“Cartunista: é ser alguém de outro mundo !”
Alexandre Cabral é professor, mestre, pesquisador e cartunista carioca da gema, nascido na cidade do Rio de Janeiro, em 28 de julho de 1973. Logo na alfabetização teve seus primeiros contatos com desenhos como quase toda criança, e assim sendo, começou a se interessar pelos traços, passando a desenhar por diversão e não imaginaria que um dia pudesse fazer de seus rascunhos profissão, entretanto, a nanquim que descia pela pena imprimindo no papel contornos de cartuns, caricaturas e charges tomou rumo diferente, contaminando seu sangue e com o apoio da família começou desenhar profissionalmente. Traços firmes contundentes e muita criatividade o levou a figurar como um dos grandes cartunistas brasileiros.
Como não poderia ser diferente, foi seduzido pelos heróis de quadrinhos, desse modo define o cartunista como sendo um ser de outro mundo. Alexandre, assina suas charges, cartuns e caricaturas como “Aleco”.
Por Brito e Silva
Sabemos que é na infância onde tomamos os primeiros contatos com pincéis, tintas, lápis e papel, com você assim?
Sim. Ainda tenho desenhos e pinturas dos tempos de alfabetização, guardados por minha mãe. Sempre amei desenhar!
Desenhar teve alguma influência ou você é a “ovelha negra” da família?
Em minha família, sou o único interessado pelo desenho. Ninguém da minha família desenha ou tem um interesse aguçado por desenho ou mesmo pintura.
Quando tomou consciência que o desenho, mas especificamente, o cartum a seria sua profissão?
Nunca pensei em levar o desenho a sério a ponto de me dedicar profissionalmente. Desenhava por diversão. A ideia de tornar meus desenhos como uma atividade profissional, partiu do momento em que meu traço estava apurado e as pessoas passaram a admirar meus trabalhos.
A família apoiou?
Apoiou sim.
Quantos de anos estrada, amassando e rabiscando papeis em busca suplantar o desafio do papel em branco?
Puxa, posso dizer mais de trinta anos.
Como avalia a qualidade do cartum brasileiro?
Excepcional. Somos muito criativos! O cartum brasileiro é inteligente e graficamente muito bem representado.
Você acredita que o cartunista brasileiro é bem remunerado?
Não! Conheço muitos colegas que se queixam da baixa remuneração por meio dos desenhos publicados. Creio, que a sociedade brasileira, não valoriza, a ponto de pagar de forma justa, o tanto o artista mereça. Enfim, nossos trabalhos são desvalorizados.
No mundo dos traços quais foram suas influências e seu ídolo – se é que tem um?
As revistas em quadrinhos de super-heróis: Batman, Conan, Homem-Aranha etc. Não tenho um ídolo! Mas, têm muitos cartunistas, chargistas e caricaturistas que admiro demais os trabalhos: Frank Miller, os irmãos Caruso, Ziraldo, Henfil, Lan, Cassio Loredano, Quino, Uderzo, … é uma longa listas. Tem muitos mestres mundo a fora!!!
Qual a charge, cartum ou caricatura que gostaria de ter desenhando?
Talvez, as charges do tempo da ditadura. Sim, gostaria de ter satirizado os bárbaros da ditadura de 64!
A internet restringiu muito, quer dizer, praticamente acabou com os jornais e revistas impressos e consequentemente com os espaços para os profissionais do cartum, você acredita que também abriu outras oportunidades e novos mercados?
Veja bem: a internet, proporcionou a falência de muitos jornais importantes no Brasil. E aqueles que resistiriam estão capengando para não extinguirem. Atualmente, a internet veicula novas possibilidades para o cartunista. Tal possibilidade, faz com que ele se autonomize mais que nos tempos dos Jornais impressos. Mas, para isso, o cartunista terá que, com criatividade, ele próprio saber “vender” o seu produto: o cartum.
O que é ser um cartunista?
É ser alguém de outro mundo! É aquele que consegue, com humor, “enxergar” o mundo como muitos não conseguem; e usa o traçado no papel para exprimir suas ideias.