Tribuna do Norte demite cartunista por criticar o Governo Federal
Rodrigo Brum, cartunista do jornal Tribuna do Norte, foi demitido por causas de suas charges em desfavor do “imbrochável”. A Tribuna do Norte, em um passado não muito distante foi trincheira contra os desatinos da Ditadura militar, agora em pleno século XXI virou folhetim – salvo algumas poucas editorias – do que há de pior que surgiu do esgoto da política partidária.
Toda minha solidariedade ao amigo Rodrigo Brum, além de ser um cartunista de primeiríssima qualidade é uma figura humana excepcional.
Quem perde é o jornal Tribuna do Norte, que ficou pequena sem Brum. Há pouco li, “um jornal sem charge é como uma mulher sem alma”. Entretanto, a alma da Tribuna, hoje, se é que tem uma, é uma alma podre, decaída que está a serviço da política rasteira, tacanha, e dos sonhos ditatoriais de seus donos. Estamos juntos, Brum.
Depoimento do cartunista Brum:
Vai o jornal mas fica o lápis!
Há poucos dias tivemos uma reunião super bacana na redação, cheia de otimismo, falando da nova direção. Saí de lá empolgado, comentando com um dos jornalista que achava ótimo esse posicionamento prometido na reunião: de não deixar a política influenciar nas decisões, mesmo tendo no seu quadro de chefia o suplente de um ex-ministro do atual governo, candidato ao senado. Pois bem, uma das primeiras atitudes dessa nova administração foi algo realmente sem qualquer conotação politica: DEMITIR O CHARGISTA, que faz charges contra esse governo a favor da liberdade (kkkk). Engraçado, que segundo a tal reunião, antes é que havia um posicionamento político, mas durante esse período, sempre fiz charges com total liberdade e autonomia. É isso, a partir de hoje não faço mais parte da Tribuna do Norte. Falar que não fiquei preocupado, estaria mentindo, é uma grana que vai fazer falta. Falar que não foi chato, outra mentira, fiz muitos amigos nesses 10 anos de Tribuna, gente que vai fazer falta. Mas saio com a cabeça mais erguida do que quando entrei. Bem melhor me demitirem do que tentarem me moldar. Pelo menos isso. Sinal que as charges funcionaram, alguém se doeu muito. A demissão? Uma consequência que infelizmente nós chargistas estamos sujeitos ao fazer nosso trabalho nesse período de “liberdade” (outra piada). Agradeço muito por essa década de aprendizado. Pelo prazer de trabalhar com o gigante do jornalismo potiguar, Julião. De ter tido professores como Carlos Peixoto, Cledivania Pereira e o grande Woden. Gente, eu trabalhei com Woden Madruga, parceiro do Henfil quando o mesmo morou por aqui. Aliás, o mesmo Henfil que um dia já fez charges lá no jornal… olha a honra, ocupamos o mesmo espaço. Então saio agradecendo por tudo isso. Espero ter feito alguma diferença durante esse tempo. Aprendi, errei, tive pequenas censuras, fui premiado, cresci. Por isso mesmo repito: Saio de cabeça erguida. E muito feliz, porque se o novo caminho for esse, de demitir quem vai contra o governo, é melhor tá de longe. Tem coisas que dinheiro nenhum compra. Mas como disse no título, vai o jornal mas fica o lápis. Continuarei com minhas charges, agora com muito mais liberdade. Quem sabe em breve consigo um outro veículo pra publicar, mas enquanto isso não acontece, não será isso que vai fazer eu ficar calado.