Autor: brito_admin

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Reorganizando Memórias

Vasculhar meus arquivos com a ilusão de organizá-los cronologicamente é um exercício recorrente. Não que eu não consiga – até organizo – mas, quando termino, estão novamente desorganizados. Segundo uma amiga astróloga, que se apresenta como bisneta de uma cigana indiana, vinda dos Himalaias, lá de Shangri-La, discípula de Omar Cardoso, meu mapa astral revela uma tendência canceriana à organização e ao acolhimento das lembranças.

Como não acredito em nada, mas tampouco duvido da fé dos outros, sigo insistindo nesse penoso ritual. Gosto de revisitar fatos da minha vida. Sei que alguns dirão ser saudosismo e que o importante é viver o presente. A esses, respondo: o bom é ter histórias para lembrar e contar. Não importa se foram boas ou ruins; como canta o RC “o importante é que emoções eu vivi”.  Se você não tem nada para contar, talvez apenas tenha passado pela vida.

Pois muito bem. Mexendo nesses arquivos, encontrei um vídeo da época da TV e Jornal Rio Branco, que causou um verdadeiro reboliço no Acre durante a campanha política para o Senado de 1990. Na ocasião, eu era Diretor de Arte e Cenografia da emissora e fui “convidado” pelo sócio-majoritário, Narciso Mendes, a criar sua campanha. Tentei recusar, argumentando que não tinha experiência com campanhas políticas, mas ele insistiu. Dizia admirar os comerciais e artes que fazíamos para sua empresa, e, no fim, acabei convencido.

A diretora da TV, Nadja Farias, nos deu “carta branca” para o que fosse necessário. O jornalista Renato Severiano correu para sua máquina de escrever Olivetti, e eu, para a prancheta. Juntos, criamos as primeiras peças. Logo de início, causamos impacto. Era algo completamente diferente de tudo o que os outros candidatos veiculavam. Empolgado, decidi ousar e inovar de vez.

Naquela época, os comerciais políticos eram majoritariamente estáticos, feitos com cartelas ou vídeos simples, sem grandes inovações. Numa sexta-feira, esperei o dia inteiro pelo momento em que, finalmente, o programa “Jô Onze e Meia” terminaria. Lá, com o fuso horário de três horas, o programa ia ao ar às 21h30. Assim que acabou, o estúdio e os equipamentos ficaram à nossa disposição. Com Wesley na mesa de corte, Michael Jackson (não o cantor, o cinegrafista) operando duas câmeras e Maria auxiliando na produção, trabalhamos das 23h30 até às 5h da manhã. Com algumas cartolinas finalizamos um projeto ousado.

O sucesso foi imediato. No dia seguinte a veiculação, Naildo Mendes, diretor-geral da TV, veio até mim perplexo:

– Brito, como você fez essa peça? Estão dizendo que trouxemos uma caríssima equipe de publicitários de São Paulo e estão nos acusando Narciso de abuso de poder econômico!

Rindo, expliquei o truque:

– Peguei dois cartazes da campanha e colei cada um numa cartolina. Depois, cruzei duas linhas de nylon formando um “X” atrás de um dos cartazes, colei o segundo por cima e amarrei as pontas das linhas no teto do estúdio. Com as mãos, enrolava as linhas e soltava, fazendo com que os cartazes girassem com duas faces. Enquanto isso, as câmeras filmavam e o editor fazia os cortes. No fim de cada giro, corríamos para o switcher para ver o resultado, conseguimos cinco segundos de um giro sincronizado, resultado de seis exaustivas horas de trabalho.

Esse trabalho simples, mas inovador, nos rendeu manchetes e até apelidos. Passei a dar entrevistas em rádios e jornais, explicando o que chamavam de “ADO de Cozinha” – sendo o nosso improvisado “equipamento”, a combinação de muita paciência a e esforço criativo – na época parecia ter somente o tal A.D.O. a Rede Globo.

