Bang, bang, bang!!!
Outro dia, o amigo jornalista Cefas Carvalho falava do “Pistoleiro Sem Nome”, com o ator americano Clint Eastwood filme de bang bang, de cowboy ou ainda faroeste como se dizia na minha adolescência, isto lá pelos anos 70, intrometido que sou, fui logo lá no texto e fiz uma confissão: “Assisti algumas dezenas de vezes. É meu coringa, quando não tenho uma boa opção, vou de “Estranho sem nome”. E é a mais pura verdade.
Não entro no mérito da qualidade estética, dramática, cultural dos filmes de cowboy, me sinto incapaz de expressar uma opinião cunhada sob argumentos capazes de acrescentar algum pensamento crítico a quem quer que seja, até porque meus velhos neurônios corroídos pelo teor alcoólico dos “trocentos burrinhos” ingeridos lá em Dona Luzia, do Ponto Frio, sem falar do Mobral incompleto que tem sua extensa e decisiva contribuição.
Como disse o amigo Cefas de sua vinculação com esse tipo de filme, é mesma que a minha: é afetiva, a qual remete à minha adolescência, aos matinais do Cine PAX e Cine Cid, lá na terra de Santa Luzia. Ainda hoje quando minha memória decide projetar imagens daquele tempo primaveril, chego a sentir o cheiro do sorvete de morango que a gente tomava antes de entrar no cinema e o gosto do Ploc – goma de mascar -, que de tanto levar sol no carrinho de “confeitos”, uma vez na boca se desmanchava grudando nos dentes e você ficava com a língua pra lá pra lá e pra cá, numa dança de um insólito bolero lutando para juntar os pedaços em uma massa homogênea.
Muitas vezes para ter esse luxo, juntava garrafas de vidros vazias e quase sempre os cinemas faziam promoção trocando-as pelo ingressos, e poder saborear um casquinhas de sorvete, uma pipoca, pois o dinheiro que dona Geralda – minha mãe – nos dava evaporava na velocidade da luz. São imagens que permanecem guardadas e somente são reveladas em momentos peculiarmente de puro contentamento.
Maria é testemunha ocular do meu frenesi com o controle remoto, depois de extensa e exaustiva procura por um filme na Netflix que pudesse me prender por alguns minutos, saio pela falta de opção dos faroestes, acomodo-me no youtube e ponho lá bang bang italiano – como ficou denominado para nós bocós os filmes spaghetti western teuto-americano-hispano-italiano – me aparece “Três Homens em conflito” com Clint Eastwood, Lee Van Cleef e Eli Wallach; “Era uma Vez no Oeste” com Henry Fonda, Charles Bronson e Claudia Cardinale; “Keoma” – que tem uma trilha sonora fantástica – com Franco Nero; “Sete Homens e Um Destino” com Yul Brinner, Charles Bronson, Steve McQueen, James Coburn, Ali Walach, Horst Buchhlz e Robert Vaughn – esse filme tem uma versão dirigida por Denzel Whashington, não assisti ainda – Não vou nem falar de Bravura Indômita com Jeff Bridges, Hailee Steinfeld, Josh Brolin.
Ora, agora, ajeito o travesseiro, Maria cede mais um cafuné trazendo um bom cafezinho e a pipoca, nos aconchegamos, respiro fundo, concentro-me, miro, com indicador no gatilho aperto o play: bang, bang, bang…
Brito e Silva – Cartunista