Eu discuto política, religião e futebol!

Eu discuto, sim, política, religião e futebol!
Nunca fui adepto da máxima “não discuto política, futebol e religião”. Desde cedo, compreendi que esses temas movem o mundo e, mesmo sem ser especialista, percebi que ignorá-los não é de boa monta. Desde a antiguidade, essas três forças moldam sociedades, com o futebol podendo ser substituído por qualquer outro “entretenimento de massa” capaz de extasiar e entorpecer multidões.
Política: Na Roma Antiga, a política do “pão e circo” implementada pelo imperador Otávio Augusto mantinha a população entretida e alienada. Os espetáculos sanguinários dos gladiadores ofereciam uma válvula de escape para as frustrações do povo, enquanto nos palácios, os poderosos desfrutavam de luxuosos banquetes que duravam dias. Passaram-se séculos, e a estratégia continua a mesma: manter o povo distraído enquanto poucos acumulam poder e riqueza.
Na minha casa, política sempre foi tema de discussão, mas com respeito às diferenças. Defendo um mundo mais igualitário, com menos desigualdade e mais acesso à educação, saúde e respeito ao ser humano. Por isso, falo de política.
E como não falar? Se os impostos que pago não retornam às ruas, aos postos de saúde, escolas ou transporte público digno? Como não discutir política
Religião: Karl Marx disse: “A religião é o ópio do povo”. Concordo, mas faço uma distinção: religião não é fé. Jesus de Nazaré foi morto por dois sistemas políticos corruptos e uma religião igualmente corrompida.
Hoje, muitas instituições religiosas transformaram a fé em mercadoria, comercializando milagres e promessas em nome de um lucro travestido de salvação. Isso acontece desde a antiguidade. Como não discutir religião?
Futebol: Já vivi um tempo em que cada brasileiro era um técnico de futebol, quando se ia ao estádio acompanhado de amigos, que torcedores do time adversário. Na minha casa, há botafoguenses, vascaínos e até flamenguistas.
Hoje, não sabemos mais quem são os jogadores do nosso próprio time, muito menos quem o treina. O futebol, tornou-se um espetáculo de violência fora de campo, com torcidas organizadas se encontrando para confrontos que terminam em mortes. Como não discutir futebol?
É verdade que não temos mais um coliseu lotado de plebeus sedentos pelo sangue de cristãos sendo dilacerados por gladiadores. Mas temos reality shows que anestesiam milhões, enquanto políticos ganham salários astronômicos e, ainda votam contra os trabalhadores que sobrevivem com R$ 1.518,00 por mês.
Ora, meu senhor! É preciso, sim, discutir política, religião e futebol! Estamos nos emburrecendo.
Brito e Silva – Cartunista