Era uma vez um político honesto.
Morreu João Newton da Escossia(17) chegou ao fim de sua jornada terrena, o qual todos nós temos encontro marcado: pobre, rico, preto, branco, honesto e desonesto, todos, irremediavelmente sem exceção.
Ninguém há de contestar que o “País de Mossoró” ficou menor, em sua geografia humana, “quiçá” em sua honestidade.
Tenho algumas passagens com João Newton, que valem a pena serem contadas, pelo menos para mim.
Nos anos 80, morava em Natal e trabalhava na Gráfica Rn Econômico, quando fui convidado pelo jornalista Dorian Jorge Freire para voltar à terrinha, para integrar a equipe do jornal O Mossoroense, voltei, aliás, fui.
Neste tempo, só o conhecia de nome, por ser pai de Júnior Escóssia, de quem fui colega no Colégio Dom Bosco, por ele ter sido prefeito de Mossoró, e por sua fama que corria léguas, além fronteiras das cercanias sociais mais altas.
Era nosso diretor administrativo/financeiro, dizia-se ser de poucos amigos e minguada conversar, uma mentira deslavada, quando ficava íntimo ria, dava gargalhadas de tremer os alicerces do prédio, principalmente com as “coisas” de Ricardo Rogério.
Logo, na minha chegada me avisaram: “cuidado, o homi aí é osso”, não entendi, perguntei o porquê, “mão fechada, ela vai querer saber tudo que você gasta aqui na sua sala”, noticiaram.
Todos os dias subia à sala dele, no primeiro(?) andar, devolvia-lhe dois tubos de cola Print secos e recebia dois cheios, para fazer o past up (quem diagramava naquela época e colava papel(matérias) sabe do quê falo) do jornal. A certa altura me disse: “Brito, leve essa caixa de cola pra sua sala, já vi que você controla isso mais do quê eu”.
Certa vez, passava em frente ao Bar do Canequinho(?), no Bairro Santo Antônio, quando ouvi meu nome – confesso não lembro quem me chamara -, dei meia volta, parei e vi João Newton e Júnior Escóssia numa mesa, sentei-me, regado a cerveja o papo foi rolando, falamos de jornal, ele mais que eu, dizia do equilíbrio, com certo orgulho, do bom desempenho do jornal, tanto no financeiro como no conteúdo, por ter Dorian como timoneiro e uma equipe muito boa.
Uma cerveja aqui, e mais outra ali, até que Júnior Escóssia fez a abordagem: Brito eu sou candidato a vereador…”, imediatamente interrompido por ele, “…Brito não vai votar em você porque foi seu colega de colégio ou porque trabalha comigo…”. Votei em Júnior.
É uma pena só falarmos dele, de sua honestidade e honradez, agora, em sua partida, não que algum dia elas foram postas em suspeição, pelo contrário. Mas, deveríamos ter dito todos os dias, horas, segundos aos desesperançosos que havia um político honesto, vivo. Talvez tivéssemos feito um bem danado.
No momento em que o país vive escandalosamente uma crise de honestidade, hoje, neste momento, necessitamos de bons exemplos, de pessoas honradas, honestas, independentemente de matizes partidárias ou ideológicas. Não podemos nos conformar com o era uma vez um político honesto ou o político honesto jaz, é preciso manter seu legado e ter esperança.
Vá seu João, vá em paz, certamente seu lugar está reservado ao lado do Mais Honesto de nós.
À família, meus pêsames.
Brito – cartunista
Perfeito, caríssimo.
Como bem escreveu hoje, o jornalista Carlos Santos: A melhor homenagem que os políticos fariam à memória de João Newton, seria seguir o seu exemplo.
Abraços. Brito.