Chico Rei

“Ecoou
pela mata afora
Cai a flor
e a seringueira chora
de Xapuri
chora o mundo inteiro
Morre o Chico,
o Chico rei seringueiro

Mas essa mata que mata, esse povo infeliz
O dia de fazer o Chico rei
seringueiro feliz”

Os versos acima são de uma música do músico e compositor acreano, Tião Natureza, que tive o prazer de conhecer no final dos anos 80, e do qual cultivei amizade até o dia o perdemos para violência que ali, naquele Estado se estabelecia.

Conheci Tião nos corredores da Tv e Jornal Rio Branco (AC), em uma de suas participações nos programas de músicas que tinha na casa. Sei, que estais aí, no céu, tocando e cantando com Chico Mendes outro filho ilustre acreano.

Senhor ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, eu, como o senhor, também não conheci Chico Mendes, pois, ao pisar em solo acreano o agronegócio, já o tinha matado. Entretanto, conheci sua história de perto. “O fato é que é irrelevante. Que diferença faz quem é o Chico Mendes neste momento?” Concordo! Acertadamente vossa excelência colocou no tempo correto, disse: “neste momento”.

Neste momento no Brasil pouco importa conhecer Chico Mendes, claro, que diferença faz conhecer um líder ativista mundialmente conhecido condecorado pela ONU, defensor intransigente da preservação da floreta e do direito dos povos nativos.Procurava os povos da floreta: índios, castanheiros, seringueiros, pequenos pescadores, quebradeiras de coco, criando reservas extrativistas. Mais importante é conhecer os donos da Vale do Rio Doce, do Agribusiness. Dos dois não sabemos qual pior: um, mata lentamente, tendo a mão do Governo, que autoriza agrotóxicos proibidos em países desenvolvidos, ou outro como requintes de crueldade, enterra vivos.

Neste Governo arrogante, xucro, pouco importa quem olha para os mais humildes, este são desprezados, menosprezados, desdenhados. Que diferença faz quem é o Paulo Freire neste momento? Certamente nenhuma. Paulo Freire ensinava nossa gente a ler e escrever, mas para que diabos se quer saber ler e escrever? Ora, nem mesmo o colombiano, Ricardo Vélez Rodriguez, Ministro da Educação, sabe português e demonstra isto com tamanha desenvoltura somente comparada ao seu chefe, em entrevista vomita: “cidadões”, universidade “não é para todos”, mas “somente para algumas pessoas”, sem falar das agressões ao povo brasileiro.

Deste Governo tosco, rude, desabrido onde a ignorância é o foco central, não existe como se esperar algo que não seja de igual quilate, “ A ONU reconhece muita coisa errada”, como esta dita pelo Ricardo Salles, o Ministro do Meio Ambiente.

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