Feliz Polary
Natal, 27 de fevereiro de 2010
Para Polary
Diz a filosofia que “o conhecimento de nenhum homem pode ir além da sua própria experiência”, portanto, é crível dizer que quando emitimos opiniões, nos comportamos, falamos, andamos, dançamos, cantamos e ensinamos aos nossos filhos não pode ser frutos de terceiros, mas, vem de dentro de nós mesmo, de nossas próprias experiências vividas ou ainda por vivê-las.
Digo isto, porque quando você nasceu e por ser o primogênito, eu e sua mãe sem experiência alguma em lidar com outro ser, no qual sua a dependência era tão espantosamente enorme de nós. Ainda assim baseado em experiência de nossos pais moldamos as nossas e, a fizemos para que você pudesse ter o melhor de nós dois.
Em 1980, quando você chegou vivíamos um período político complicado, embora já com sinais de cansaço. Entretanto, quando lhe via ali, pequeno frágil, imaginava o Brasil, melhor, não apegado ao refrão do “Brasil é o país do futuro”, mas, queria um Brasil mais solidário, partilhado, socialmente mais igualitário e com menor distâncias entre as classes naquele momento, porque se assim fizesse o futuro estaria garantido.
Assim fizemos, fomos para ruas nas diretas já, com minha minúscula arma (charges e textos) publicados na Gazeta do Oeste, O Mossoroense, O Povão, Jornal Salário Mínimo e muitos outros jornais que lutavam por liberdade e democracia. Conseguimos.
Na primeira eleição para presidente, entrei no meu quarto e chorei, pois votar pela primeira vez para escolher o mandatário do país, era uma felicidade incomensurável, pensava: consegui, conseguimos, enfim, vou saber o que é viver em uma democracia.
Conseguimos? Sei não. Descuidamos, não soubemos passar o legado, o bastão, fomos irresponsavelmente displicentes, não vigiamos, não cuidamos. Acreditamos que ela seria por si só alto-sustentável, esquecemos que merecia ser cultivada, regada para pode nos dar uma sombrosa guarida.
Muitas vezes hoje, me pego questionando, se o que fiz foi pouco? (Em minha ingênua e santa ignorância acreditei que com um lápis e papel poderia mudar alguma coisa…) E concluo que não fiz o bastante, se assim não fosse verdade, você, meus netos e nora estariam aqui, em solo potiguar e não no Chile, em busca de dias melhores.
Você não imagina o tamanho da saudade e paradoxalmente o tamanho do alívio e felicidade quando os vejo caminhando e brincados nos parques públicos de Santiago, sem o risco de uma bala perdia, de um assalto. Agradeço todo dia aos deuses e ao povo chileno que os recebeu.
Eu, por aqui, com lápis e papel travo minha luta, que pode ser inglória, porém, o objetivo tenha certeza que é nobre. O que mais desejo antes de morrer, é vê-los e todos os brasileiros vivendo dias melhores e sonhados.
” Mas, tudo isso é pouco, diante do que sinto…”
Feliz Aniversário filho meu.
Do seu pai Brito.