Deu Bode!
Natal, 05 de março de 2019.
Aos meus netos
Kaylanne, Aléssia, Enzo, Valentina e Lívia (que ainda não conhece as dores do mundo, repousa sossegada no ventre de sua mãe). O povo cearense tem a sabedoria como essência, pois cultiva a arte, cultura e o bom humor a flor da pele, tanto é que nos ofereceu ao Brasil e ao mundo, José de Alencar, Raquel de Queiroz, Patativa do Assaré, Adolfo Caminha, Domingos Olímpio dentre outros escritores; nas artes plásticas nos encheu os olhos com Antônio Bandeira, Nice Firmeza, Estrigas e Aldemir Martin; na música cantamos ao lado Belchior, Ednardo, Raimundo Fagner, Alcimar Monteiro, Amelinha, Catulo da Paixão Cearense sem falar de centenas de músicos e cantores.
Em todas as áreas das manifestações humanas os cearenses se fazem presentes. Em maio de 1919, 4 anos após o físico Albert Einstein, publicar sua Teoria da Relatividade, Sobral (CE), e Ilha de Príncipe, na África, foram escolhidas por cientistas para comprovar e darem o veredicto que todos já sabemos.
Esse povo precisa ser estudado. Existe um fenômeno, que no mundo há outro igual e, desconfio que, somente ser privativo dos nascidos no chão cearense: o gene do bom humor.
A generosidade desse povo é imensa. Nos presenteou com o gênio Chico Anísio, o trapalhão Renato Aragão, Tom Cavalcantie Adamastor Pitaco – vou parar, senão terei que citar os 8,843 milhões de cômicos -, mas, como todos os humanos, os cearenses são passiveis de erros.
Na política fomos vítimas, do que pior que ela pode oferecer: o golpista de 64, o General Humberto Castello Branco. Entretanto, também, são os cearenses cientes de suas mazelas e a combatem com sátira. Pois, como Voltaire, sabem que a sátira é a forma mais eficaz de lutar contra o que está posto, contra as iniquidades da política e, em 1922, elegeu o Bode Ioiô como vereador na capital alencarina, história trazida à avenida do samba, agora, em 2019, pela escola de samba Tuiuti.
Alguns incautos invejosos brasileiros sem entenderem bulhufas do feitio do humor cearense e desconhecendo o primeiro parágrafo do “segundo caderno”, onde expressa exigir cérebro para usar ironia, como um feitiço pelo às avessas, elegeram um jumento para nos governar pelos próximos 4 anos. Ô povo sem tutano e humor!