Pro dia nascer feliz
A passarinhada que faz pousada em um velho figo, aqui no pé de minha janela, hoje amanheceu mais alvoroçada do que nunca, com sons mais estridentes, nem parecia aquela sinfonia de ontem, anteontem e de sempre, que regida – digo porque vi – por um Bem-ti-vi de papo amarelo e às vezes auxiliado por um golinha anunciava o alvorecer.
Certamente, houve festa no céu. Todos cantando em tons diferentes, entretanto, se dava para ouvir a alegria em um eufórico regozijo à vida de matar de inveja os raquíticos de imaginação. Essa turma muito me recordou uma que, ao “fechar” o jornal do dia, a Gazeta do Oeste, se dirigia com ligeireza de quem vai tirar o pai da forca, ao Kikão, ali na boa terra de Santa Luzia, mas na verdade ia beber água que passarinho não bebe e, se desse, pegar o sol com a mão.
Lá Ferreira dedilhando Pombo Correio no seu companheiro violão em Si, alguns sem Dó, cantavam atravessado, enquanto ainda outros sacrificavam a harmonia batucando um samba para acompanhar. Mas, nada disto tinha relevância, pois, o que importava, de fato, era festejo à vida, amizade, alegria e cantar pro dia nascer feliz. Por isto digo e repito: Ontem, houve festa no céu e a passarinhada esbaldou-se.
Brito e Silva – Cartunista