Autor: brito_admin

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Para os netos

Santiago(Ch), 23 de junho de 2024

Netos Kayllanne, Lívia, João e Mily

Em Natal,(RN-Brasil)

        Neste último sábado, 22, seus tios Polary – meu filho – e Sanara- minha nora – me levaram para um “tuor”. Primeiro fomos para o centro da cidade, aonde minha nora foi comprar chips para os clientes da BraChile, eu e Polary ficamos na companhia de Chico Buarque, Tom Jobim entre outros. Depois seguimos pela Plaza de Armas de frente ao Palacio La Moneda, sede do governo chileno, devidamente sob fragmentos da histórias ditos por meus “guias”.

        O estômago reclamando combustível para gerar energia para se contrapor aos 8 graus que penetrava em meus sexagenário ossos, logo fui levado ao Restaurante Malandros, na soleira pareceu-me entrando no Oba Show, nos anos de 1994, quando de jogos da seleção brasileira, o ambiente decorado com bandeirinhas brasileiras e bandeirolas verdes e amarelas, uma bela senhorita traz o menu, logo imaginei Mão-de-vaca, Sarrabuio, Mocotó, Tripa de porco com batata doce… Qual o quê? Meus olhos caíram sobre uma Muqueca de peixe a qual degustamos com suco de maracujá, Sanara me acompanhou, Polary se fartou com uma feijoada com uma caneca de cerveja, pela cor e transparência mais parecia ponche ou Ki-suco de abacaxi.

       Bucho forrado, saímos sob uma chuvinha fina, essa que os paulistas chamam de garoa e no nordeste os matutos sertanejos, do principado de Baixa do Chico, denominam de “lebrina” ou “chuva de moiar besta”, ela, aliada do frio, banhava a Van/Mercedes, adquirida no dia anterior para frota da Brachile. Roteiro ajustado, seguimos ao museu de cera  onde fomos bem recepcionados. Na entrada do lado esquerdo você tem um encontro com os povos originários, do lado direito caminha com os presidentes do Chile, já no final ao lado de Michelle Bachelet e Sebastián Piñera dei-me conta da ausência de dois ex-presidentes que marcaram profundamente a história recente deste país, Pinochet e Salvador Allende, entoce, perguntei a guia que foi taxativa “porque es un tema delicado”.

      Avante no tour, topei com Gabriela Mistral e Pablo Neruda, ambos Nobel de Literatura, confesso que fiquei acanhado, ia até puxar um papo com os dois, mas, viralatismo impediu e também fui advertido que eles eram de cera. Lembrei do criador da Embraer, general Osiris e Silva, no programa Roda Viva disse que estava em jantar, em Estocolmo, sentado ao seu lado estava um dos membros do comitê do Nobel, e ele perguntou porque o Brasil não tinha um Nobel, obtendo como resposta “Vocês brasileiros são destruidores de heróis”. Tuor encerrado.

Brito e Silva – Cartunista

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Ansiedade

Eu não sei se eram os antigos que diziam “tudo na vida tem preço”, adotei essa frase como lema de vida, não à toa ”meu amigo, o “camaradinha” – Caby da Costa Lima – quando a oportunidade de dize-la batia a sua porta, imprimia me citando.
Meu primogênito me presenteou com uma temporada de 34 dias na terra de Neruda, em razão dos meus 65 anos, no próximo 20 de julho, o que de fato, não é pouca coisa, se levarmos em consideração o afago dos meus netos Enzo, Aléssia minha nora Sanara e do próprio Polary – na chegada já me deu um violão virgem, imaginando que sei tocar alguma coisa – para completar o pacote eu iria – viria – na bagagem de Pollyanne – minha filha mais velha – e de minha neta Valentina. Quem em sã consciência recusaria tamanhos agrados de um filho que mora à distância de 7mil km?
Pois muito bem. Mala prontas, Felipe me aporta as 23h45 para irmos o aeroporto Aluízio Alves embarcarmos no A321da Latam para São Paulo com conexão seguindo rota traçada sobre os Andes com aterrisagem em Santiago. Fomos recepcionados no aeroporto de São Gonçalo com uma tesuda chuva – como dizia Canindé Queiroz – feitos pintos molhados embarcamos eu, Pollyanne e Valentia, comissários nos últimos preparativos e veio a notícia que a aeronave estava sem comunicação de bordo, nisto ficamos sentados vendo a manutenção desmontando a parte eletrônica da cabine, duas horas depois o piloto anuncia voo.
Voo tranquilo a Guarulho, mais tranquilo de São Paulo sobre os Andes à Santiago. Acolhido por minha nora, muitas conversas, notícias do mundo de lá e de cá. Todos aconchegados para um bom sono, comecei a sentir uma sessão de pressão alta. Sanara, meu neto e Clevinho – irmão de Sanara – me levaram à urgência, atendido, verificação de pressão, níveis de açúcar, eletrocardiograma veio diagnóstico: tudo normal. Agora, com o juízo no lugar, vou subir o Vale Nevada.

