Eu me amo
Outro dia, cedinho no cantar do galo, isto é, dos pardais, meu irmão De Assis – evangélico – passou um vídeo em que um padre fala que não devemos nos preocupar com quem não gosta da gente. À tarde, depois de dividir com João Miguel – meu neto de 2 anos – algumas tapiocas recheadas com creme de Ricota, as quais degusto como quem se delicia com pão doce untado de manteiga – aquela bem amarelinha – Itacolomy derretendo, lambuzando os dedos acompanhando um “café pingado”, ouvindo Maria dizer sua preocupação com minha saúde: não tem gosto agradável, mas é bom para você.
Finalizando a caricatura do Bozo, para um artigo da jornalista Ana Cadengue, esposa de Túlio Ratto, vejo o Cortella falando do cuidado com as pessoas que nos bajulam, elas não querem nosso bem, pois, quem nos quer bem cuida e diz “face to face” o que não queremos ouvir, mas, o que precisamos ouvir, logo ouvi Oswaldo Montenegro falar não querer que as pessoas que não gostam dele, passem a gostar.
Concordo com os três. É certo, devemos dar ouvidos a quem gosta da gente, não aos aduladores que mais cedo ou mais tarde vão nos apunhalar pelas costas. Oswaldo tem razão, também não quero quem não goste de mim passe a gostar, porque assim se mostra infiel as suas convicções, não gostava, permaneça não gostando. Me serve mais.
Há dois tipos de pessoas que podem, de fato, contribuir a nos manter sabedores de nossa finitude, da arrogância, da santidade de pés de barro, para baixarmos a bola, percebamos a necessidade de mais humildade. Além, do mais quem não gosta da gente, certamente, é muito mais leal, e assim sendo, nos põem em alerta, mostrando-nos defeitos, erros e pecados e assim são imprescindíveis, tal as pessoas que nos têm amor. Não sou do tipo “de hoje em diante só vou gostar de quem gosta de mim”, gosto de quem gosta de mim, se gosta eu gosto, se não gosta, a recíproca é totalmente real. Meu pai – em memória – ensinou-me, não há ninguém mais importante que nós mesmos, pode e existe igual, nunca mais.
Como canta aquela banda de rock “eu me amo, eu me amo, não posso mais viver sem mim”…
Brito e Silva – Cartunista