Brito e Silva – Cartunista

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Coração paterno

Nossa coluna na Papangu de novembro/2024

A recente indicação da Polícia Federal para que o Capitão Bufão, inelegível e inominável, fosse indiciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) gerou grande alvoroço nas páginas políticas e policiais dos mais importantes jornais e veículos de mídia do país. Porém, aqui na aldeia potiguar, outro fato igualmente perturbador, envolto em crueldade extrema, chocou a todos: o vídeo que circulou na internet mostrando um filho carregando, nas mãos, a cabeça de seu próprio pai, após tê-lo assassinado a golpes de facão.

A cena dantesca, repulsiva e de uma brutalidade inimaginável na vida real, parece algo que somente a ficção – sob a direção de mestres do terror como Alfred Hitchcock, John Carpenter ou Roman Polanski – poderia ser concebida. E, ainda assim, talvez nenhum deles ousasse torná-la tão explícita.

Este ato macabro confronta-nos diretamente com o “monstro do Lago Ness” que habita dentro de cada ser humano, uma face obscura que, felizmente, só se revela a poucos, os quais não se pode chamar esses indivíduos de “privilegiados”, pois encarar tal monstruosidade é algo tão horrível quanto inimaginável. Este terrível acontecimento trouxe à minha memória uma das “minióperas” de Vicente Celestino, que, em suas canções, desnudava toda a fragilidade e a complexidade humanas. A canção Coração Materno é especialmente emblemática:

Coração Materno

Disse um campônio a sua amada
Minha idolatrada, diga o que quer
Por ti vou matar, vou roubar
Embora tristezas me causes, mulher
Provar quero eu que te quero
Venero teus olhos, teu porte, teu ser
Mas diga tua ordem, espero
Por ti não importa, matar ou morrer
E ela disse ao compônio, a brincar
Se é verdade tua louca paixão
Partes já e pra mim vá buscar
De tua mãe inteiro o coração
E a correr o campônio partiu
Como um raio na estrada sumiu
E sua amada qual louca ficou
A chorar na estrada tombou
Chega à choupana o campônio
Encontra a mãezinha ajoelhada a rezar
Rasga-lhe o peito o demônio
Tombando a velhinha aos pés do altar
Tira do peito sangrando da velha mãezinha
O pobre coração e volta a correr proclamando
Vitória, vitória tem minha paixão
Mais em meio da estrada caiu
E na queda uma perna partiu
E a distância saltou-lhe da mão
Sobre a terra, o pobre coração
Nesse instante uma voz ecoou
Magoou-se, pobre filho meu
Vem buscar-me filho, que aqui estou
Vem buscar-me, que ainda sou teu!

Não tenho dúvidas de que, em outro plano, a alma do pai decapitado murmuraria:
“Magoou-se, pobre filho meu? Vem buscar-me, que ainda sou teu.”

Assassinato

O plano para matar o Presidente do Brasil, seu vice e um ministro do Supremo Tribunal Federal, não causou tanta como comoção quanto a prisão da “enfluencer” Deolena, aonde algumas centenas miseráveis débeis mentais se aglutinaram na frente de uma penitenciária gritando o nome da criminosa. Como diz meu xamã lá de Baixa do Chico “há algo de podre do Reino da Dinamarca”.

Podre

Podre, podre sim. O Exército Brasileiro é golpista desde a construção da República, de lá até nossa era foram golpes atrás de golpes, sofremos pelos menos de golpes de estado. E se não fossem alguns generais legalistas, democratas viveríamos em ditadura militar.

Caso Isolado

            Estaremos fazendo parte da equipe do posdcast Caso Isolado, sob o comando do amigo Pedro Chê. Programa que fala de segurança pública de forma séria, com um pouco de ironia e humor, afinal, ninguém é de ferro.

Charge

A charge do Saci fará parte da exposição que estamos desenhando com Ailton Medeiros, diretor da Biblioteca Câmara Cascudo, para realização nos meses de fevereiro/março de 2025 ao lado juntamente com os cartunistas Brum e Joe Bonfim. Os três mosqueteiros de volta!

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Encontro

Por um desses encontros que jamais seriam previstos em qualquer agenda — traçados apenas pelo acaso, com régua e compasso — todas as possibilidades e perspectivas pareciam conspirar para a impossibilidade de sua realização. Ontem, fui encontrar o amigo Pedro Tchê para uma prosa na praça de alimentação do Carrefour. Ao chegar, deparei-me com um carro estacionado e, no volante, uma senhora que ouvia uma música. Sem pedir licença, aquelas ondas sonoras invadiram meus ouvidos, despertando o empoeirado baú das memórias e me transportando permitindo um breve encontro a minha infância já tão distante.