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Desenho Animado

        Nesta quarta-feira,12, à tarde, atendendo convite das professoras regentes da biblioteca, Lúcia Alves de Araújo e Fabiana Silva da Escola Estadual Alberto Torres, em Petrópolis, realizamos uma mini palestra sobre “Desenho Animado”, depois aplicamos uma oficina de caricatura para os alunos, no espaço da biblioteca, que leva o nome de Machado de Assis, nome, aliás, escolhido pelos próprios alunos.

        Logo, o tema não poderia ser outro se não Machado de Assis. Foi uma grata surpresa ver pré-adolescentes ao invés dos celulares nas mãos, estavam municiados de papel e lápis prontos para desenhar o grande Machado, diga-se: alunos bastantes interessados e talentosos.

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19 SALÃO DE HUMOR DE CARATINGA-MG.

Nossas 6 caricaturas enviadas para o XIX SALÃO DE HUMOR DE CARATINGA-MG, foram selecionadas em seus respectivos temas.

No ano de 2023 participamos em todas as categorias e os trabalhos enviados foram selecionados, em 2024 enviamos apenas para modalidade CARICATURA e igualmente foram todas selecionadas, neste ano foram mais de 48 países com artistas inscritos. Vivas ao cartum. Vivas ao cartum brasileiro!!!

Selecionados Categoria “Caricatura Livre” do 19º Salão Internacional de Humor de Caratinga.

Selecionados Categoria Caricatura “Ivan Capúa” do 19º Salão Internacional de Humor de Caratinga.

Selecionados Categoria Caricatura “Luis Pimentel” do 19º Salão Internacional de Humor de Caratinga.

Selecionados Categoria “Cartunistas do Brasil” do 19º Salão Internacional de Humor de Caratinga.

Selecionados Categoria “Cartunistas do Brasil” do 19º Salão Internacional de Humor de Caratinga.

Selecionados Categoria “Cartunistas do Brasil” do 19º Salão Internacional de Humor de Caratinga.

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Discutindo a quimera da vez: castração química

Por Pedro Chê

Apesar de ter passado na CCJ, e mesmo que aprovada no Congresso, esse PL enfrentaria a real possibilidade de ser entendida como inconstitucional pelo STF

A falta de fronteira para propostas e de censura são, sem dúvidas, elementos importantes para que o tema segurança pública seja tão fervilhante nos círculos de conversa. Afinal quem resistiria a discutir, num barzinho, sobre castração química, trabalhos forçados para presidiários ou pena de morte? É possível para conversar sobre cada um desses assuntos não apenas por horas, mas por dias, e sob diferentes perspectivas. Dá facilmente para abordar procedimentos médicos, antigo testamento e questões orçamentárias, e múltiplos assuntos. Não são muitos os temas que propiciam isso e com tanto desprendimento.

Mas não tenho horas ou dias com vocês, apenas algumas poucas linhas e um assunto único. Antes de tudo, apesar de ter passado na CCJ, e mesmo que aprovada no Congresso, esse PL (da Castração Química) enfrentaria a real possibilidade de ser entendida como inconstitucional pelo STF. Aliás, antes das modificações dentro deste projeto – que antes previa no rol de tratamentos voluntários a Castração Cirúrgica –, era um dado certo, pois não é ofertado no Brasil à discricionariedade sobre o próprio corpo nesses moldes, fosse assim, estaríamos a um passo de vendermos literalmente um rim para comprar uma motocicleta, e desse mal não padecemos.

