Gótico
Com 5.9 nas costelas e em todo resto da carcaça, já posso dizer que sou um “cabra velho”. Apesar de dona Geralda, lá no tempo do ronca, pelos anos 70, quando queria me elogiar por algo que poucos da minha idade faziam, dizia: “Esse menino parece um “cabra velho”. Não sei se gostava, mas, era o jeito dela ficar orgulhosa de mim.
Hoje, quase um ancião ou terceira idade, dizem que agora é Melhor Idade, sei lá algo besta assim, ainda não me acostumo com essas asnices. Desde cedo nunca me enquadrei.
Minha turma era formada por jovens comuns – iguais a mim -, que não queriam fazer parte de nenhuma tribo: Hippies, Punk, Góticos, Skinheads ou sair por aí como rebeldes sem causas. Fazíamos muitas coisas que nossa idade permitia, eu, o máximo que consegui em termos de “moda” foi usar cacharréu – quente que só a porra –, calça boca-de-sino e tamancos.
Minha filha, Larissa fez uma postagem sobre os Góticos evangélicos. Fiquei imaginando-me, com essa cara que Deus me deu, todo de preto, as beiradas dos olhos e os beiços pintadas de preto, lentes de contato verdes com íris de felino, um piercing no buraco das ventas e um alargador numa das “zureia”, cabelos tipo moicano azuis, seria o cão chupando manga. Sendo evangélico, católico, espírita, umbandistas, ou qualquer umas das 35 mil religiões e seitas indianas, nada me salvaria! Certamente, todos os meus caminhos levariam às fornalhas do anjo caído.
Por isso, nada de tribo. Nada de terceira idade, boa idade, ruim idade ou sei mais o quê vão inventar. Sou mesmo é potiguar “cabra da peste”, lá de Angicos e estamos conversados.