Autor: brito_admin

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Sabe com quem está falando?

Outro dia o amigo jornalista Cefas Carvalho, escreveu sobre a infame frase “Você sabe com quem está falando?” e sobre ela podemos andar por várias veredas e talvez, chegaremos ao mesmo porto, sendo ele seguro ou não. O certo, é que podemos versar “a gosto do freguês” sem perde de vista sua vulgar brutalidade. 

O “Você sabe com quem está falando?” É notoriamente uma fala tatuada de cima para baixo, sempre expressada por alguém que se imagina superior, assim se achando por ter dinheiro, posição social, intelectual e quando não, de cútis branca e sem dúvidas vem, quase sempre, enunciada por uma certidão de parentesco com a “casa Grande”.  Que me lembre nestas 61 primaveras nunca fui posto cara a cara com dita cuja. Nesta longa e acidentada jornada feita até o presente, por vezes fui chamado de frouxo, outras de agressivo e quase sempre muitos me têm como paciente, ponderado e conciliador e estes, talvez tenham maior razão. Mas, em nenhum momento me foi dito “Sabe com quem está falando?” e sinceramente, não sei que reação teria, mas certamente, sem o menor medo de errar seria proporcional ou pelos um “grande merda” soaria por entre os dentes: “Quem cala consente os gritos do capitão”. 

Desde cedo dona Geralda – minha mãe – me ensinou a respeitar as pessoas, não pelo posto social, financeiro ou pelos galões sobre os ombros, mas sim, por se tratarem de um seres humanos e como tal deveriam ser tratados. Isto pôs incrustrado forçando-me a nunca “levar desaforo para casa”. Claro, que na juventude afoita, comprei algumas arengas que se mostraram inúteis e estéreis. Hoje, já sexagenário olhando o passando distante com uma lupa, mesmo estas, talvez, tenham fortalecido a argamassa do alicerce que me postei e assim sendo cristalizando minhas posições ante as diversidades e escolhendo as lutas que valeriam à pena ser travadas, não pela vitória fácil, porém, pelo aprendizado ensejado na peleja.

Não consigo entender e menos ainda respeitar qualquer relação onde o “poder” se ponha como premissa. Sim, eu sei, é uma utopia esperar que o poder não seja exercido sempre de cima para baixo e desça para ficar no mesmo prumo, no tête-à-tête. Entretanto, se todos ao invés de baixar a cabeça e lutassem, talvez, quem sabe poderíamos em futuro não tropeçar nesta frase torpe “Você Sabe com quem está falando” ou ainda pior, nesta: “Sim, senhor, estou aqui pra lhe servir”?  Esta última tem igual valor e peso, pois referenda a primeira.

Paulo Freire diz “quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser opressor”. 

Brito e Silva – Cartunista

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Nu

Nu

A chuva passou, os carros passaram e a moça cheia de graça também passa, com a pressa de quem vai a lugar algum ou tem a alma livre de quem nunca chorou seus pecados.

Na verdade, ela desfila na feia calçada da padaria. Se eu entendesse do ramo, diria que é afoita praticante de pilates: pois suas ancas, em bandas, são proporcionais e as pernas bem torneadas lhe oferecem uma bela silhueta, não diria que tem a cintura de pilão, mais sim, semelhante a meu rabugento violão.

Em verdade voz digo, com a devida vênia: que ela poderia ser a minha “Garota de Ipanema” ou musa de qualquer artista esfuziante, assim caminhava num doce balanço em plena Maria Lacerda. Rebolando os quadris de um lado para outro parecendo uma Víbora de Chifre no sol escaldante nas areias do deserto do Saara, sob cobiça de umas, desdém de outras e olhares espichados de outros tantos, ela segue alheia aos pormenores.

Antes de virar a esquina, decidiu conferir seu “estrago” aos “espiões” passantes, por sobre o ombro esquerdo olha para trás. Que coisa horripilante, vi seu rosto e ele estava nu.

Brito e Silva – Cartunista