Mas o que a proposta sugere? Ela oferece aos reincidentes em crimes contra a liberdade sexual a adesão a tratamentos de castração química (inibidores de apetite sexual) em troca de mudança de regime a partir da concessão de liberdade condicional. Na proposta original, inclusive, a partir da emasculação cirúrgica era possível a própria extinção da punibilidade. A proposta, em suas justificativas, pretende estar em consonância com o nosso ordenamento e com certas perspectivas técnicas, além de trazer exemplos de sua aplicação em outros países. Esse refino normalmente não é visto nas propostas de integrantes da “bancada da bala”.

Quanto ao “aprovar” ou “desaprovar”, embora entenda que essa não seja a questão mais na discussão, vou respeitar clamor envolvido. Embora seja crítico, não me alinho dentro de uma oposição ferrenha. Se, por um lado, esse tipo de projeto é quase sempre marcado por uma pobreza sistêmica, sendo inexoravelmente cartesianos, o que popularmente a gente pode chamar de “viseira de burro” -por outro lado-, entendo que o argumento de que a castração química fere a vedação existente a penas ou tratamentos cruéis apresentaria fragilidades desconfortáveis se posta em companhia a uma análise que entenda, por exemplo, que nossas formas de penalização atuais não sejam humanizadas e misericordiosas. A pecha da inconstitucionalidade perderia bastante cola, até por que não existe direito “dado”, mas sim interpretado.

Apesar de opiniões diversas, um ponto que não pode ser ignorado é que os crimes sexuais são uma espécie de ilícito de dificílima convivência em sociedade, produzindo máculas terríveis e inesgotáveis para as vítimas – que podem levar inclusive a vítima a repetir os fatos, dessa vez como autora. No entanto, a castração não vai mudar o problema de patamar. Talvez colabore com dados tímidos (como é costumeiro nas políticas voltadas a segurança pública), ou talvez prejudique, levando a uma nova onda de “punitivismo não resolutivo”.  Isso poderia abrir portas para que – num futuro próximo – estejamos discutindo a castração compulsória devido a ineficiência da voluntária.

E aqui reside o ponto mais importante dessa discussão: a pavimentação do que queremos para o nosso país. Qual nosso projeto de nação? Mesmo que a perspectiva de benefícios seja real, continuaríamos na saga das políticas públicas viciada em lidar com as consequências e não com as causas, em investir pesadamente na restrição e não na prevenção, abandonando a formação e optando-se pela seguida clausura – expurgo.

As nossas relações de convívio estão em processo de adoecimento: a tolerância ao outro e a nós mesmos aparenta estar cada vez menor, a violência segue este mesmo caminho e isto nunca é devidamente abordado. Parece que o nosso problema reside apenas numa falta de especialização legislativa e redentora. A Castração Química sendo a quimera da vez, fantástica, mas não deixa de ser uma utopia ineficiente.

A escolha pelo novatio legis como instrumento de mudança produz essa sensação interminável de “saco sem fundo”, e a política brasileira se tornou refém disso.

*Pedro Chê é policial civil no Rio Grande do Norte e membro do grupo Policiais Antifascistas.

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Quem tem filho, Chora!

Outro dia escrevi um arremedo de poesia, sim, arremedo. Tenho ciência de minha total desavença com a pena nas águas mansas da escrita e, principalmente, a mais refinada dentre todas: a poesia. Há muito entendi não pertencer ao seleto grupo de contemplados com o dom natural, o qual possuem estes senhores das palavras, estes magos que dão outros sentidos e ressignificam palavras lhes proporcionados sentimentos mil, entre os quais, está meu amigo iluminado o poeta Cid Augusto .

