Coração paterno

Nossa coluna na Papangu de novembro/2024

A recente indicação da Polícia Federal para que o Capitão Bufão, inelegível e inominável, fosse indiciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) gerou grande alvoroço nas páginas políticas e policiais dos mais importantes jornais e veículos de mídia do país. Porém, aqui na aldeia potiguar, outro fato igualmente perturbador, envolto em crueldade extrema, chocou a todos: o vídeo que circulou na internet mostrando um filho carregando, nas mãos, a cabeça de seu próprio pai, após tê-lo assassinado a golpes de facão.

A cena dantesca, repulsiva e de uma brutalidade inimaginável na vida real, parece algo que somente a ficção – sob a direção de mestres do terror como Alfred Hitchcock, John Carpenter ou Roman Polanski – poderia ser concebida. E, ainda assim, talvez nenhum deles ousasse torná-la tão explícita.

Este ato macabro confronta-nos diretamente com o “monstro do Lago Ness” que habita dentro de cada ser humano, uma face obscura que, felizmente, só se revela a poucos, os quais não se pode chamar esses indivíduos de “privilegiados”, pois encarar tal monstruosidade é algo tão horrível quanto inimaginável. Este terrível acontecimento trouxe à minha memória uma das “minióperas” de Vicente Celestino, que, em suas canções, desnudava toda a fragilidade e a complexidade humanas. A canção Coração Materno é especialmente emblemática:

Coração Materno

Disse um campônio a sua amada
Minha idolatrada, diga o que quer
Por ti vou matar, vou roubar
Embora tristezas me causes, mulher
Provar quero eu que te quero
Venero teus olhos, teu porte, teu ser
Mas diga tua ordem, espero
Por ti não importa, matar ou morrer
E ela disse ao compônio, a brincar
Se é verdade tua louca paixão
Partes já e pra mim vá buscar
De tua mãe inteiro o coração
E a correr o campônio partiu
Como um raio na estrada sumiu
E sua amada qual louca ficou
A chorar na estrada tombou
Chega à choupana o campônio
Encontra a mãezinha ajoelhada a rezar
Rasga-lhe o peito o demônio
Tombando a velhinha aos pés do altar
Tira do peito sangrando da velha mãezinha
O pobre coração e volta a correr proclamando
Vitória, vitória tem minha paixão
Mais em meio da estrada caiu
E na queda uma perna partiu
E a distância saltou-lhe da mão
Sobre a terra, o pobre coração
Nesse instante uma voz ecoou
Magoou-se, pobre filho meu
Vem buscar-me filho, que aqui estou
Vem buscar-me, que ainda sou teu!

Não tenho dúvidas de que, em outro plano, a alma do pai decapitado murmuraria:
“Magoou-se, pobre filho meu? Vem buscar-me, que ainda sou teu.”

Assassinato

O plano para matar o Presidente do Brasil, seu vice e um ministro do Supremo Tribunal Federal, não causou tanta como comoção quanto a prisão da “enfluencer” Deolena, aonde algumas centenas miseráveis débeis mentais se aglutinaram na frente de uma penitenciária gritando o nome da criminosa. Como diz meu xamã lá de Baixa do Chico “há algo de podre do Reino da Dinamarca”.

Podre

Podre, podre sim. O Exército Brasileiro é golpista desde a construção da República, de lá até nossa era foram golpes atrás de golpes, sofremos pelos menos de golpes de estado. E se não fossem alguns generais legalistas, democratas viveríamos em ditadura militar.

Caso Isolado

            Estaremos fazendo parte da equipe do posdcast Caso Isolado, sob o comando do amigo Pedro Chê. Programa que fala de segurança pública de forma séria, com um pouco de ironia e humor, afinal, ninguém é de ferro.

Charge

A charge do Saci fará parte da exposição que estamos desenhando com Ailton Medeiros, diretor da Biblioteca Câmara Cascudo, para realização nos meses de fevereiro/março de 2025 ao lado juntamente com os cartunistas Brum e Joe Bonfim. Os três mosqueteiros de volta!

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