Não entendo nada do borogodó
“Não conte com Dedé – assim que minha mãe me chama – para fazer essas coisas, ele é meio desajeitado”, isto era minha uma salvaguarda para permanecer no fundo da rede. Mas, não era preguiça não, era pura falta de tato com as coisas domésticas: Não sei apertar um parafuso com a furadeira Black Deck, colocar uma lâmpada é um vexame. Logo cedo me convenci de não ter entrado na fila dos dotados de habilidades para serem um bom “Marido de Aluguel”: sou uma negação, uma tragédia nas coisas do cotidiano doméstico.
Lembro quando comprei minha moto MZ250, incentivado por Claudino – meu parceiro de jornal Gazeta do Oeste, ele nas lentes eu nos rabiscos e diagramação – também dono de uma MZ250, a caminho de casa na Abolição II em frente a fabrica de castanhas a moto pifou, acionei meu celular tijolão e lá se danou Claudino a me socorrer, o sol a pino daquele jeitinho que a gente olhava em direção a pista avistava-se carros, aviões, jumentos, cavalos via-se até o “Galego”, isto é, Ricardo Lopes surfando na Praias das Manuleas, em Tibau. Porém, na verdade eram apenas miragens sob o sol escaldante da Terra de Santa Luzia. Retirando suor de sua reluzente careca com cara de poucos amigos, esbraveja “Porra Brito, você me fez vir lá do Alto Manoel para tirar você do “prego” e é falta de gasolina?”, ainda assim, me rebocou uns 50 metros até o posto de Zé da Volta na lateral da fábrica.
Outra vez, depois de fechar a capa do jornal, isto lá por umas 12h30, entrei no meu Fiat 147, liguei o toca fitas Roadstar, dei o play e estéreo põe-se a soar “La Vie En Rose” com Grace Jones, ao passar pelo Banco Mossoró, o possante fica “puxando” para um lado, até que um motoqueiro, educadamente, pronuncia “o pneu tá furado, mané”, pronto empurrei o carro para estacionado rente a calçada da Livraria Nordeste, fui-me a caminho do Tele-Táxi fazer uma corrida com Dedé Galego.
Não vou me alongar, apenas me ater no acontecido hoje, 9 de abril de 2023, claro, existem outras mais vergonhosas. Por volta das 3h, sob uma chuva muito forte aqui na capital potiguar, ouviu-se um estrondo, a energia, talvez com medo do furioso Zeus, se mandou. Eu, Maria e João Miguel sem ventilador ficamos a mercê do ataque de muriçocas ferozes que a todo custo queriam chupar nosso sangue. Firmes, permanecemos de olhos abertos esperando sol raiar, e raiou carrancudo e rabugento como sempre, entretanto, nada de energia.
Às 11h, depois de João se lambuzar até os cabelos com ovo da páscoa Maria decidi ligar para Cosern, eu buscava na agenda um engenheiro elétrico, quando surge o vizinho no portão, perguntamos como estava se virando sem energia, “não, lá em casa tem energia”, vocês já olharam os disjuntores? O medidor? Uníssonos: Não!!!
Corremos para o medidor, ligamos a chave e fez-se luz. Em verdade vos digo: não entendo nadica de nada do borogodó caseiro e, já desisti de tentar.
Brito e Silva – Cartunista