Autor: brito_admin

0

Carol Cospe Fogo

Na manhã de domingo, 4 de julho, a charge brasileira e nós perdemos a cartunista mineira Carol Andrade, conhecida no meio como Carol Cospe Fogo, por causa de seus desenhos contundentes e assertivos como labaredas.

Aqui minha homenagem a esta desenhista que ainda teria muitas coisas a conquistar. 

0

Solidão

Nunca tive medo da solidão, pois acredito que a pior solidão é aquela acompanhada, aquela solidão da falta do só na multidão. Mas a minha solidão é a do silêncio do mundo, daquela de ficar sozinha com minhas ideias, graças a Deus tenho um grande amor para chamar de meu – como digo sempre meu Brito – com quem aprendi a segurar a mão e não soltar, com ele aprendi que amor e solidão se completam, nós dois gostamos da solidão. Por vezes o vejo perdido em seus pensamentos no escritório, sozinha, talvez não, mas concentrado em turbilhões de ideias, pensamentos e imagens para desenhar ou escrever.

Gosto da solidão. Talvez por ter sida criada em uma casa com vários irmãos, e pouca vezes ou quase nunca conseguia ficar sozinha no silêncio, curtindo a solidão das madrugadas tantas ensejadas por mim, para estudar ler, escrever, ouvir uma música baixinha quase sussurrando como a brisa que sopra do mar.

Minha solidão é acompanhada, muito bem acompanhada. Ficar “sozinha” para organizar minhas ideias, forjar inspiração para pintar, escrever, desenhar. Sempre gostei de dormir cedinho, no máximo às 19 horas, para ceder ao silêncio da madrugada me reclama, a temperatura baixa não esfria, ao contrário aquece minh’alma, a solidão das ruas que entra pela janela, uma energia que brota de dentro para fora, me acompanho de mim mesma e dos pensamentos, me perco e me acho olhando a paz do céu escuro onde as luzes da cidade escondem os mistérios do infinito.

Na solidão da alvorada, trabalho nos meus livros, lê-os respirando a paz, as orações se mostram mais fluídas, a conexão parece mais rápida, não sei explicar.
Logo ali, ao lado, tendo alguém para despertar e juntos embalar o sonho da solidão de quem escolhemos a nós acompanhar na jornada.

Socorro Brito

0

Ela partiu

Há muito tempo ela chegou na minha casa, novinha, cheirosa, linda, confesso que foi amor à primeira vista, ainda mais quando se propunha a fazer a parte mais cansativa da casa. 

Minha nova secretária era perfeita, fazia tudo com muito esmero, e eu fui assim me apaixonado, a casa serviço eu ficava mais agradecida, depois eu vi que não era só gratidão, minha secretária era perfeita, a melhor que uma dona de casa pode ter, sempre limpinha, não importa suas curvas, que para falar verdade, foi bem desenhada, era o máximo.

Passávamos horas e horas eu e ela, ela e eu. Eu precisava de seus cuidados e ela estava ali, sempre pronta, mas ultimamente vinha dando sinais de insatisfação, cansaço já não mantínhamos mais a mesma conexão, não da minha parte, por vezes eu não nos desentendíamos. Seus afazeres estavam deixando a desejar, tentei um carinho, dei um melhor cantinho, porém, não surtiu efeito algum, emburrada não queria conversa. Devo reconhecer que tenha sido negligente, talvez precisasse de cuidados mais especiais, mais carinho, porém ontem, foi a gota d’água: ela me revelou que já não aguentava mais essa e partiu me deixando na maior tristeza.

Hoje entendo Belchior e a relação dele com sua “madame Frigidaire”. Pois é, hoje me vi tão sozinha vendo aquela porção de roupas jogada esperando outra a me ajudar.

Minha máquina de lavara roupas Eletrolux partiu, deixou meu coração partido, meus braços mais ainda doloridos.

Não sabe ela, que foi um dos melhores presentes que ganhei nos últimos anos 

Vá em paz minha máquina Eletrolux.

Socorro Brito

0

Barrados no São João

Sempre fui muito ligado com as coisas do sertão, talvez, por alimentar um conselho simples que meu velho pai – in memoriam – seu Luiz, sempre que tinha oportunidade não a perdia e olhando nos meus olhos dizia “nunca esqueça de onde você veio”, não sei se queria dizer “nunca me esqueça” ou se “não esqueça sua terra” misturei tudo, fiz um angu e não o esqueço as coisas do meu torrão e muito menos deles, apesar de sua partida pré-matura – digo eu –. Todos ou quase todos os dias estou com ele ou ele está comigo, o certo é quando a saudade bate me chamando à porta com intuito de minar meus olhos os dedos no teclado do computador acionando o play e “Vai boiadeiro que a noite já vem…” invade a alma e sua presença me preenche mandando a saudade embora.

