O dia que o Brasil sangrou
Natal/RN, 31 de agosto de 2016
Aos meus netos.
Meus queridos e amados netos, hoje, 31 de agosto de 2016, a democracia brasileira, as classes menos favorecidas, aposentados e trabalhadores sofreram um duro atentado, neste dia o Brasil sangrou: Dilma Rouseff, a Presidente eleita Brasil, em 2014, por 54 milhões de votos foi destituída do seu cargo por um golpe parlamentar. Sem baionetas, canhões e sem fuzis, mas, um golpe, um golpe branco tão certeiro e danoso quanto o golpe militar.
Para entender melhor é preciso voltar a 2014. Logo após os resultados das urnas o mau perdedor Aécio Neves (PSDB), – candidato derrotado por Dilma, não aceitou o resultado das urnas, colocou em xeque a segurança das urnas eletrônicas pedindo uma auditoria do TSE – Tribunal Superior Eleitoral, para saber se as urnas foram violadas, não constatou-se fraudes, depois o PSDB protocolou em 18 de dezembro de 2014 no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedido para cassar o registro de candidatura da presidente Dilma Rousseff e determinar que o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que ficou em segundo lugar nas eleições, assuma a Presidência da República. Também rejeitada a proposta.
Paralelo, estava em curso a Operação Lava Jato fazendo uma devassa na classe política brasileira mostrando os sepulcros caiados, onde “probos” homens públicos de todos os partidos estavam envolvidos em corrupção ativa e passiva dilapidando o patrimônio público, especificamente a Petrobras. A corrupção na Petrobras, transformou-se o campo de batalha preferido para opositores e defensores do governo Dilma, com acusações recíprocas e ambos os lados tatuando ao outro mais ladrões e mais propinas recebidas, portanto, mais culpabilidade. Até, então os mais atingidos eram os chamados “baixo clero”, isto é, políticos de menor importância, sem expressão e sem influência.
Entretanto, logo a Lava Jato tinha se tornado uma pedra no sapato do PT, partido da presidenta – ah, existe presidenta, viu?-, ao ponto pedirem, veladamente, a cabeça do então Ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, fato que a fez declarar que não ficaria pedra sobre pedra, mas não haveria interferência dela para tolher as investigações.
Quanto mais se avançava nas investigações mais se prendia mais se via todos no mesmo balaio. Inclusive o próprio senhor Aécio Neves acusado de receber de U$ 100 mil a U$ 150 mil por mês, de propinas vinda de Furnas, uma gravação do senhor Sérgio Machado dizia ter repassado R$ 100 milhões ao PMDB, envolvendo o presidente do Senado, senador Renan Calheiros, deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara, senador Romero Jucá e ao ex-presidente José Sarney, gerando pedido de prisão dos 4, pelo Procurador Geral da União, Rodrigo Janot, solicitação indeferida pelo STF – Superior Tribunal Federal – Esta gravação impulsionou a celeridade do impeachment da Presidenta Dilma – .
O alerta dado, sinalizando que a Lava Jato poderia pegar todos os envolvidos de calças curtas, o impeachment tomava corpo. O presidente da Câmara se via as portas de ter um pedido de cassação ser admitido, procurou deputados do PT para salvar-guardá-lo, com recusa decidiu aceitar a abertura de admissibilidade do processo de impeachment subscrito por Hélio Bicudo (ex-petista), Miguel Reale Junior(PSDB) e Janaina Paschoal, contratada pelo PSDB: “Eu fui contratada pelo PSDB em maio. Nós propusemos o processo em setembro. Recebi R$ 45 mil para fazer o parecer”, disse, depois de ser confrontada pela senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB/AM). Antes, Paschoal afirmava que o pedido havia sido feito com base nas reivindicações de “cidadãos indignados”.
Palco montado à encenação da Ópera Bufa. O processo levou penosos 9 meses para os país, com sua situação econômico e política fragilizadas e para o povo. Tramitou na Câmara, cumprindo todo rito imposto pela Lei e para golpe final chegou ao Senado Federal, presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal, o Ministro Ricardo Lewandowski, onde 35 senadores com problemas judiciais, inclusivos citados na Operação Lava Jato, de receber propinas, iriam atuar como juízes julgadores do impeachment da presidente por Crime de Responsabilidade por ter editado 3 Decretos de Suplementação Orçamentária, sem a autorização do parlamento e as chamadas “pedaladas fiscais”, contratação de empréstimos a bancos federais, todas as ações anteriormente feitas por todos os presidentes que a antecederam. Feito.
O processo de impeachment foi a chance de colocar na presidência um fantoche do PMDB, PSDB e DEM, capaz de obedecer, sem questionar, todos os malfeitores e os livrando da cadeia.
Neste dia, poderíamos estar escrevendo a história oferecendo outro caminho a ser seguido. Meus queridos e amados netos, alguns dos fatos aqui relatados são históricos outros são impressões de um senhor de 57 anos que ainda sonha com uma sociedade mais justa, mais tolerante e mais humana, aonde todos possam conviver em paz e com dignidade.
Peço-lhes que lutem por país melhor, pelo os mais humildes.
Brito,