Por alguns instantes preciosos, senti minha alma plena, leve como uma pluma, quase flutuando. As lentes dos meus óculos estavam molhadas, embora não chovesse.
Com nitidez, visualizei minha mãe, dona Geralda, diante da Vitrola ABC Voz de Ouro Isabela V. Vi-a colocar cuidadosamente o disco de Francisco José, ajustar o braço da vitrola e posicioná-lo na segunda faixa. O som do atrito da agulha com o vinil era tão familiar quanto o reflexo do meu próprio rosto no espelho. Sentei-me ali, naquela memória, e ouvi “Canção do Mar”. Logo, fui arrancado desse devaneio pelo toque de um celular. Era a senhora que se sentara ao meu lado, agora ouvindo Gustavo Lima, a realidade dói.


Ao sair, ainda pude ouvir, no carro da senhorinha, os versos de “Canção do Mar”, agora interpretada por Fafá de Belém e Ana Laíns. Ah, aquele instante – de tão breve alegria e tão eterno – certamente, me acompanhará para sempre.


Brito e Silva – Cartunista

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Penso, logo…

A famosa frase “Penso, logo existo”, atribuída ao filósofo francês René Descartes, sempre me pareceu uma das maiores bobagens. Afinal, eu existo muito antes de começar a pensar; o correto seria dizer “Existo, logo penso”. Imerso na minha opulenta ignorância, passei anos ignorando essa reflexão.

Até 1979, vivia tranquilamente, surfando nas ondas da minha total alienação. Foi então que, empurrado por forças cósmicas, cheguei ao jornal Gazeta do Oeste. Aí, a “casa caiu”. De repente, fui bombardeado por milhares de informações diárias. Algumas amplamente divulgadas, outras como liberdade, sindicatos, greves, direitos civis e democracia só podiam ser discutidas em pequenos grupos, em bares ou dentro de casa. Quem ousasse abordar esses temas em público, seja com megafones ou não, corria o risco de levar uma surra da polícia ou, pior, ser preso e desaparecer para nunca mais voltar. Essa foi a realidade de muitos que se opuseram ao regime de exceção. Até hoje, carrego a imagem do meu amigo Crispiniano Neto, ensanguentado, estampando a primeira página do Diário de Natal.

Por pura provocação a mim e a muitos outros desmiolados, Canindé Queiroz – em memória – escrevia sua coluna intitulada “Penso, logo…”. Foi ela que me impulsionou a olhar para o “existir” com mais carinho. Ao abrir essa nova janela, senti um misto de angústia e humanidade, uma certa perplexidade. Percebi que apenas “existir” não era suficiente, ora, até uma ameba existe. A frase de Descartes ganhou um novo significado para mim: ela fala sobre a percepção de que, ao pensar, tomamos consciência da nossa existência e do mundo ao nosso redor, que então se transforma, revelando outra dimensão, outra realidade.

Minha filha, Jade Brito, costuma dizer: “A ignorância é uma bênção”. Recentemente, peguei um Uber e o motorista começou a discutir sobre Elon Musk, defendendo-o fervorosamente e acusando o ministro Alexandre de Moraes de ser um ditador. Concordei apenas para evitar atritos, enquanto Gustavo Lima tocava no rádio. Cheguei ao meu destino angustiado por ele.

Com o tempo, entendi que o povo não busca a verdade; prefere se apegar a ilusões, como quem foge da dura e cruel realidade. Um trabalhador anti-sindical, um negro racista, uma mulher machista, um pobre de direita, um CNPJ-MEI acreditando ser um “Faria Limers” isto, certamente, reflete essa desconexão. A eleição de Paulinho Freire, um bolsonarista declarado, é resultado desse fenômeno, onde as pessoas se distanciam da realidade, rezando para pneus e pedindo ajuda a extraterrestres, enquanto atentam contra a democracia. É triste observar aqueles que, até a última chuva, tiveram suas casas tomadas pelas águas de lagoas de captação que transbordam a cada chuvisco, por falta de manutenção, aos berros comemorando a vitória de Paulinho.