Nesse período junino, não a menor dúvida que estaria – talvez esteja – em sua cadeira de balanço sob a sombra de uma frondosa mangueira, plantada por ele, com a caixa de som conectada a uma extensão que saía de uma tomada da sala de casa que atravessava a rua para alimentar a alma e o seu coração impulsionando a música do Rei do Baião, Luiz Gonzaga a todo volume. Certamente, aquele pé de mangueira, ali em Parnamirim também sente falta do seu som.  

Vendo os festejos de São João na Estação das Artes, lembrei de um tempo aonde o povo se apinhava na estação transitando pra lá e pra cá, não para forrobodear, mas para viajar de uma cidade para outra, na verdade, até de um estado para outro, pois a ferrovia ligava Mossoró à Souza, na Paraíba. Pois muito bem. Peguei o trem de volta ao passado, atiçado como se uma caldeira de Maria Fumaça fosse, fazendo parada lá no bairro Paredões em meados dos anos 70, onde com alguns amigos havíamos planejado uma viagem junina para interior, mas precisamente à cidade de Mineiro, hoje Frutuoso Gomes.

Minha mãe, dona Geralda, fez uma bermuda e uma calça, do mesmo tecido, com estampas típicas quadriculadas e uma camisa nos mesmos moldes e estilo. Malas prontos, lá se fomos nós, uma reca de adolescente para estação, talvez para a maior aventura de nossas vidas sem a presença de adultos para nos pôr na “linha”. Íamos para casa de parentes de um amigo que morava na nossa rua – o qual, por razões do tempo e decerto do trauma, não lembro seu nome nem dos outros colegas – a viagem já foi uma aventura, a agitação nas estações das cidades em que o trem passava, gente subia, gente descia, vendiam milho assado, cozido, canjica, bolo pé-moleque, da moça, sanfoneiros tocavam “Santo de Barro” música de Iramar Leite, sucesso na época gravado pelo Trio Mossoró.

Se não me falha a memória – o que é quase impossível não fazer – em Caraúbas entrou um cego com óculos escuro de camisa Volta ao Mundo, verde de doer, proferiu uns versos de cordel, aplaudido saiu, com a mão estirada, colhendo moedas dos passageiros, desceu ao terceiro apito, o trem já em movimento olhei pela janela, estava o “cego” contando os Cruzeiros colhidos. 

Em Mineiro, já “imperiquitados”, à noite descemos para o centro da cidade na companhia de Maria, que morava de parede e meia da casa que nos hospedava, e suas amigas. Eu confesso, me apaixonei pelos olhos castanhos cor de mel, cabelos lisos que adornavam parte das ancas e das pernas bem torneadas, de seu corpo que parecia um genuíno Geannini, isto é, todos nós estávamos “arriados os quatros pneus” por Maria. A caminho já imaginava dançando xote fugando naquele pescoço.

Na praça, todos “anchos” nos fazendo de importantes, quando fomos cercados por outros jovens, que simplesmente nos indicaram o caminho da estação, se não quiséssemos apanhar, como não sou afeito a surras, convenci os outros. Partimos para estação, esperando o amanhecer trazer o trem, passamos a noite ouvindo o forrobodó troar.

Na prancheta

Sobre a prancheta dois cordéis que estamos ilustrando. “Meu Último Poema” escrito pelo amigo Antônio Nilson aonde faz nos primeiros versos um convite à reflexão antes da partida final. “Os Crentes de Antigamente”, lavra do poeta Galego Jucuri. Ambos poetas de primeira linha, lá da boa terra de Santa Luzia.

Pelé

Já em solo do “liberté, égalité, fraternité o cartunista potiguar Joe Bonfim para os preparativos da exposição somente com cartunistas brasileiros tendo como tema o Rei do Futebol, o nosso Pelé. Exposição que será inserida no Festival de Humor de St Just Le Martel, na França, em setembro de 2023.

Estrela

Juro que não queria – mentira: estava com os dedos coçando – em falar no meu “Fogão” liderando o campeonato brasileiro de 2023 e sendo tratado pelos “globais” como candidato a campeão. Sei que alguns insatisfeitos, agora, depois do VAR, não têm mais aquela “ajudinha” dos juízes, dirão que isto é “fogo de palha”. Outro dia um “invejoso” taxou o Botafogo de estrela cadente.

Ah! Um abraço aos amigos Edilson Pinto e Josias Arruda, torcedores daquele time, apesar de dizerem que “praga de urubu” não pega, ainda assim, não ouso dizer o nome.

Caricatura

Caricatura do cartunista sírio Abdulhadi Shammah, para o The 1st.International Caricature Competition/Egypt,2023.

Frase

“Estão fazendo um aborto comigo, me tirando do útero” – Bolsonaro

0

Brito

Minha caricatura feita pelo amigo carioca professor, mestre, pesquisador de quadrinhos, assinando seus traços apenas como Aleco. Obrigado, amigo. Uma das melhores que já recebi.