Pois, muito bem. Dizia eu “quem tem filhos chora”. Um amigo não entendeu bem minha mensagem – e a culpa não foi dele. O meu escrito que foi ruim mesmo – me enviou, in box, mensagem me dando força. Aceitei. Também não fui lhe explicar, primeiro seria mal-agradecido, se dissesse “não, não é isto, você entendeu errado”, seria um descaramento constrangê-lo e ao mesmo tempo prova cabal de minha completa incompetência. Haja vista, se você escreve e ninguém entende, a culpa só pode ser atribuída a você, com algumas exceções bovinas.
Era uma oração, a de São Francisco, “Ó Mestre, fazei que eu procure mais: consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado…” Ora, quem em sã consciência cometeria qualquer ato que pudesse minimizar tais palavras? Não, não seria que cometeria tal blasfêmia. Agradeci e fui ouvir Raimundo Fagner cantando Oração de São Francisco.

Bom, mas todos sabe “quem tem filho chora”. Hoje, eu chorei, não de tristeza é bem verdade, mas, chorei. Chorei de alegria. Minha Filha Larissa Brito, antes de finalizar seu mestrado a foi aprovada para o doutorado. Parabéns, filha minha. Não dúvidas de seu futuro brilhante. Eis aqui, um pai com o coração banhado de alegria.

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Nossa história

Nossa coluna na Revista Papangu

Nossa história

        O cantor e compositor maranhense, João do Vale, nascido lá em Pedreira – como explicita em uma de suas canções – conta sua vida, numa música bem elaborada melódica, com belos arranjos de violinos carregados de emoções em resumidos e versos fortes da “Minha História” que além do breve panorama de sua vida traz um apelo social com a grandeza de quem conhece a vida dos desvalidos de perto.

        Mesmo depois de chegar ao sucesso diz que continua um João Ninguém, e que ver seus amigos ”doutô” basta para se sentir bem. Mas, aí segue sua dor, a da alma, se impõe nos versos seguintes:

“Mas o negócio não é bem eu, é Mané, Pedro e Romão                      

Que também foram meus colegas, e continuam no sertão

Não puderam estudar, e nem sabem fazer baião…”

       Muitas e muitas vezes me sinto assim com essa dor no peito tal qual João. – resguardadas a devidas proporções entre o grande artista João do Vale e este pé rapado aqui – e poderia até usurpar seus belos versos “Mas, o negócio não é bem eu…”, também tenho os meus Manés, Pedros e Romões que não puderam estudar e continuam no sertão, hoje, muitos deles sobrevivendo a custa do Programa Bolsa Família”, todos vítimas de um sistema cruelmente aperfeiçoado para cada vez mais subjugar e condicionar a classe menos privilegiada à ignorância perene, a uma escravidão do desconhecimento, lhes restando as religiões como guarida, muitas das quais confortam explicando que o sofrimento desta vida será compensado após a morte e, que esta, é a parte que lhe cabe deste “latifúndio”.  

       Mas, o negócio não é bem eu, é o povo gaúcho que está testemunhando as águas afogarem sua bela capital Porto Alegre e outras tantas cidades ribeirinhas, sofrendo a com a “revolta” da natureza, que sem medo, nem dó nem drama, simplesmente ignora sofrimento, dores e caudalosamente ceifa vidas sem distinção de cor raça ou etária. Porém, livrando a cara dos mais abastardo e daqueles que negligenciaram o poder seu poder e os alertas da ciência. Na verdade, a natureza pouco ou quase nenhuma culpa pode lhe ser atribuída, mas aos homens sim, aos políticos negacionistas, que não moram as margens dos rios que alagam cidades inteiras, lagoas que transbordam e encostas sujeitas a deslizamentos, estes têm toda culpa, políticos criminosos que fomentam a divulgar Fake News, sem nenhuma piedade dos sofrimentos alheios, gente da alma apodrecida, purulenta.

