gravaram dois discos de 78 rpm. Entretanto, com um início de carreira turbulento, marcado por atrasos, João acabou despedido do grupo. Pouco depois, em 1952, teve oportunidade de gravar um disco solo para a gravadora Copacabana, marcado pela semelhança do canto de João com o de Orlando Silva em seu auge, com vozeirão e uso de artifícios técnicos como vibratos, a mesma divisão de palavras e o mesmo “sentimento”. Curiosamente, João canta sem violão, que viria a se tornar tão ligado a imagem de João no futuro. O disco, no entanto, não alcançou nenhum sucesso, Orlando era antiquado e moderno era Dick Farney e Lúcio Alves.
Na época, João namorava a futura cantora Sylvia Telles. Nesta época dividia o quarto da pensão com Luiz Carlos Paraná.
Oportunidades surgiram e Lúcio Alves sugeriu a Rádio Nacional que João gravasse um acetato contendo “Just one more chance”, de Sam Coslow e Arthur Johnson em versão de Haroldo Barbosa chamada “Um minuto só”.
Em 1953, teve sua primeira composição gravada, “Você esteve com meu bem”, parceria com Russo do Pandeiro, na voz de Marisa Gata Mansa, sua namorada à época. A gravação contou com acompanhamento de João ao violão, ainda sem a famosa batida da bossa nova.
Durante esses anos, João Gilberto chegou a gravar alguns jingles no estúdio de Russo do Pandeiro, como um para a Toddy, de letra “Eu era um garoto magricelo/ Muito feio e amarelo.// Toddy todo dia ele tomou/ Engordou e melhorou/ Forte ficou.// As garotas agora me chamam bonitão/ No esporte eu sou campeão”. Tocava também em festas da sociedade, com cachês irrisórios.
Em 1954, João conheceu Carlos Machado, o Rei da Noite, e com ele consegue participar do show “Esta vida é um carnaval”, na boate Casablanca, com participação de Grande Otelo, Ataulfo Alves, a bateria da Império Serrano, entre outros artistas. João cantava em coro em uma cena e em outra cantava como solista um samba de Sinhô, “Recordar é viver”, além de fazer pequenas aparições teatrais. O espetáculo foi um sucesso de crítica e público. Nesse mesmo ano, se juntara ao conjunto Quitandinha Serenaders. No grupo, conheceu Luiz Bonfá, Alberto Ruschel e Luís Telles, que se tornou um grande amigo de João. Chegou a integrar o conjunto Anjos do Inferno, em uma curta temporada paulista.
A consagração, no entanto, não viria a João ainda nestes anos.
Em 1955, João dirige-se a Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, com seu amigo Luís Telles. Lá, conheceu Armando Albuquerque, compositor, pianista, violinista, professor, musicólogo e amigo de Radamés Gnatalli, com quem passou horas estudando música, principalmente harmonia. Depois de oito meses, João decide se dirigir a Diamantina, Minas Gerais, para viver com a irmã Dadainha, recém casada e com uma filha recém nascida. Durante os estudos, João percebeu que, se cantasse mais baixo, sem vibrato, poderia adiantar ou atrasar o canto em relação ao ritmo, desde que a batida fosse constante, criando assim seu próprio tempo. Depois de sete meses em Diamantina, João partiu para Juazeiro, onde passa dois meses com a família. Lá, compõe “Bim Bom”, confiante de que havia encontrado a batida que queria. Vai a Salvador, capital do estado, e por lá permanece por alguns dias. No início de 1957, João Gilberto parte para o Rio de Janeiro, para sua consagração.