Vacina X Bozo

A desastrada logística brasileira da pandemia e da vacinação conduzida pelo ministro, general Eduardo Pazuello, que a cada fala, tal qual o chefe, passa vexame.
Nos anos 80, no jornal Gazeta do Oeste, sempre apareciam algumas figuras falastronas, folclóricas, buscando seus 15 minutos de fama ou talvez, a posteridade. O certo é que lá pelas 19h a sala de arte e diagramação era o “point”, todos se reuniam por lá para contar piadas, falar mal uns dos outros e até segredar algum fato de última hora. Claro, em milésimo de segundo das Barrocas ao Belo Horizonte, do Abolição IV às Malvinas o assunto já era pauta em suas calçadas.
Pois, muito bem. Neste clima havia um “sujeito” sempre gabando-se do tratamento dedicado aos seus amigos, dizia: “Amigo meu não tem defeito, inimigo se não tiver eu invento, levanto falso e provo”. Não chego a tanto, mas fico meio abestalhado, me minam os olhos como cacimbas de leito de rio seco, quando um faz algo do qual nos deixa vaidosos de tê-lo como amigo, me dá um orgulho danado de viver no seu tempo. Diria que amigo é pra essas coisas: nos fazer bem.
Dito isto, tive uma grata e deliciosa surpresa auditiva, foi um encontro magnético e cibernético em um fim de tarde com Sérvulo Godeiro, a quem conheço de longas datas, desde os tempos de Gazeta do Oeste. Era sabedor do seu gosto e notório saber refinado da nossa música popular brasileira, mas não que fosse compositor ao qual foi apresentado pelo bem polido álbum POTIGUARANIA.
O POTIGUARANIA, traz letras ricamente elaboradas alicerçadas por melodias às vezes suaves como a brisa de Ponta Negra, outras mais fortes e vigorosas como as ondas do mar da Redinha, porém, nos passando uma sessão de capricho e delicadeza. Há leveza em cada frase emitida, a cada acorde vibrado. Certamente, será um afago aos ouvidos mais exigentes de gosto de sintonia fina.
Sem falar dos interpretes. Aliás, vou falar: Transparece que cada um deles solta a voz como se fosse a única música existente, como se fora uma oração, um apelo aos céus tornando o POTIGUARANIA único. Parabéns, Sérvulo Godeiro e Carlinhos Santa Rosa.
Brito e Silva – Cartunista
POTIGUARANIA
01. Rio Grande – Valéria Oliveira
02. Encontro Magnético – Pedro Mendes
03. Grão – Diogo das Virgens
04. Ribeiras – Wigder Vale
05. A volta – Moisés de Lima
06. A Terra é aqui – Lysia Condé
07. Matizes – Silvia Sol
8. Os Ventos – Diogo das Virgens
09. Sonho bom – Lene Macêdo
10. Andar, andar – Sueldo Soares
11. Fim de tarde – Valéria Oliveira
12. Pra Viver – Ângela Castro e Rafael Bastos
13. América – Yrahn Barreto
14. Semba Uã – Sami Tarik
15. Grande Ponto – Lene Macêdo
Gravado, mixado e masterizado na Beju Estúdio com direção musical e arranjos de Jubileu Filho.
Músicas de Sérvulo Godeiro e Carlinhos Santa Rosa. Exceto a música Matizes em parceria tripla com a poetisa Danúbia Pinto.
link do Youtube POTIGUARANIA
O Ilustrador de obra da Coleção Mossoroense, Brito e Silva, lança trabalho virtual com 200 caricaturas de astros musicais.
Segundo o autor, “O livro é para quem gosta de música, da arte caricatural e também para aqueles que estão começando a desenhar, pois, cada caricaturado tem seu rascunho, como foi desenhado para que as pessoas possam colorir ou servir de referência para reprodução“.
