Perfume

No sábado, 4 de janeiro de 2025, ainda ecoavam em meus ouvidos as promessas de amigos. Uns juravam de pés juntos que iriam para a academia conquistar a tão sonhada barriga “tanquinho”. Outros contavam sobre as sete ondas que pularam e as oferendas que fizeram para Iemanjá, pedindo bênçãos para passar em concursos públicos. Todos repetindo os mesmos rituais, esperando resultados diferentes. Mas essa é outra história.

Caminhava em direção à Praça de Nossa Senhora da Candelária, sem intenção de rezar, porque não sei, apenas mostro meu olhar, meu olhar. Na verdade, ia cortar os poucos fios de cabelo que ainda ornamentam meu cucuruto. Foi então que, a uns 200 metros, avistei um senhor que vinha descendo a ladeira. Ele era tão perfumado que seu aroma inundava o ar. Quando passou por mim, percebi que tinha o cabelo bem cortado e molhado, denunciando que havia acabado de tomar um banho.

Nesse instante, lembrei-me de uma entrevista do Amaral, aquele jogador da seleção brasileira. Ele contou que, ao se mudar para São Paulo, foi morar com outro jogador. Logo, o mau cheiro de sua sovaqueira começou a incomodar o amigo. Amaral percebeu que o colega sempre saía cheiroso e ficou de olho. Certo dia, viu o amigo aplicando um desodorante aerossol nas axilas. Imaginou que esse era o segredo. Após um banho, encontrou no banheiro um spray que exalava um aroma agradável. Sem pensar muito, deu umas borrifadas nos suvacos e foi para um churrasco. Lá, todos sentiram o “perfume” e começaram a rir. O amigo perguntou o que ele tinha usado, e Amaral revelou. Foi aí que soube: havia usado um spray de banheiro, daqueles para eliminar mau odor de ambientes.

Voltei ao presente com uma certeza: o perfume daquele senhor que cruzara comigo era exatamente a mesma fragrância que Maria usa no banheiro lá em casa, com cheirinho da IPÊ.

Brito e Silva – Cartunista

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