És primavera

 

Muitas pessoas têm a autoestima elevadíssima, além do permitido para sua pequenez. Quando ainda de frágeis raízes se imaginam um frondoso e garboso carvalho e, o são. Entretanto, ao enfrentar sua primeira tempestade, arrogantemente, se torna rígido como ferro, impondo sua altivez. O vento, que não o reconhece, arranca-lhe do solo, com raiz e tudo, o faz rolar vale abaixo, quebrando-lhe e arrancando galhos e folhas, decretando uma morte lenta, cruelmente vazia e seca.

Outras, esplendorosamente nascem ervas daninhas, se esparramam pelo chão, sufocando outras e reivindicando o fértil solo para si, estas são, muitas vezes ardilosas, permitem o nascedouro de outras espécies, parasitariamente sugam sua seiva, fazem destas suas moradas de esqueletos.

Ainda, outras plantas mais alvissareiras, que não sonham ser carvalho, furam o bloqueio das adversidades e no topo da colina, são arbustos selvagens de rara beleza, são testemunhas oculares da arrogância do jovem carvalho, da matança das ervas daninhas e como arbustos, humildemente, se flexionam às tempestades, para depois voltar ao seu estado natural.

Estas espécimes me atraem, são estas que me movem, são estas que inevitavelmente me serve luz. Pois, conhecem suas raízes, seu começo, meio e fim. Não dão bolas para as intempéries, não se lamentam do frio invernoso, nem do verão quando o sol lhes queimam a pele ou ainda do outono, que as deixam nuas em pelos, pois sabem que ninguém impedirá as flores da primavera. Obrigado, pela visita, Priscila Cibelle. És primavera.

Adendo. Desculpe, Daniel. Mas, você e eu, orbitamos estes seres maravilhosos, que certamente, são imagem e semelhança de Deus, nós, apenas um arremedo. Obrigado pela visita.

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