O livro está disponível e pode ser adquirido na sua página https://blogdobrito.com/loja/. Os internauta também encontram várias caricaturas que podem ser adquiridas avulsas ou mesmo contratar os serviços através do endereço virtual blogdobrito@gmail.com ou 84-9982-4413 (WhatsApp).
Recentemente, Brito ilustrou o trabalho comemorativo do centenário de Vingt-un intitulado, “Parabéns, Vingt-un Rosado“, de Caio César Muniz, lançado no dia 25 de setembro próximo passado.
José Brito e Silva é um grande artista do traço, sejam eles leves ou não. Traços que têm forma, que tem vida. “Ele foi convidado para homenagear o centenário de Vingt-un pela sua criatividade e qualidade nos seus trabalhos. Quem teve acesso a obra Parabéns, Vingt-un Rosado comprova o que estou dizendo”, comentou Eriberto Monteiro, atual editor da Coleção Mossoroense.
Além do seu site https://blogdobrito.com/, ele mantém seu canal no YouTube que pode ser identificado como Blog do brito Charges Animadas ou acessado diretamente pelo endereço https://www.youtube.com/channel/UCF9rOscys6cxOxoKEYaTH4Q
A Fundação Vingt-un Rosado através de Eriberto Monteiro e com autorização de Brito e Silva, reproduz, na integra, a entrevista que ele concedeu ao jornalista, escritor e poeta, Cefas Carvalho. a entrevista também está disponível nos sites https://www.potiguarnoticias.com.br/ e https://blogdobrito.com/
Por Cefas Carvalho
Como foi a sua produção durante o tempo de isolamento e pandemia?
Na verdade, a Pandemia, do ponto de vista profissional, não alterou muito minha rotina. Desde o ano de 2000 que trabalho em casa, isto é, em home office e, desde então, tenho mantido um relacionamento com nossos clientes através das mídias sociais. Portanto, não teve um impacto tão importante em nossa produção, talvez alguma oscilação, mas nada que mereça destaque. Entretanto, do ponto de vista emocional e psicológico, creio que tenha afetado a todos e eu, certamente, não fiquei imune, talvez neste período tenha produzido minhas charges e caricaturas, dependendo do dia e dos noticiosos, com uma certa carga emocional mais contundente. Passei a usar certos termos e palavras que não usava, tanto nos textos como nas próprias imagens.
Você lançou um livro de caricaturas. Fale sobre esse projeto?
“Sem a música, a vida seria um erro”, frase cunhada Friedrich Nietzsch, trabalhamos juntos, eu e você no Jornal Gazeta do Oeste, solicito seu testemunho lembrando que na minha prancheta havia sempre uma aparelho de som ligado, agora não é diferente, creio que piorou: Às vezes a tv e o som estão ligados e eu com fones ouvindo outras músicas. Então, por causa dessa mania, passei a caricaturar vários artistas que ouvia e publicava no nosso site. Maria, minha mulher, sugeriu que fizesse um livro e, assim nasceu o 200 Caricaturas de Astros da Música Nacional e Internacional. Livro para quem gosta de música, da arte caricatural e também para aqueles que estão começando a desenhar, pois, cada caricaturado tem seu rascunho, como foi desenhado para que as pessoas possam colorir ou servir de referência para reprodução. A ideia era lançar neste ano de 2020, primeiro faríamos uma exposição virtual, em março no Sebo Balalaika, com todas as caricaturas do livro, uma espécie de “avant-première” para promover o livro e logo após, teríamos o lançamento, mas veio o vírus desorganizando tudo, então decidimos transformá-lo num e-book e colocar em nossa loja virtual, https://blogdobrito.com/loja/, que para nossa boa surpresa vem se mantendo além de nossas expectativas.
Acredita que em 2021 as exposições de artes virtuais serão um híbrido de presenciais com virtuais?
