Noel insensível
Por causa de um piti no sistema do departamento de emissão da documentação de permanência definitiva no solo de Neruda, com chegada marcada para o dia 24 de dezembro, ouvi de minha nora “Sogrão, não vamos viajar”, não fiquei triste, talvez, um pouco morocochô, confesso. Porém, logo atinei e como não poderia ser de outra forma, pus na conta desse velhinho escroto Noel, o safado não iria conceder esse presente natalino.
Há anos venho de birra que já caminha evoluindo à inimizade ferrenha com esse sujeitinho velhaco, vindo lá do norte da Escandinávia enganando meio mundo. Comigo nunca cumpriu o prometido ou o desejado: quando menino sonhava com uma Monareta, minha primeira bicicleta foi uma Monark aos 15 anos e não foi ele quem trouxe, até porque meu aniversário é 20 de julho, 5 meses antes de sua revoada mundo afora; adulto, por ausência dele, me fiz mentiroso contumaz: comprava presentes para os filhos e dizia que era o velhote que deixara na soleira da porta.
Adulto jovem, nutria vã esperança de um dia topar com ele para uma conversa de pé-de-orelha, certa feita tive o desatino de escrever uma carta à sua casa na Lapónia, no Caderno2 do Jornal Rio Branco/AC, sem resposta potencializando nossa querela, quer dizer a minha, haja vista sua total indiferença aos meus apelos. Há anos estendo-lhe a mão no ato do mais puro e sincero desejo de reconciliação, até sonhei que ele aceitava. Para facilitar sua vida, ciente de sua épica jornada natalina nos condomínios da classe média, abri mão de receber o presente no natal, adiei para virada do ano. Mas um presente que, de fato, fizesse jus a reconciliação e todos os anos de sonegação: o prêmio da Mega da Virada, o cretino ainda não cumpriu.
Um amigo “comunista” disse que o velho do saco encarnado foi corrompido pelo capital. Não tem mais tempo, na verdade nunca teve um olhar para aqueles que apenas sonham com comida na mesa na noite de natal. O sacana agora é garoto propaganda da Coca-Cola e das grandes corporações, um vendido. Sem falar que anos após ano estraga a festa do Aniversariante. Já ressabiado, esperava ele aprontar comigo e, aprontou. Se preocupe não minha nora “quando fevereiro chegar, saudade já não mata a gente”.
Brito e Silva – cartunista
Por isso eu nunca acreditei nesse farsante, seu Joel meu pai passva os 3 últimos meses do ano fazendo hora extra pra gente ter o presente e a mesa farta.
Por isso eu só acreditava no papai Joel,
Esse nunca falhou.