Azougue

“Meu domingo alegre vai ser”, título da música de Ângelo Máximo, que nos anos 70, com esta versão, certamente, alegrou e embalou o domingo de muita gente, também naqueles anos havia Gil cantando seu Domingo no Parque, ao inverso da primeira, contava uma triste história de dois amigos e ainda tinha Agepê falando dos Sete Domingos.

Na música, Agepê dizia que ia fazer sete domingos para poder namorar sua amada, o que de fato, uma alusão de que domingo é dia de felicidades e, assim, nós humanos trabalhadores, pró-ativos, criativos e produtivos, escravizados à feiras, sonhávamos com as manhã de domingo para bebericar uma pinga com nossos iguais, esquecendo o resto dos dias tristes da semana. 

Outro dia, em conversa com Maria, dizíamos de como nossos domingos mudaram e perdemos referências e, principalmente, nesta pandemia, onde nos parece que todos os dias se assemelham a segunda-feira. Antes íamos na casa de papai, na casa da mãe dela, na Saraiva tomar um café ou comprar um livro – sim, um ou outro, os dois, somente se fossem em 60 vezes -, ou ainda às vezes a caminho de Paranamirim, onde mora meu pai, decidíamos ir almoçar em Mossoró depois voltávamos em riba do rastro, somente para ouvir uma nova playlist – que frescura – que havíamos gravado e nela deveria ter cinco ou seis músicas que não constavam em nosso acervo.

Lá por volta da segunda metade do anos 80, aos domingos púnhamos nosso bravo Fiat 147 sobre as “Costela de Adão”  a caminho da praia de São Cristóvão, com Polary e Pollyanne no banco de trás, cantando Baby Can I Hold You, melhor que Tracy Chapman, lá chegando quase sempre encontrávamos o galego do Chaplin, Ricardo Lopes e seu aparato de pesca e suas lentes. 

Perdemos mesmo boas e grandes referências dos nossos domingos. Não que seja um saudosista inveterado. Mas quem me diz que o domingo mossoroense é o mesmo sem ouvir o camaradinha Caby da Costa LIma? Sem ler Emery Costa e sua “E Lá Sem Vão…? Nem vou falar de Airton Senna. Às vezes ouço Azougue – Nando Cordel, em plena quinta-feira, fingindo ser domingo e lembrando do meu amigo Caby, que por saber do meu gosto por essa música quase sempre rodava em seu programa dominical. E quando nos encontrávamos dizia que ainda iríamos ser sócios de uma agência de publicidade com este nome, não implementamos a agência, mas criamos o site www.azougue.com, que logo deixei pra ele, meu domicílio na capital, me impediu de continuarmos.

Mas, Azougue é uma coisa que atrai, chama, gruda como nosso passado de bons domingos nunca sairá de nós. Certamente, outros bons e grandes domingos virão e poderemos cantar “Meu domingo alegre vai ser…”

Brito e Silva – Cartunista

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