Nesses momentos, sinto uma vontade danada, quase irresistível de dizer: “Penso, logo desisto”. No entanto, como disse Joseph de Maistre, “cada povo tem o governo que merece”.

Salão de Humor de Natal

Em uma reunião virtual entre Natal e França, eu, Joe e Brum discutimos uma nova Exposição de Caricaturas, na Biblioteca Câmara Cascudo. Faltam apenas pequenos detalhes. Teremos como convidado o cartunista português António Moreira e faremos uma homenagem a um cartunista potiguar.

Perdedor

Um cientista político, desses que aparecem na bancada mídia levianamente direitista, afirmou que o grande perdedor das eleições foi Lula. Porém, Bolsonaro não conseguiu eleger nenhum de seus ex-ministros candidatos.

Botafogo

Não sei quem ganhou ou quem passou para a final da Libertadores, mas aqueles 5 a 0 nos costados do Peñarol foram inesquecíveis.

Frase

“Estou muito orgulhosa desse processo que a gente construiu.” — Natália Bonavides.


Caricatura do poeta, músico compositor Climério Ferreira.

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Agora, sou cultura!

Desde a infância e adolescência, sempre fui fascinado pelo desenho. Revistas em quadrinhos como Tex, Super-Homem e Turma da Mônica foram minhas primeiras inspirações. Nas páginas da Veja, observava com curiosidade os traços de Millôr Fernandes. Copiava suas charges, acreditando que poderia “melhorar” aqueles desenhos que, aos meus olhos juvenis, pareciam grosseiros. Eu, certamente, desenhava de forma “mais bonita”.

Naquela época, a estética, a beleza formal, era para mim o ponto mais importante no desenho. Se o traço fosse bonito, sua missão estaria cumprida, capaz de agradar ao olhar do espectador. Contudo, como acontece com muitas certezas que construímos na ignorância, essa visão logo desmoronou. Recordo-me do impacto ao abrir a revista Manchete e encontrar um desenho desconcertante: formas desordenadas, quase caóticas, mas carregadas de significado. Aquela obra era nada menos que Guernica, de Pablo Picasso, uma representação do bombardeio da cidade homônima durante a Guerra Civil Espanhola. Esse contato me fez questionar e reformular minha compreensão da estética. Ali começava uma transformação profunda na minha percepção artística.

Apesar de já ter familiaridade com Millôr, foi no final dos anos 70, quando entrei para o Gazeta do Oeste, que minha autossuficiência começou a ruir. Naquele ambiente jornalístico, compreendi o valor autêntico das charges e caricaturas. As criações de Millôr revelaram-se como formas gráficas de alta sofisticação, carregadas de crítica e ironia, especialmente em tempos sombrios. Foi nesse contexto que Eugênio Ramos, diretor de arte do jornal, me convidou a fazer minha primeira charge. Aceitei, e desde então, nunca mais deixei de produzir charges, cartuns e caricaturas.

Nos anos 80, fui profundamente influenciado por um livro do cartunista cearense Mendez, trazido de São Paulo por Canindé Queiroz. Décadas depois, em 2022, tive a honra de participar com uma caricatura no livro Mendez – Mestre da Caricatura, organizado por Levi Jucá. Além disso, colaborei com o livro Darcy 100 Anos – Caricaturas, do Memorial da América Latina, e com 90 Maluquinhos por Ziraldo, projeto que homenageou os 90 anos de Ziraldo, reunindo 90 cartunistas sob a curadoria de Edra.

Entre as conquistas recentes, estão o Prêmio Vlademir Herzog, que recebi em 2020, um Prêmio de Honra na Argentina em 2018, e uma Menção Honrosa no XXIX Salão Internacional de Humor de Caratinga em 2024. Meu trabalho já percorreu exposições na Europa, Ásia e América Latina. Hoje, com orgulho, sou reconhecido como Manifestação da Cultura Brasileira, conforme a Lei Nº 24/2020. Em uma conversa recente, alguém questionou meu sucesso, apontando a falta do “vil metal”. Ora, sorri e concordei. Afinal, cada um coloca valor no que lhe é mais importante.