       Aqui na terra dos comedores de camarão, principalmente, na capital Natal, as chuvas também causam estragos alagando ruas, afogando carros, motos e pessoas expondo a incompetência do prefeito Álvaro Dias Cloroquina. Se faz necessário reagir, tanto aqui, quanto lá, haverão eleições e é nessa hora que nosso poder se expõe: nosso voto! Portanto, lembrem-se dos seus Manés, Pedros e Romões…

Santiago

        Como diz a cabroeira lá do pé do lajedo do “Principado de Baixa do Chico” já estou todo “enfronhado” de malas prontas para uma estadia de 30 dias lá terra do grande poeta Pablo Neruda.

       Ora, direis “que bicho besta”, eu vos direi no entanto, meu primogênito, Alex Polary, me impôs tirar férias – há anos não faço isto – presenteando com um Tur por Santiago e cercanias. Ainda terei a companhia de Pollyanne e minha Neta Valentina, para segurarem minha mão quando estivermos sobrevoando os Andes. Além, de tudo matar a saudades dos netos Aléssia e Enzo.

Náusea

É nauseante a postura dos deputados estaduais do Rio Grande do Norte, que fazem oposição a Governadora Fátima Bezerra. Na verdade, os excelentíssimos não fazem oposição ao Governo Petista ou a pessoa da professora Fátima Bezerra, mas sim ao Estado. Haja vista a postura que tiveram no caso do ICMS, votando contra a volta do imposto para 20%, retirando dos cofres do Governo alguns bilhões de Reais e, agora fazem chantagem, para pagamento das emendas impositivas. É a oposição pela oposição: Dá asco.

Turismo

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Frase

“Eu começo a não me preocupar mais só com a inteligência artificial, mas com a desinteligência natural de alguns que atuam criminosamente”, Ministra Carmem Lúcia

Caricatura
Caricatura do cartunista, chargista, ilustrador, fotógrafo Roberto Neto, para o 19º Salão de Humor de Caratinga, na categoria CARICATURA “CARTUNISTAS do BRASIL”.

Brito e Silva – Cartunista

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Trauma

         Nos anos 80, a minha eterna diretora de tv, Nadja Faria, arregimentou vários jornalistas de diversas áreas de atuação, aqui da terrinha dos comedores de camarão para trabalharem na TV Rio Branco, afiliada do SBT, na capital do Acre. De Mossoró foram Kléber Barros, Washington Aquino, Renato Severiano, como éramos colegas de Kléber e Renato, no jornal Gazeta do Oeste, ficaram nos “caningando” para nós alçarmos voo no rumo da floresta amazônica.

         Passados meses, mas a “cantiga” não mudava “venham embora, Nadja está precisando de alguém para dirigir o Departamento de Arte e Cenografia do jornal e da TV” e, nós sempre se esquivando, talvez o medo de cruzar a ponte Jerônimo Rosado, sobre o Rio Mossoró com destino ao Aeroporto Internacional Augusto Severo, em Parnamirim/RN ou quem sabe não queríamos sentir a dor da saudade dos nossos? Mas, em um belo dia de junho de 1988, como diz Guilherme Arantes “são as fraquezas que nos pode salvar” e, como é curto o caminho dos covardes, tomamos nossa taça de veneno e dissemos SIM e, em uma semana preparamos tudo: avisamos à família, vendemos os móveis, carro, telefone, recebemos as contas do jornal…

         Passagens da TransBrasil nas mãos, enviadas pelos nossos novos patrões, Natal/Recife/Manaus/Rio Branco. De repente Maria foi acometida da matutagem aguda, o medo de voar a possuiu, olhando-me fixamente bradou com voz trêmula “eu vou, não de avião”, sob irredutível e firme posição percebi a nulidade de qualquer argumentação, rendi-me. Lá fomos nós para Fortaleza comprar passagem de ônibus para Rio Branco. Ônibus luxuoso, dois andares e, no sábado pegamos estrada, a noite descendo a Serra de Tianguá, o motorista anuncia que perdeu os freios, o alvoroço tomou conta dos passageiros. Notei no rosto de Maria uma pontinha de arrependimento da troca.

