Uber e parque de diversões
Escritor Abraão Gustavo
Esses dias eu precisei ir ao médico e peguei um Uber que me fez lembrar a infância. Nos tempos que ia a parquinhos de diversões de bairro. Nada contra os grandes parques, como Hopi Hari ou Playcenter, mas os de bairro são mais vagabundos e divertidos. Por exemplo, a Barca, para quem não sabe, é um dos brinquedos mais divertidos de um parque de diversão, não somente pela adrenalina do brinquedo em si, mas pela sensação de estar em um brinquedo enferrujado, que tem sempre um nome em inglês abrasileirado: Flying Dutchman, mais conhecido como Holandês voador, que nunca ouviu a palavra “manutenção” desde o início de sua existência. Geralmente, é controlado por alguém que aparenta ser um ex-presidiário, em regime semiaberto, com tatuagens de cadeia à mostra, com cicatriz no rosto, provavelmente tem pouca coisa na vida a perder e gosta do perigo. E quanto mais escuta gritos de pessoas, mais ele faz o barco voar.
Sempre desconfio de pessoas que dirigem um Classic branco e perguntam: – Está com pressa? É com emoção ou sem emoção, meu patrão?