Viva Henfil, Ziraldo, Mendez! Viva o cartum brasileiro!

Brito e Silva – Cartunista

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Cid Morera

Nossa singela homenagem a Cid Moreira, jornalista, locutor e narrador que nos deixou neste 3 de outubro. Uma das vozes mais emblemáticas da televisão brasileira, Cid ficou conhecido como o primeiro apresentador do Jornal Nacional, cargo que ocupou por 27 anos, deixando um legado inesquecível no jornalismo do país.

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Lembra-te de que és mortal

Nos anos 80, a Rede Globo exibia, por volta das 23h, uma série americana chamada Shogun, estrelada por Richard Chamberlain no papel de John Blackthorne, um navegador inglês que, em suas aventuras marítimas, acabou desembarcando no Japão feudal. Lá, ele se tornou testemunha ocular das intrigas, traições políticas e transformações sociais que marcaram o Japão do século XVII.

Nessa época, boa parte da redação do jornal Gazeta do Oeste já havia cumprido sua rotina. As laudas de 27 linhas e 70 toques com as notícias mais relevantes do dia provavelmente já estavam sendo impressas na moderna Dominant 714. Os jornalistas, certamente, já tinham assinado o ponto no bar “O Sujeito” ou no Kikão, relaxando com uma “loira geladinha”.

Eu também já havia concluído minhas tarefas, como fazer a Charge do Dia e coordenar o Departamento de Arte e Diagramação. Costumava esperar Socorro finalizar a coluna de Canindé Queiroz, que, assim como eu, estava vidrado na série Shogun. Durante os intervalos, discutíamos as cenas. Em um desses momentos, Canindé comentou: “O que me irrita é a arrogância intelectual, tanto de quem tem conhecimento quanto de quem não tem nenhum.” E completou: “O primeiro, por tentar impor suas ideias a quem pouco pode discernir, em vez de ensinar. O segundo, por achar que já sabe tudo e não querer aprender.”

Essa frase ecoa em minha mente até hoje, como um lembrete constante. Sempre que minha soberba ameaça ultrapassar os limites, lembro-me dos bobos da corte, que eram os únicos permitidos a ridicularizar o rei. Muitas vezes, seus recados iam além do entretenimento, lembrando que o poder é efêmero e que até os reis morrem. Da mesma forma, no Império Romano, quando um general vitorioso entrava em Roma para receber suas honrarias, um escravo, a cada 400 metros, subia na biga e sussurrava em seu ouvido: “Lembra-te de que és mortal.”

Sinto pena, às vezes, de pessoas que não sabem ouvir, que se consideram infalíveis. Quando confrontadas com seus erros, despidos de subterfúgio, insistem em apontar o dedo para o outro, recusando-se a aceitar a própria falibilidade. Às vezes ponho os joelhos sobre milho.

Brito e Silva Cartunista

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Gal

Vendo o novo Sem Censura no Youtube, apresentado por Cissa Guimarães, fazendo um tributo ao Zeca Baleiro e Chico César, sem perceber, ao ouvir Zeca falando do encontro com Gal no palco cantado Vapor Barato/Flor da Pele, quando dei por mim estava desenhado Gal Costa. Viva Gal! Vivas à Música Popular Brasileira.

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Climério Ferreira

O bom e velho Poetinha, Vinícius de Moraes prensou “A vida é feita de encontros…”. Pois bem! Em minhas andanças pelo Youtube cruzei com Fernanda Takai e uma canção que me encantou “Canta Maria”, a qual motivou-me a publicar uma caricatura que havia desenhado anos atrás e, o amigo, músico da melhor cepa, Geraldo Carvalho me falou da parceria dela com Climério, de quem ele também é parceiro – se não me falha a minha sexagenária memória – que tinha visto e gostado.

     Imediatamente, me vi cantarolando “Olha morena se você quiser que eu seja um homem livre pra poder te merecer…”, dos irmãos Clodo, Climério e Clésio, navegando nas ondas da melodia quando dei por mim estava desenhando a caricatura do Climério, espero que ele não se ofenda com a homenagem.