         O motorista de fala mansa nos oficiou que desceria a serra sem maiores perigos, pois usaria o freio do motor do ônibus. Consertado o Marcopolo, nos danamos estrada afora. Lá pela região centro-oeste, sobem várias pessoas e, põe logo no RoadStar do “buzão” música de Xitãozinho e Xororó, Leandro e Leonardo, dia e noite, noite e dia estridentemente não davam descanso aos nossos ouvidos. Depois de umas 48 horas os ouvidos clamavam por socorro, decidi pedir ao motorista para rodar nossa fita-cassete, gravada na Disco-Fitas, quando Raimundo deu os primeiros aboios, antes mesmo de vocalizar “Verde que te quero verde…” a vaia comeu no centro, até alguém lá no fundo do corredor gritar “tire essa porcaria” … …Tirei.

          Com tufos de algodão acalentamos os tímpanos até Porto Velho, lá nos puseram em transporte velho com cadeira de plástico, daquelas que têm o formato da bunda em baixo relevo. Sete dias depois de nos despedirmos da terra de Santa Luzia, o ônibus para em uma latada, desceu todo mundo e nós ficamos até o motorista avisar que ali era a rodoviária. Maria estava com as pernas inchadas, escorrendo água parecia um afluente do Amazonas. Renato Severiano já nos esperava no carro da TV. Ah! Na volta, Maria foi a primeira a subir no avião da Vasp.

Obs: Talvez, minha arenga com os sertanejos seja trauma e, que não quero me livrar.

Brito e Silva – Cartunista

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Olho por olho

Afirmou a policial que deu uma tapa na cara da mãe que espancou a filha “Por trás de uma farda existem pessoas”.

A policial virou heroína nas redes socais. “Ela não errou! Por favor, vamos deixar o mimimi de lado! Merece ser promovida” disse alguém “Você tá mais que certa!!!! Nós te apoiamos” confirmou outra. Creio que ninguém tem o direito de esbofetear outra pessoa, além, de estar na lei, é uma atitude de civilidade. Quando isto acontece, não é somente o corpo físico que recebe as pancadas, mas também a dignidade, o amor-próprio, a alma. Claro, as feridas da pele cicatrizam rapidamente, mas as lesões da alma, em geral, custam ou quase nunca saram e, aqui, me refiro a todos os envolvidos. Apesar da policial acreditar que agiu acertadamente, talvez, o tapa dado na criminosa, um dia pode doer em sua consciência.

Quase sempre costumamos atender e nos embriagarmos com o inebriante canto da sereia e sem uma análise do tom, da melodia, da letra mergulhamos de cabeça às profundezas da primeira impressão, percepção da maioria, que em boa medida, a rigor, não é certificado de verdade assertiva e por vezes podemos passar do ponto e seguir a manada.

Heroína? Não, não creio. Na verdade, acho que a policial catapultada a tal condição, no ato, pareceu mais uma “justiceira”. Corporação ou farda de segurança nenhuma autoriza quem a veste a fazer justiça com as próprias mãos, o fato, é que a policial não teve equilíbrio emocional ou inteligência emocional para lidar com a situação, não estou a julgá-la, mas seu comportamento, sua ação, certamente, não foi ensinada em sua formação.

Claro, pode ter sido ímpeto de justiça ou injustiça que falou mais alto, entretanto, do ponto de vista legal, foi uma atitude desmedida e fora do procedimento. Para mim, ela não é bandida nem heroína, como também não tenho a capacidade de condená-la ou inocentá-la. Até porque também não sei o que faria ante a situação. A mãe? Ah! Mãe: uma criminosa, que deve pagar na justiça. Porém, não podemos banalizar a agressão, a incivilidade e a barbárie, se faz necessário um pouco mais de humanidade para darmos um passo à frente. É preciso conter esse nosso instinto primitivo. Imprimiu o grande pacifista Mahatma Gandhi “Olho por olho e o mundo acabará cego”.

