Os pecados são todos meus
Não costumo me esquivar dos meus erros e terceirizar malfeitos, creio ser uma canalhice, uma cretinice. Portanto, como já disse antes que tenho poucas coisas para me arrepender, não que minha carga seja maneira, mas por ser crente do merecimento e, assim sendo, sou ciente de minhas enormes falhas, as quais ao longo do tempo tentei sepultá-las, algumas consegui mantê-las no porão, mesma aquelas mais latentes as pus em corrente curta, entretanto, outras tão sutis e dissimuladas, quando você imagina que as domou elas surgem violentas e nos revelam quem somos, por outro lado elas me mantém lúcido e certo de minhas robustas debilidades.
Eu conheço todas as minhas qualidades boas e más: fraquezas, imperfeições, também minhas aptidões e brio não que tenha posto o pé na soleira da sabedoria, esteja sob a paz infinita, me tornado “iluminado”, encontrado meu nivarna. Caminho muito distante disto, meus pecados, defeitos são maiores que minhas boas qualidades. Todo santo dia, quando ele se esvai vejo que Leonard Vinci foi claro e preciso quando cunhou “A maior decepção que o homem sofre advém das suas próprias opiniões”. Juro que tento ser menos arrogante, mais humilde, mais compreensivo, sabendo que para isso é preciso ser forte e corajoso, porém, acabo me rendendo a fraqueza e a covardia. Talvez meus valores éticos, morais e visão de mundo tenham envelhecidos ou, talvez, já tenha me tornado em um velho tolo. Entretanto, como diz Gilberto Gil “os pecados são todos meus”.
É certo, que a arrogância, a empáfia, a falta de humildade nos permeiam, nos cobre a pele como um grosso casaco de inverno dos esquimós e, por que isto? Não sei. Talvez quem sabe, lá no fundo d’alma, para aqueles que acreditam na “Palavra” não seja a vergonha de revelarem-se pobres diabos hipócritas descrentes, que apenas finge e assim se constituíram em sepulcros caiados”.
“Meu pastor não sabe que eu sei da arma oculta em sua mão”, música de João Bosco, Milton Nascimento e Toninho Horta. Me causa pena, dos que, com Bíblia na ponta da língua cultivam gestos e ações na ponta do ariete.
Quando digo que há pouca coisa para me arrepender, ora quero dizer que dessa vida nada se leva, se é que se vai algum lugar, nem as riquezas e menos ainda os sacrilégios. Haja vista, que aos que aqui têm o privilégio de andarem não se vão devedores, todos pagam seu quinhão, todos compram antecipadamente a passagem de ida.
Brito e Silva – Cartunista