@climerio.ferreira.5 @geraldocarvalhooficial @fernanadataki #musica #mpb #rock #caricatura #cartum #charge #desenho #musicabrasileira

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Eu me amo

Outro dia, cedinho no cantar do galo, isto é, dos pardais, meu irmão De Assis – evangélico – passou um vídeo em que um padre fala que não devemos nos preocupar com quem não gosta da gente. À tarde, depois de dividir com João Miguel – meu neto de 2 anos – algumas tapiocas recheadas com creme de Ricota, as quais degusto como quem se delicia com pão doce untado de manteiga – aquela bem amarelinha – Itacolomy derretendo, lambuzando os dedos acompanhando um “café pingado”, ouvindo Maria dizer sua preocupação com minha saúde: não tem gosto agradável, mas é bom para você.

Finalizando a caricatura do Bozo, para um artigo da jornalista Ana Cadengue, esposa de Túlio Ratto, vejo o Cortella falando do cuidado com as pessoas que nos bajulam, elas não querem nosso bem, pois, quem nos quer bem cuida e diz “face to face” o que não queremos ouvir, mas, o que precisamos ouvir, logo ouvi Oswaldo Montenegro falar não querer que as pessoas que não gostam dele, passem a gostar.

Concordo com os três. É certo, devemos dar ouvidos a quem gosta da gente, não aos aduladores que mais cedo ou mais tarde vão nos apunhalar pelas costas. Oswaldo tem razão, também não quero quem não goste de mim passe a gostar, porque assim se mostra infiel as suas convicções, não gostava, permaneça não gostando. Me serve mais.

Há dois tipos de pessoas que podem, de fato, contribuir a nos manter sabedores de nossa finitude, da arrogância, da santidade de pés de barro, para baixarmos a bola, percebamos a necessidade de mais humildade. Além, do mais quem não gosta da gente, certamente, é muito mais leal, e assim sendo, nos põem em alerta, mostrando-nos defeitos, erros e pecados e assim são imprescindíveis, tal as pessoas que nos têm amor. Não sou do tipo “de hoje em diante só vou gostar de quem gosta de mim”, gosto de quem gosta de mim, se gosta eu gosto, se não gosta, a recíproca é totalmente real. Meu pai – em memória – ensinou-me, não há ninguém mais importante que nós mesmos, pode e existe igual, nunca mais.

Como canta aquela banda de rock “eu me amo, eu me amo, não posso mais viver sem mim”…

Brito e Silva – Cartunista

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Abelhas unidas jamais serão vencidas

Por: Ana Paula Cadengue

Arte: Brito e Silva

Conhecida por viver em colônias, a abelha é um inseto social que tem uma visão privilegiada, com três olhos simples, na parte frontal e dois olhos compostos, na parte lateral da cabeça. Tal conjunto possibilita que ela enxergue em cores e possa perceber predadores em potencial a distância, segundo estudo publicado no periódico Scientific Reports, da Nature, em 2017.

Para quem não sabe muito ou quase nada sobre abelhas, também é importante destacar que as colônias em que elas vivem são ambientes organizados, com tarefas e papeis designados. Assim, existem abelhas-operárias, as abelhas-rainhas e os zangões.

As abelhas-operárias são as mais abundantes em uma colônia e são diferenciadas pela presença de uma estrutura em forma de cesto, onde carrega o pólen, resina ou barro. Elas são responsáveis pela manutenção da colmeia, defesa, cuidado com as crias, limpeza do ninho e alimentação dos integrantes da colônia.

As rainhas têm a função reprodutiva e são capazes de colocar milhares de ovos por dia. Já os zangões são os machos reprodutores, gerados por partenogênese, ou seja, por reprodução assexuada.

Agora que você sabe de tudo isso, não é de estranhar o que aconteceu no Rio Grande do Norte no último dia 17 de agosto quando o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, foi atacado por um enxame de abelhas no município de Macaíba e teve que parar de bostejar. “Nós somos uma grande Nação. Nossas escolhas…”, dizia Jair, ao ser interrompido por nossas colegas operárias.

O locutor do evento até tentou fazer piada ao dizer que o Messias era doce, mas vamos combinar que as new heroínas do pedaço não estavam para brincadeiras. É aquela coisa, operariado organizado, liderado por mulheres e vivendo em comunas não vai deixar certo tipo de gente se criar, né mores?