Brito e Silva – Cartunista

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Vaidade

Nossa coluna na revista Papangu

A vaidade, talvez, seja inerente somente ao ser humano. Talvez? Sim! Talvez, porque cientistas já descobriram que árvores podem sentir dor, logo, sabe-se lá se também não padecem deste mesmo pecado que tornar todos nós iguais? Imaginem uma palmeira imperial embebecida com toda sua imodéstia falando ao pé de Juazeiro – que também, por ser uma das raríssimas plantas da Caatinga a permaneceram com sua copa verde durante o período de falta de chuvas , faz bullyng coma Jurema que fica ressequida, sem folhas e seus galhos tomam o tom amarronzado, parece mortos – “E aí, tronco de amarrar cachorro…”. Sei que vocês vão dizer que estou delirando, ora, eu vos perguntarei, no entanto: e tudo não é delírio?

Deixando a profundidade de lado. Outro dia conversando com minha filha Pollyanne, falamos bastante sobre o fato de se manter um certo ponto de equilíbrio para tornar o viver um pouco mais leve, sem ser vulgar e menos ainda permanecermos na média, sem empáfia louvor dos medíocres, isto é, aplicarmos o velho e bom provérbio usado por minha Vovó Bezinha “nem tanto ao Céu, nem tanto ao inferno” ou o que disse Homem de Nazaré “A César o que é de César”, quer dizer, é preciso entregar o que a ocasião exige, sem ferir seus princípios. Quando não sem tem consciência e o entendimento necessário corre o risco de oscilar para os lados errados e aí nos tornar fúteis, soberbos, cegamente vaidoso.

Aos 105 anos Santo Antão, que por 80 havia resistido a todos os truques do “Malicioso”, entregou-se à vaidade: “Você venceu! Pela primeira vez na história alguém foi mais forte que eu” e deu as costas para ir embora, Antão prostrou-se de joelhos e agradeceu a Deus com uma oração simples, “Muito obrigado, agora me tornei um santo”, o diabo voltou-se com um sorriso vitorioso no canto da boca, assim disse Gustave Flaubert quando escreveu as Tentações de Santo Antão.

Eclesiastes 1:2-18, está escrito “tudo é vaidade”, ora, se assim o é, então que façamos da própria vaidade, em doses homeopáticas, uma mola propulsora para autoestima, que em consonância com nossos valores não negociaveis, certamente, pode proporcionar mais leveza à vida. Fala-se da fraqueza da carne e, é mesma, contudo, o espírito é muito mais, tendo potencial a contaminação: há os acometidos da síndrome da “Rainha Má e o espelho”, olham no espelho e querem ver outra pessoa., também proliferam aqueles que desligam a função do WhatsApp para você não saber se sua mensagem vista.

Evidente que há pessoas, assim como eu, acreditando possuírem pouca ou nenhuma vaidade, e por acaso for provada a existência, é apenas um naco de nadinha. Entretanto, a minha trago-a a rédeas curtas e no enforcador, quando posso.

Vaidade II

Honoré de Balzac dizia “Deve-se deixar a vaidade aos que não têm outra coisa a exibir”. Porém, a vida não se resume em festivais.

Honoré de Balzac dizia “Deve-se deixar a vaidade aos que não têm outra coisa a exibir”. Porém, a vida não se resume em festivais.

Vaidade III

Confesso meu pecado, minha vaidade. Tenho sim um orgulho danado de ter vivido no tempo Ziraldo, de Dom Hélder Câmara, Mandela. Lula…

Afrika

Levando a quem ouve às terras africanas ou no mínimo nos convida para uma viagem às nossas ancestralidades. AFRIKA, é novo single do amigo jornalista e músico de primeira linha Moséis de Lima. Entretanto, não espere semba, Kzomba ou guedra, pelo contrário é um rock com belos e bem elaborados solos de guitarra. É verdade, que tem um tambor ditando ritmo, mas a letra forte, esta sim é carrega de africanidade. Vivas a Moisés! Vivas à AFRIKA!

Santiago do Chile

Como diria meus colegas de trabalho, do jornal Gazeta do Oeste, Ivonete de Paula – In memoriam – e Gomes Filhos – In memoriam – “afivelando as malas”, Sanara ponha água no feijão, junho está chegando e a terra de Plabo Neruda que me aguarde.

Frase

“Há dois anos, eu chamo o ministro Alexandre de Moraes de “ditador de toga” – Silas Malafaia

Caricatura

Desenho do agitador cultura e fotógrafo Antônio Bizunga.