Em 2012, contra os argumentos de várias pessoas do meio artístico, comunicação e publicitário com os quais me relaciono, descrentes de um bom resultado, fiz a primeira exposição virtual de caricaturas, no Salão Nobre da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, com todos os deputados estaduais, federais, senadores e a governadora e o prefeito de Natal, foi sucesso. Desde então, já vi várias exposições e eventos virtuais, creio que será o legado desta pandemia que aliada às tecnologias forçaram uma nova maneira de se comunicar e oferecer arte para pessoas com um potencial de alcançar públicos de números inimagináveis, que certamente, não caberiam em um ambiente de quatro paredes. Imagino que a classe artística, pelas próprias circunstâncias, está em ebulição. Não há dúvida que creio que será bastante fértil, na colheita.
Quais seus projetos para 2021?
Neste ano de 2020, fui convidado pela Secretaria de Cultura de Mossoró, através de Isaura Amélia, pela qual tenho um profundo respeito e admiração por seu trabalho frente a cultura do RN, para participar dos festejos comemorativos de algumas personalidades que tiveram relevância na vida cultural da cidade de Mossoró, onde faria 30 caricaturas com um pequeno perfil de cada um. A exposição seria ancorada em um site, também desenvolvido por nós. Entretanto, tudo acertado, quando fomos amarrar os pontos no edital, vimos que não compensaria – para não dizer um desrespeito – participar, pois, o resultado financeiro era menor que o valor para produzir a exposição, logo desisti. Mas, com todo esse material já pesquisado, organizado, revisado mudei o foco e estamos finalizando um livro com 100 personalidades das artes e cultura do nosso estado, onde pretendemos resgatar algumas figuras que não frequentam as mídias e outras tantos que já foram esquecidas, como também mostrar novos personagens, claro, não será nenhum almanaque, não tem essa pretensão, mas apenas registrar pessoas que conheci, revisitei e fui apresentadas. Então, em 2021, teremos um livro e uma exposição, nos mesmos moldes planejado para o livro 200 Caricaturas de Astros da Música Nacional e Internacional.
Em que a pandemia afetou sua produção e sua visão da vida e da arte?
Como disse antes, no volume não afetou e se afetou foi muito pouco. O que de fato, imprimiu a todos foi um forte impacto psicológico e eu não passei imune e algumas de minhas charges e textos refletiam e exprimem isto. Passei a usar palavras que não usava por respeito a quem se dedicava, como por exemplo “vagabundo”. O dicionário grafa: Vagabundo: quem leva a vida no ócio; indolente, vadio e algumas vezes chamei o presidente Bolsonaro de vagabundo, pois ele o é, e seu histórico baliza isto: 28 anos de parlamento produziu apenas 4 projetos, tendo 2 aprovados, uma média de 1 projeto a cada 7 anos e, além, da própria indignação com suas ações ou falta delas em relação ao povo mais pobre. Hoje, vejo as pessoas falarem em “novo normal”, como se isto fosse uma roupa que você compra e veste para ir uma festa e, não é nada disto. Não existe “novo normal” nem “antigo normal”. Estamos vivendo uma tragédia humana, talvez nunca pensado pelas pessoas comuns, que não estavam e não estão preparadas para entendê-la para poder sobreviver a ela e, ainda por cima, os políticos de forma geral, não colaboraram como vimos na campanha passada. Sem falar do presidente influenciando pessoas falando asnices do tipo “gripezinha”, que não vai tomar vacina. Por isto, não acredito neste “novo normal”, para existir seria preciso uma mudança de comportamento coletivo, mas, o que vimos e vemos são praias cheias e muitas aglomerações nos noticiários com os índices de contaminação e morte subindo. Porém, ouso contradizer o poeta: “navegar é preciso e viver também é preciso. A humanidade vai continuar navegando e sobrevivendo. Sou otimista enraizado. Ah! Sem arte seríamos todos normais, o que seria insuportável.
SpeedArt da caricatura do artista gráfico, cartunista e artista plástico Laércio Eugênio Cavalcante.