Quanto ao périplo ex-presidencial pelo estado parece que só foi bom para fotos em quinas de rua e não acrescentaram nada nos intentos eleitoreiros da súcia, pelo que retratam pesquisas. 

Alertas, as abelhas sabem que a luta continua. Bzz, bzzz, bzzz.

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Ivanaldo Xavier

vanaldo Xavier, formado em Comunicação Social na UFRN, com habilitação em Jornalismo. Começou a atuação no Jornal A República onde trabalhou 6 anos, até que o Governo resolveu fechar A República faltando um ano para o jornal completar 100 anos, justamente quando fez um movimento para que o Governador Geraldo Melo escolhesse um servidor do jornal para presidir a empresa editora do jornal A República que resultou na escolha do colega jornalista Walter Medeiros. Naquele ano foi convidado, simultaneamente, para integrar a equipe de comunicação do Governador ou para criar a Assessoria de Comunicação (ASCOM) da UERN, desafio aceito, foi trabalhar em Mossoró, onde também atuou como correspondente do Diário de Natal e, em seguida, da Tribuna do Norte.

Na UERN, fez especialização em Meio Ambiente e em seguida o Mestrado na mesma área, tendo trabalhado 9 anos na área de comunicação, sendo convidado a integrar a equipe do CEMAD, que era o Centro de Estudos e Pesquisas do Meio Ambiente da Instituição. Em 2015, retornou para a ASCON, a convite do então Reitor, Prof. Pedro Fernandes, cujo setor teve o nome mudado para AGECOM – Agência de Comunicação, onde se aposentou em 2016, após 30 anos de dedicação à UERN e 38 anos de atuação como jornalista e desenhista publicitário.
Essa caricatura, terá um lugar de destaque no seu terceiro livro onde narra os muitos causos vivenciados enquanto profissional da comunicação.

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Sem anistia para essa gente medonha.


Tenho Zeus e seus auxiliares por testemunhas do meu esforço pagando meu dízimo, meu quinhão para poder a cada dia, me tornar uma pessoa melhor que ontem, entretanto as tentações batem a soleira da porta ao seu bel prazer e, não me digam que é fácil resistir ao canto da sereia. Deus sabe que é difícil vencer Satã só com orações, só quem tentou sabe como dói – diz João Bosco -.

Todas as noites ao tentar um colóquio ameno com meu travesseiro a me conceder uma melhor posição para poder desfrutar o sono dos justos, daqueles sem pecados, e ali com Maria fazer um trisal convidando Morfeu ao nosso leito. Qual o quê? Logo a infalível, rabugenta e impiedosa consciência vem aquinhoar sua parte, sem argumento me rendo aos seus pés a pedir um pouco mais de crédito, sem piedade não dá ouvidos e, assim pago, referendando minha total escravidão. Depois de horas relembrando o dia, pontuando onde fui melhor que ontem, percebendo que é inútil fugir a realidade, viro e durmo, certo que, como Sísifo, o dia de amanhã me espera.

Ao alvorece, no Hora 1, a fumaça impede de uma leitura das imagens com exatidão e, um texto do apresentador diz da prisão de suspeitos acusados de pôr fogo propositadamente e, assumindo o crime por motivações políticas. Um belo cardápio para aguçar as suspeitas sobre aquele grupo político, atropelando Lucas 6:37 que expressa “Não julgueis, e não sereis julgado; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão”. Ora, como não julgar se os antecedentes, a vida pregressa o coloca na cena do crime? Como não condenar se as provas são irrefutáveis e contundentes? Soltar? Não! Não devemos soltar, não devemos conceder anistia a extremista assassino.

Foi ele sim, foi ele quem incêndio e atiçou o ódio no país, o obscurantismo, negacionismo, a não vacina, hoje já morrem crianças por causa da Coqueluche – doença facilmente evitada com a vacina – esse fogaréu tem a gênesis dessa gente medonha negacionista. Prisão a essa horda obtusamente criminosa de alma apodrecida, fétida facção de malfeitores.

Brito e Silva – Cartunista

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