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Dias Melhores

Frei Betto, finalizando entrevista no REconversa, com os jornalistas Reinaldo Azevedo e o Walfrido Warde cunhou “Vamos guardar o pessimismo para dias melhores”. Quem me dera tanta resiliência e sapiência para lutar.

       Há dias de amargar: ver a direita-extremista, segundo analistas e cientistas políticos, assegurando o potencial de eleger as maiores bancadas de vereadores e prefeitos, nas eleições que se avizinham, deixando a direita tradicional – verdadeiramente conservadora – e a esquerda na mesma nau, fazendo água. Certamente, isto deveria ser e, talvez o seja, um sinal de alerta aos democratas, de esquerda ou direita, a colocarem em pauta na ordem do dia, a luta pela DEMOCRACIA como prioridade máxima.

       Já houve dias em que somente a extrema-direita reacionária, assassina e terrorista tinha voz, e certamente, todos que prezam a liberdade não querem sua volta, mas o ovo da serpente está sendo chocado.

Brito e Silva – Cartunista

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Dia do Desenhista – 15 de abril

Hoje, 15 de abril é DIA DO DESENHISTA, não vou citar as minhas influências, pois foram e são tantos nomes, que certamente, esqueceria alguém. Haja vista, que apesar de já consolidado meu estilo, ainda sofro influências, pois todos os dias aprendo com os novos e velhos chargistas.

Assim sendo, decidi publicar uma autocaricatura feita para minha primeira exposição, em 1992, na casa do Jornalista Dorian Jorge Freire. Viva o desenhista brasileiro e potiguar, celeiro de grandes artistas.

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Vamos fazer cooper!

Nos anos 70, um cidadão chamado de Kenneth Cooper, médico cardiologista estadunidense chacoalhou o mundo dos esportes direcionando a uma nova metodologia de condicionamento físico, afirmando que o meio-termo entre a caminhada e a corrida era o segredo da saúde. Por anos me fiz de desentendido voluntariamente desdenhei do doutor e, para ter uma base solida à minha tese coloquei deliberadamente, no bestuto que o Ms. Cooper estava me dizendo para deitar na rede e relaxar, foi o que fiz anos a fio.

         Entretanto, como dizem os viventes lá do Congresso Nacional “não existe almoço de graça”, posso testemunhar positivamente a cunhada afirmação e não da maneira mais agradável: em 1º de maio de 2019, foi acometido de um AVC isquêmico. Muitos exames, neurologista pra cá, nutricionista pra lá, até bater à porta do cardiologista, depois de me escarafrunchar com tantas perguntas, andar na esteira e martelar meu joelho foi taxativo “senhor Brito, o senhor terá que caminhar”, desse então obedeço-o religiosamente.

        Não digo que caminhar não me faz algum bem. Talvez, meu velho coração agradeça, mas, a minha mente continua preguiçosamente dizendo “homi, vá deitar na rede me exercitar lendo um bom livro”, tento convencê-la que uma coisa não anula a outra e, assim sigo minha rotina. Entretanto, caminhando já me peguei rindo sozinho e gostando do caminhar, porque promove encontros, conversas, que as vezes você esquece até do porque foi ali, ontem foi um desses encontros.

      Caminhando contra o vento, perdido em meus pensamentos foi aterrissado por um “Hei! Quer fazer uma caricatura? É de graça?”, atendendo ao chamado me sentei frente a Mário, cartunista e artista plástico de fino traço, em segundos me desenhou, aproveitei para dar vazão a minha preguiça e, fiquei por lá um bom tempo. Revi o Júnior Bizunga, fotógrafo e produtor cultural, com quem cruzei em algumas ocasiões, em almoços lá no Bardallos e Paulo, um músico e advogado, o qual com seus dreads e skate já havia visto dando seus Ollies na pista, pessoas que entraram para lista de amigos. Enfim, foi um encontro agradável. Viva à caminhada, vamos fazer cooper!!!

       Mário! Vamos marcar um cafezinho, para botar em dia nossos traços.

Brito e Silva – Cartunista