Todos caolhos e banguelas
Não consigo uma conclusão mínima passível de entender a lógica do “Bandido bom é bandido morto”. Ora, se assim for, numa linha de raciocínio simplório – e sabemos que esta simplicidade não é real, o problema é complexo exigindo coragem política e “aquilo roxo” para resolvê-lo, e estamos numa entressafra a longos anos -, para cada morte teremos, no mínimo, um assassino, um criminoso, e portanto outro bandido.
Okay. Mil mortes, mil assassinos, e claro, mil bandidos. Então vamos matar esses mil assassinos que agora são bandidos e teremos novos números: 2 mil bandidos mortos e 2 mil assassinos, bandidos e assim sucessivamente, a escala naturalmente é ascendente, sempre. Debelar fogo com fogo não é muito prudente, para dizer o mínimo. Portanto, combater crime cometendo crime, creio não ser a saída mais racional. E não me venham com o “deixe acontecer com sua família”, isto é a retórica de boa parte dos que tomam ou querem tomar decisões no calor dos fatos e por isso mesmo terminam engrossando as listas estatísticas de assassinos ou vítimas.
A Lei do talião: olho por olho e dente por dente, se assim procedermos terminaremos todos banguelas e caolhos.
Não seria mais fácil, fácil não, – nunca é-, mas, talvez mas inteligente, criar mecanismo de frenagem da violência no campo racional e não no emocional?
Que tal políticas públicas de verdade, não estes arremedos que nos empurram goela a dentro? Ah, que tal não deixar a Lava Jato minguar? Deixando-a cumprir seu papel em levar todos os assassinos e marginais políticos – que matam milhares de miseráveis cidadãos de bem que suplicam atendimento pelo SUS, nos abarrotados e depósitos que alguns insistem em tatuar de hospitais -, às barras da lei.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública, fez o cálculo – de deixa ou deveria deixar os governantes com vergonha no focinho, se assim a tivesse -, explicitando que morre mais gente assassinada no Brasil do que em países que estão, de fato, em guerra. Em 2015, 58 mil pessoas foram assassinadas no Brasil.